quinta-feira, 7 de novembro de 2013

IMAGENS DO FILME "QUANTO VALE OU É POR QUILO?"




Cortiços: o mercado habitacional de exploração da pobreza

Num estudo de 1998 [1] sobre o rendimento obtido nas locações e sublocações de cortiços localizados no bairro da Luz (aqui delimitado pela avenida Tiradentes, rua Mauá e avenida do Estado), pôde-se verificar a grande exploração que se dá no mercado de locação de cortiços, confirmando informações de outras pesquisas que demonstravam que paga-se caro para morar muito mal. Nesse perímetro, foram encontrados 92 imóveis utilizados como cortiços, onde residiam 765 famílias, com o valor médio de locação de R$ 13,2 por m2, valor que representava mais que o dobro que o de moradias unifamiliares com boas condições de habitabilidade localizadas no Centro.

Foi verificado que enquanto no mercado formal o valor mensal do aluguel representava cerca de 0,8% do valor do imóvel, nos cortiços pesquisados o explorador chegava a arrecadar mensalmente até 3,25% do valor do imóvel. O mais grave é que o percentual do rendimento crescia quanto maior fosse a precariedade do cortiço.

Em 2012, passados 14 anos, nova pesquisa [2] na mesma área com os 92 cortiços pesquisados em 1998 verificou que 44 imóveis (48%) deixaram de ser utilizados como cortiços e 48 imóveis (52%) mantiveram esse uso. Além desses, mais 56 imóveis passaram a ser utilizados como cortiços, totalizando 104 cortiços na área, um aumento de 13% em relação a 1998. Verificou-se também um maior adensamento: o número de famílias passou de 765 para 995, um crescimento de 30%. Esse resultado pode ser indicativo de um dos motivos que justifica o crescimento positivo dos distritos centrais, conforme o Censo IBGE 2010, que desde a década de 1980 vinham apresentando taxa negativa de crescimento.

Outros aspectos bastante relevantes encontrados na pesquisa atual são: crescimento da escolarização dos moradores, grande número de famílias de origens paraguaia e boliviana e altos valores cobrados na locação das moradias. É interessante observar que, por causa da irregularidade da documentação dos estrangeiros, o valor da locação é maior para os bolivianos e mais alto ainda para os paraguaios; algumas famílias estrangeiras pagam R$ 700 por pequenos cubículos. Se levarmos em conta o metro quadrado, concluímos que o valor da locação de moradia em cortiços, que em média possuem 12 m², continua sendo o mais alto da cidade de São Paulo.

Vale destacar um aspecto relevante apontado pela pesquisa de 2009 [3]: os resultados escolares apontaram que as crianças moradoras em cortiços possuíam quatro vezes mais chances de serem reprovadas quando comparadas com outros alunos da mesma série. A falta de espaço para dormir adequadamente, a insalubridade das moradias sem janelas, a rotatividade habitacional e a porta de entrada sempre aberta atingem diretamente o desempenho escolar das crianças. Ficou evidente que as condições precárias da moradia eram fatores de limitação para os estudos e geradoras de discriminação e segregação social e, consequentemente, de evasão escolar.

Um aspecto fundamental a ser apontado é que os trabalhadores de baixa renda tornam-se reféns dos exploradores de cortiços na medida em que buscam locais mais favoráveis ao trabalho ou próximos dos benefícios produzidos pela cidade.

Por outro lado, os moradores de cortiços tornaram-se importantes atores sociais quando formaram movimentos para reivindicar o direito à moradia digna no centro da cidade e, principalmente, quando utilizaram a estratégia de ocupar edifícios vazios. Isso porque denunciam a falta de política de habitação de interesse social para as áreas centrais da cidade e expõem as contradições do setor imobiliário, que deixa os imóveis abandonados sem função social aguardando valorização.

Apesar da luta e mobilização empreendidas nos últimos 20 anos, pode-se afirmar que as inúmeras expressões da precariedade das moradias, o comprometimento de grande parcela da renda e a segregação social que sofrem seus moradores são fatores que fazem com que os cortiços sejam um fator para reprodução da pobreza e ampliação da desigualdade social.

[1] KOHARA, Luiz Tokuzi. Rendimentos obtidos na locação e sublocação de cortiços: estudo de casos na área central da cidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. São Paulo: EP USP, 1999.

[2] Pesquisa de Pós-Doutorado FAU/FAPESP de Luiz T. Kohara (em andamento).

[3] KOHARA, Luiz Tokuzi. Relação entre as condições da moradia e o desempenho escolar: estudo com crianças residentes em cortiços. Tese de doutorado. São Paulo: FAU-USP, 2009.

(*) Luiz Kohara é membro do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, engenheiro-urbanista e pós-doutorando FAU/FAPESP.



Texto de Luiz Kohara - http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/Corticos-o-mercado-habitacional-de-exploracao-da-pobreza%0d%0a/5/25899

ATIVIDADE SOBRE A MÚSICA INCLASSIFICÁVEIS DE ARNALDO ANTUNES

Inclassificáveis
(Arnaldo Antunes)

"Que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?

que preto branco índio o quê?
branco índio preto o quê?
índio preto branco o quê?

aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos mamelucos sararás
crilouros guaranisseis e judárabes

orientupis orientupis
ameriquítalos luso nipo caboclos
orientupis orientupis
iberibárbaros indo ciganagôs

somos o que somos
inclassificáveis

não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,

não há sol a sós

aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos tapuias tupinamboclos
americarataís yorubárbaros

somos o que somos
inclassificáveis

que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?

não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,
não tem cor, tem cores,
não há sol a sós

egipciganos tupinamboclos
yorubárbaros carataís
caribocarijós orientapuias
mamemulatos tropicaburés
chibarrosados mesticigenados
oxigenados debaixo do sol"

Questões relativa a musica:

  • Quais são os instrumentos você ouve durante a música?

  • Após analisar a letra da música, responda: Por que somos inclassificavéis?

  • Relacione a ideia principal desta música à necessidade da valorização da cultura indígena na sociedade brasileira.

Responda nas linhas abaixo:

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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

QUANTO VALE OU É POR QUILO: QUANDO A MISÉRIA DÁ LUCRO

Novo filme de Sérgio Bianchi dispara contra corrupção das ONG´s, mas também contra



Há cinco anos, com o filme “Cronicamente inviável”, o diretor Sérgio Bianchi disparou sua metralhadora giratória contra as muitas mazelas da sociedade brasileira: da hipocrisia da classe média ao tráfico de órgãos humanos. Agora, com “Quanto vale ou é por quilo”, a história não é muito diferente. São poucas as instituições da sociedade brasileira que saem ilesas do filme, mas são as “Organizações Não-Governamentais”, as ONG’s, que são mortalmente feridas pelo filme de Bianchi.

Tendo como ponto de partida o conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis, e traçando paralelos entre histórias reais (retiradas do Arquivo Nacional), envolvendo os desmandos e abusos que marcavam as relações entre senhores e escravos, por volta de 1790, e o dia-a-dia de uma empresa patrocinadora de projetos como “Informática na Periferia”, “Sorriso de Criança” e “Projeto Alegria”, o filme de Bianchi descortina o quanto de corrupção e falcatruas existe nesse setor que, nas palavras de um personagem, vive de “faturar em cima da permanência da miséria”.

Um setor que, também segundo dados apresentados no filme, é composto por mais de 20 mil entidades que movimentam nada menos do que U$ 100 milhões por ano.

Dieta na consciência
É inegável que dentre as milhares de organizações (que, diga-se de passagem, surgiram e se proliferam devido à total ausência do Estado na área social) e os milhões de funcionários e voluntários que elas empregam, há gente e entidades honestas, mas também é impossível negar que muitos são aqueles que se utilizam de ONG’s para obter altos lucros, desviar verbas públicas, lavar dinheiro sujo ou acobertar negócios escusos. 

Tudo isso é escancarado no filme, com também algumas tantas outras facetas não menos asquerosas de toda essa história: desde a “disputa”, entre diferentes entidades, pelos miseráveis até a relação que gente endinheirada mantém com entidades filantrópicas. Particularmente no que se refere a esse ponto, o filme é de um sarcasmo brilhante ao mostrar como muita gente faz do assistencialismo uma forma de expiar suas culpas e promover uma “dieta na consciência”, como afirma uma “perua com consciência social”, que aparece no filme.

A liberdade de consumir
Apesar de estarem no centro da história, as ONG’s não são as únicas atingidas por “Quanto vale ou é por quilo”. Sobram disparos para praticamente todas as instituições da democracia burguesa. Uma sociedade que é brilhantemente definida pelo personagem de Lázaro Ramos, um bandido extremamente bem-articulado: “a liberdade de consumir é a única e verdadeira funcionabilidade da democracia”.

Todo resto é uma farsa ou pura maquinação que se volta contra o povo, seja com a escravidão nos séculos passados, seja pela manutenção de um exército de miseráveis, hoje presos às correntes da “modernidade”: a fome, o desemprego, a falta de acesso a quase tudo. Uma situação que transforma a população mais carente em meras peças num jogo que envolve entidades desonestas, órgãos governamentais e empresas, que descobriram que é sempre possível lucrar com a miséria.

No filme, a enorme rede de falcatruas surge em uma excelente cena no Teatro Municipal de São Paulo, onde se realiza uma “festa solidária” para homenagear os que se destacaram no setor. Entre um gole de champanhe e uma beliscada no canapé de caviar, “ongueiros” e seus parceiros discutem como se beneficiar das Parcerias Público-Privada, o inflacionamento do valor das propinas pagas aos órgãos públicos e a lucratividade do setor. 

Também nessa festa, o personagem de Caco Ciocler, um dos donos da entidade, aproveita para contratar o assassinato de uma líder comunitária que está ameaçando seus interesses. Enquanto isso, mais uma vez, o “povo” é engambelado. 

A total falta de perspectiva
Como geralmente acontece nos filmes de Sérgio Bianchi, o povo surge vitimado pela total falta de perspectivas, “escravos sem dono”, encurralados pelo Estado ausente, o assistencialismo corrupto e a violência por todos os lados.

Uma violência apresentada de forma excepcional. Traçando um paralelo entre os negros capitães do mato que capturavam escravos fugitivos (num episódio baseado no conto de Machado de Assis) e os matadores de aluguel que, hoje, fazem o serviço sujo para a burguesia e os órgãos de repressão, eliminando gente “rebelde” ou chacinando jovens na periferia, Bianchi ainda lança um disparo certeiro contra a polícia e suas práticas assassinas.

Permeado por cenas fortes e bem-construídas, e com uma excelente trilha sonora, “Quanto vale” é, certamente, uma agradável exceção em meio à mesmice das produções hollywoodianas e a infinidade de bobagens descartáveis que invadem as telas de cinema país afora. Apesar do característico ceticismo do diretor, o filme é uma denúncia contundente do capitalismo e suas mazelas.

Aliás, no filme, a quase total falta de perspectiva dos personagens pobres é, de certa forma, amenizada pela personagem Arminda, que denuncia o superfaturamento de um dos projetos. Dela surge, a princípio, alguma possibilidade de resistência e luta. Contudo, é o “bandido consciente” de Lázaro Ramos que Bianchi usa em uma impagável comparação para transmitir seu hilário cinismo, ao estabelecer semelhanças entre os seqüestros e os métodos de “captação de recursos” e “redistribuição de renda” praticados pelas ONG’s. Trata-se de um comentário que torna ainda mais impactante os “dois finais apresentados no filme. 



UM DEBATE SOBRE A POBREZA

A minha coluna que está hoje na revista Amanhã, encartada no jornal O Globo:

Anoitece no Camboja. Numa aldeia muito pobre, num barraco improvisado de madeira, o menino Pisey, de 12 anos, ajuda sua irmã de 5 a se banhar com uma pequena lata de banha. A mãe Neang, uma mulher de 36 anos, aidética e grávida, precisou deixar sozinhas as duas crianças para ir ao médico usando uma espécie de mototaxi. Antes de sair, pediu ao filho que cuidasse da menina e prometeu trazer um doce. A pequena chorou e foi consolada carinhosamente pelo irmão. Pisey não está na escola porque precisa catar lixo para a família sobreviver, já que o pai, que vivia arranjando amantes e batendo em sua mãe, abandonou a família. Pisey conta isso chorando, com um olhar adulto. Naquele dia, Neang voltaria mais tarde. Dias depois, internou-se de vez para ter outra filha, LyLy, que morreu com dois meses de causa ignorada. No Camboja, a expectativa de vida é de 65 anos e uma criança, quando nasce, tem mais chance de ser desnutrida do que de frequentar a escola. Neang e Pisey são dois personagens do documentário “Bem-vindo ao Mundo” que o Canal Futura vai apresentar na segunda-feira, dia 26, às 21h30m. E faz parte de um megaprojeto chamado “Por que pobreza? (Why poverty?), da ONG internacional Steps International. Este é o segundo filme da série, que começa no dia 25, domingo, com a animação “A História da Pobreza”.

“Bem-vindo ao Mundo” tem cenas bem fortes. É difícil ver crianças serem tiradas mortas das barrigas de mulheres semimortas ou assistir a dor de mulheres que chegam aos hospitais, dias depois de entrarem em trabalho de parto, já com o útero em frangalhos e com morte iminente. Mas, mais difícil ainda, é tentar responder à pergunta-chave: “Por que pobreza?”. A ideia dos documentários é justamente tentar fornecer subsídios para essa reflexão. Na série de entrevistas que vão permeando as imagens, surge uma dica indiscutível: dinheiro tem, o que falta é distribuí-lo.

Dados recentes dão conta de que 130 milhões de bebês nascem a cada ano mas, dependendo do lugar onde nascem, a criança já pode se considerar vitoriosa ou semimorta. “Eu terei muitos filhos porque sou pobre. Talvez um deles se torne alguém importante e me tire da pobreza”, diz uma personagem. Essa imobilidade social lembra o sistema feudal dos séculos X a XII, quando as pessoas nascidas numa família viravam posse de senhores e nunca mais conseguiam sair dessa situação. É uma realidade com a qual precisamos conviver hoje, na era globalizada. E está, assim, aceito o desafio proposto pelo programa de documentários que termina em dezembro: fazer refletir.

“Bem-vindo ao Mundo” mostra histórias sofridas de mães em três lugares: Serra Leoa, na África; Camboja, na Indochina e Estados Unidos. Sim, a maior potência do planeta está em apuros com relação à sua crescente taxa de mortalidade materna e ao número de crianças desabrigadas em seu território: 1,6 milhões, segundo dados mais recentes. A mãe americana do filme se chama Starr, tem outros três filhos e atualmente é uma sem teto porque perdeu a casa na crise de 2008. Já perto de dar à luz, ela e o marido procuram ajuda no centro que faz Pré-natal para mulheres desabrigadas. Com as sacolas de plástico cheias de roupinhas e fraldas, os dois andam pelas ruas de cabeça erguida: “Nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo, mas aconteceu”. Há 22 anos, diz a diretora do Centro, Marta Ryan, eram 72 mulheres atendidas por ano e hoje são mais de 500.

Em termos de mortalidade infantil, segundo o documentário, o melhor país para se nascer é Cingapura e o pior é Serra Leoa. A personagem africana, Hawa, mora numa aldeia chamada Bengie e tem 25 anos. A parteira da aldeia se queixa porque o governo decidiu terminar com os partos feitos em casa e parou de mandar suprimentos ao local. Mas sempre é possível driblar o comando e foi o que a parteira fez. O filho de Hawa nasceu em suas mãos, saudável, e assim começou sua luta pela sobrevivência. Michael, nome dado ao menino, tem sobre os ombros uma forte desvantagem: em seu continente, 82 a cada mil bebês morrem antes de completar 1 ano. Na Europa, essa relação é de 6 para cada mil.

Por sorte conseguimos ampliar no mundo o acesso a este tipo de documentário, que recomendo fortemente. É informação in natura.


Amélia Gonzalez (http://oglobo.globo.com/blogs/razaosocial/posts/2012/11/20/um-debate-sobre-pobreza-475658.asp)


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

ATIVIDADE DE SOCIOLOGIA 1º ANO (COLÉGIO RESENDE/CEPBN)


Atividade de Sociologia

Baseado nas últimas aulas e no vídeo que assistimos sobre a cultura indígena, respondam:
1.    Da cultura indígena brasileira observada o que mais de causou desconforto? Argumente.
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2.    Por que a cultura indígena pode ser considerada uma cultura pura?
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3.    O documentário baseado na obra do antropólogo Darcy Ribeiro nos coloca diante da possibilidade de pensar que existem formas diversas de ver o mundo e demonstra que é possível conviver com as diferenças e não se deve definir uma cultura como superior às outras. O que você pensa sobre isso? Dê seus argumentos.

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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

PROBLEMAS SOCIAIS DEFINIDOS PELOS PARTIDOS - PROJETO A VOZ DOS ESTUDANTES


PARTIDO ROXO 

ANDRESSA S.
ANDRIELLY
BRUNA MENEZES
DOUGLAS FERREIRA
FRANCINE NOGUEIRA

PROBLEMAS SOCIAIS:
TRANSPORTE PÚBLICO – SUPERLOTAÇÃO, MELHORIA NO OFERECIMENTO DE SERVIÇO (AUMENTO DE FROTA)
HOSPITAIS – VALORIZAÇÃO E MELHORIA DOS HOSPITAIS MUNICIPAIS
SANEAMENTO BÁSICO – TUDO
LIMPEZA DAS RUAS – LIXO EM EXCESSO
TRANSPARÊNCIA POLITICA – PRESTAÇÃO DE CONTAS

PDE – PARTIDO DEMOCRATA ESTUDANTIL 

ADEMIR SOARES
GABRIEL LEAL
LUANA OLIVEIRA
LUCAS DE SOUZA
THOMAS RODRIGUES

PROBLEMAS SOCIAIS:
HORÁRIO DE ENTRADA E SAÍDA;
CONDIÇÕES DE ESTUDO EM SALA DE AULA;
HIGIENE (LIMPEZA E INFRAESTRUTURA EM GERAL);
VERBAS (DIREITO DE CONHECIMENTO DE QUANTO ENTRA, SAI E ONDE SÃO        INVESTIDAS)
PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS NAS DECISÕES DA ESCOLA.

PARTIDO PAZ E AMOR

IGOR
WISLAYNE
KELLY
PAULO EDUARDO
BRUNA CAMPOS

PROBLEMAS SOCIAIS:
TRÂNSITO
SEGURANÇA PÚBLICA
EDUCAÇÃO
SAÚDE
POLUIÇÃO

PARTIDO REVOLUCIONÁRIO UTÓPICO

THIAGO NUNES
LORRAINE DOS SANTOS
DAVID ALLAN
ANA PAULA

PROBLEMAS SOCIAIS:
LIXO NA BEIRA DO RIO PARAÍBA
POLUIÇÃO VISUAL (LIXO ELEITORAL)
MONOPÓLIO SÃO MIGUEL (TRANSPORTE)
FALTA DE PROFESSORES
FALTA DE FACULDADES

PARTIDO NINGUEM ESTUDA GANHANDO ORDEM – PARTIDO NEGO

ALICE
ANNA PAULA
CAMILA
SAMANTHA

PROBLEMAS SOCIAIS: 
 COTAS
PRECONCEITO CONTRA ESTUDANTES
SEPRAÇÃO DE CLASSE SOCIAL

RESTRIÇÃO DE DIREITOS 

COMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO A VOZ DOS ESTUDANTES

Desenvolvimento:

1º etapa:
Definição do nome do partido e os seus integrantes
Definição dos 05 problemas sociais relacionados a ausência da democracia no munícipio ou na escola.

2º etapa:
Definição das 05 soluções dos problemas elencados.
Transformar as 05 soluções em Projetos de Lei
Elaboração dePropaganda eleitoral (vídeo)   

Ex de Projeto de Lei:
Título (a critério do partido);
Objetivo (Serve para quê ou para quem?)
Proposta (Ideia de solução propriamente dita)
Descrição (O que deve ser feito para a lei ser cumprida)
Autores

3º etapa:
Apresentação dos partidos (ideias de mudança/projetos de lei) – 10 minutos
Marketing(propaganda eleitoral) – 1 minuto
Simulação de eleição (Fazer cédulas)

4º etapa:

Encaminhamento dos Projetos de Lei mais votados nas Audiências Públicas na Camara de Resende

terça-feira, 27 de agosto de 2013

PROJETO A VOZ DOS ESTUDANTES


Justificativa

O jovem como sujeito social tem a possibilidade de criar intervenção crítica e ter responsabilidade social, contudo é negado a juventude, através de visões preconceituosas e estigmatizadas, a sua participação social e a sua emancipação pessoal e coletiva.
Costumamos vê-los como seres apáticos, sem nenhum tipo de ação política em relação a gerações passadas. Acreditamos na lógica mercantilizada do modelo capitalista, que individualiza e desumaniza e sepulta todas as iniciativas de participação e transformação social a partir do olhar da juventude.
O projeto “A voz ativa dos estudantes” tem a proposta de contrariar os paradigmas da apatia juvenil e o desinteresse político através de ações que conscientize e dê condições dos jovens colocarem em prática a sua “voz ativa”, entendendo que isso é uma forma de vivenciar seu “modus politicus”, a possibilidade deste participar de forma efetiva e emancipadora.
Embasados nos direitos humanos e nos princípios que regula o exercício da cidadania, acreditamos que este aspecto pode começar dentro dos bancos escolares, dando condições dos alunos reivindicarem seus direitos e terem condições de cumprir os seus deveres.
Assim, a relação sociedade-educação se torna relevante para a socialização do processo eleitoral e da democracia.

Objetivo geral

  • Conscientizar os alunos sobre a importância da participação política e do exercício da cidadania, inserindo-os na estrutura do processo político escolar.

Objetivos específicos

  • Integrar os alunos nos problemas dos jovens elitizados e marginalizados, respeitando os elementos culturais da sua própria comunidade;
  • Desenvolver meios que favoreçam a inclusão dos alunos na cultura da paz: respeito mutuo, tolerância, solidariedade, participação, compreensão e diversidade;
  • Apoiar as iniciativas dos alunos incluindo as de tipo informal, principalmente no âmbito sócio-político;
  • Motivar à participação dos alunos na utilização das novas tecnologias, fomentando ações de teor político;
  • Promover a vida associativa (participação dos jovens) em todos os setores da vida social, principalmente as que digam respeito a participação política;
  • Aproximar as políticas da juventude dos alunos dando condições dos mesmos darem uma resposta global aos reais problemas dos jovens: políticos, sociais e econômicos;

Público alvo: Alunos do 3° ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Pedro Braile Neto

Metodologia

Inicialmente será feito exposições de ideias e debates à respeito da Escola (Educação pública e/ou privada)onde cada grupo terá a perspectiva de um partido fictício. Problemas e soluções serão elencados com o intuito de construir um “saber pensar político”. Destarte, uma simulação eleitoral entre as turmas e entre os outros alunos do CEPBN, este feito de forma virtual (blog) fará parte do processo de desinibição dos seus constructos. Campanha com direito a panfletos e cartazes fará também parte do processo, tendo como resultado a publicização das propostas de cada partido e a participação dos seus representantes na Câmara de Vereadores de Resende, num espaço dedicado ao público denominado Tribuna Livre.
Um relatório de ideias e propostas será entregue ao corpo diretor afim de amostragem e análise e aos vereadores de Resende, afim de concretizar a “voz ativa” dos estudantes.

Duração: 3° Bimestre do ano letivo de 2013.

Ação interna: Votação virtual com distribuição de panfletos, brindes, santinhos etc.
Ação externa: Visitação e participação dos alunos à Câmara de Vereadores de Resende (Tribuna Livre).

Desenvolvimento:

1º etapa:
Definição do nome do partido e os seus integrantes
Definição dos 05 problemas sociais relacionados a ausência da democracia no munícipio ou na escola.

2º etapa:
Definição das 05 soluções para os problemas elencados.
Transformar as 05 soluções em Projetos de Lei
Propaganda eleitoral (vídeo)

3º etapa:
Apresentação dos partidos e marketing(propaganda eleitoral) – 10 minutos
Simulação de eleição (Fazer cédulas)

4º etapa:
Encaminhamento dos Projetos de Lei mais votados nas Audiências Públicas na Camara de Resende

Recursos Humanos

  • Alunos;
  • Professores;
  • Diretores;
  • Supervisores;
  • Coordenadores.

Avaliação

A avaliação será feita mediante todo o processo de participação e envolvimento do aluno da etapa, levando em consideração as suas iniciativas informais.
O processo de construção de cidadania coloca o homem num patamar político e social diferente dos demais, devido o exercício da consciência viva. Elemento essencial para um olhar diferenciado da vida, o entendimento da importância do protagonismo juvenil, pode possibilitar ações e soluções comunitárias, iniciativas necessárias para um progresso social.

Se ao final tivermos um jovem empolgado com o conhecimento adquirido, possibilitando-o uma alternativa de vida diferente das drogas e da ociosidade mental e física, teremos alcançado o nosso objetivo. O projeto “A voz ativa dos estudantes” deixará de ser apenas um ponto de encontro, um lugar estático, ganhará movimento, dando condições do CEPBN, enquanto instituição escolar alcançar novos desafios.




Rudolf Rotchild Costa Cavalcante
Professor de Sociologia do Ensino Médio do CEPBN

domingo, 11 de agosto de 2013

VÍDEO SOBRE MATRIZ AFRO

Matriz Afro de Darcy Ribeiro

VÍDEO SOBRE A MATRIZ LUSA

Matriz Lusa da Darcy Ribeiro

VÍDEO SOBRE MATRIZ TUPI



INFOGRÁFICO SOBRE REALIDADE INDÍGENA NO BRASIL



PROSTESTOS E VIOLÊNCIA: CONTRA OU FAVOR?

Texto 1: Cardozo considera inaceitável violência policial contra manifestantes em São Paulo

Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje (14) que viu excessos na ação da Polícia Militar (PM) paulista contra os manifestantes que pediam a redução da tarifa de transporte público, na noite de ontem (13).
Na noite de ontem nós tivemos uma manifestação que nós não podemos aceitar. Para mim, do que vi de imagens, do que recebi de informações, houve, sim, situações de violência policial que eu considero também inaceitáveis”, disse. “Espero que, efetivamente comprovada esta ocorrência de abusos, se aplique com rigor as penas da lei, porque nós não podemos aceitar a violência policial em um Estado democrático como este em que nós vivemos”, complementou. Cardozo defendeu a apuração do ocorrido.
Na opinião do ministro, o Estado deve garantir o direito à livre manifestação, desde que não haja vandalismo e depredação do patrimônio público ou privado. “Nós temos que reconhecer sempre o direito de livre manifestação. Está garantida na Constituição, e é uma conquista do Estado brasileiro. Nós temos que ter a liberdade de expressar as nossas opiniões, a liberdade de manifestar, mas que as manifestações não podem ser marcadas por violência, por vandalismo, porque aí há uma infração a lei”, declarou.
Cardozo disse ainda que o governo federal poderia auxiliar o governo de São Paulo com serviços de inteligência e a participação de Força Nacional de Segurança (FNS), que, segundo ele, atuaria na mediação e pacificação dos confrontos. “Podemos auxiliar na questão dos serviços de inteligência e podemos ajudar na mediação do conflito. A Força Nacional tem uma expertise indiscutível para atuação nesses casos de distúrbios civis”, disse. “Mas para isto o estado [de São Paulo] tem que desejar”, ressaltou.
A ação da PM também foi condenada hoje pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), que divulgou notadizendo que há evidências de que "a ação policial extrapolou o rigor cabível em ações voltadas à manutenção da ordem". A nota considera que "é inaceitável a prisão de repórteres e a brutalidade empregada pelas forças policiais contra jornalistas", destaca o documento assinado pelo vice-presidente da associação, Francisco Mesquita Neto.
A manifestação de ontem, em São Paulo, foi a quarta desde o dia 6. O protesto terminou com 232 pessoas detidas e várias pessoas feridas, entre elas jornalistas.
 Edição: Aécio Amado
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Texto 2: Alckmin defende ação da polícia no protesto contra aumento de passagem em SP

Flávia AlbuquerqueRepórter da Agência Brasil
São Paulo – O governador Geraldo Alckmin defendeu hoje (14), durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, a ação da Polícia Militar ontem, para conter um protesto contra o aumento das passagem do transporte público na capital paulista. Alckmin disse que a polícia sempre trabalha para proteger os manifestantes.
O governador declarou que o que foi visto ontem foram “atos de vandalismo e violência, deixando rastros de destruição”. Ele disse ainda que o que está ocorrendo é um movimento político. O governador citou como exemplo Santos, cidade onde não houve reajuste no valor das passagens, mas que também teve manifestação. “O que caracteriza um movimento político”, ressaltou.
O protesto, que reuniu 5 mil pessoas segundo a Polícia Militar (PM), foi o quarto desde o dia 6. Em todas as manifestações houve confronto com a polícia e depredações por parte dos manifestantes. A força tática usou bombas de gás e balas de borracha. De acordo com a Polícia Civil, 232 pessoas foram detidas e desse total quatro pessoas permanecem presas e foram transferidas para um Centro de Detenção Provisória.
Alckmin informou também que as corregedorias vão apurar qualquer abuso que tenha sido cometido pela polícia no protesto de ontem na capital.
Edição: Denise Griesinger

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ENTREVISTA SOBRE OS PROTESTOS NO BRASIL

Junho de 2013 não acabou”

Para o filósofo Marcos Nobre, a juventude foi vanguarda ao buscar novas de protesto e, ao questionar o sistema político, irá ajudar na mudança do cenário, inclusive partidário

Por Flávia Rodrigues — publicado na edição 78, de agosto de 2013
O professor de filosofia política Marcos Nobre, 48, assistiu às manifestações populares de junho no Brasil como uma “erupção democrática” surpreendente pela qual, paradoxalmente, ele esperava há muito tempo.

Para o pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), não há dúvidas de que as “revoltas de junho” - termo que prefere - foram uma resposta da sociedade a um sistema político amorfo, sem forças reais de situação ou oposição, incapaz de responder às demandas de representação e de mudança no Brasil.  Não à toa, ele diz, um dos motes dos protestos foi a rejeição dos partidos.

A tese de Nobre se baseia em sua leitura da transição política brasileira pós-redemocratização, de 1979 para cá. Do grande “acordão” feito para chegar à democracia chegou-se ao “acordão” da Constituinte. Depois do choque com a queda de Fernando Collor, em 1992, foi a vez do protagonismo do PMDB como grande fiador da governabilidade – quando se instala de vez o que ele chama de “pemedebismo”. No segundo governo Lula (2007-2011), e após a crise do “mensalão”, o PT vira administrador do “condomínio pemedebista”, incorpora o “acordão”. É nesse momento, diz o professor da Unicamp, que o sistema deixa de ser polarizado e produz o mal-estar que foi às ruas.

Foram essas ideias que Nobre levou para
 “Choque de Democracia – Razões da Revolta”, ensaio que inaugurou, em junho, o selo de "instant e-books" (obras sobre temas "do momento", lançados só em versão eletrônica) da editora Companhia das Letras. A obra, produzida em dez dias, está desde então na lista dos mais vendidos do gênero.

Na entrevista abaixo, Nobre discute o papel dos jovens e da educação política que tiveram nas revoltas e é otimista sobre os resultados futuros do fenômeno.
Carta na Escola: Qual é o papel dos jovens nas “revoltas de junho”?
Marcos Nobre: O papel da juventude é de vanguarda. Não tinha só jovens nas ruas, mas eles foram vanguarda em vários sentidos. Procurando novas maneiras de protestar, aceitando diferenças dentro da própria juventude e ao começar a discutir diferenças políticas, o que não era uma pauta. O fato de a juventude dizer que política é importante muda tudo. Alguém que cresceu depois da década de 1990 não sabe o que é inflação ou debate político polarizado. Essa geração tem esse lado de não ter experimentado nada: nem a ditadura, nem a inflação. Mas tem uma vivência de certa forma de vida democrática dentro da internet e das redes que é extraordinária.CE: No livro, o senhor fala que essa geração não teve “formação política substantiva”. Por quê?
MN: Esses jovens não tiveram educação política formal. As pessoas que viveram no governo FHC sabem o que é viver num sistema polarizado. Tinha um peemedebismo lá no meio, mas tinha situação e oposição, embates políticos entre projetos diferentes. A partir do segundo mandato de Lula, isso acabou. Quando você integra o PT dentro desse acordão, fechou, fica sem saída. Não tem mais para onde olhar. Nas “revoltas de junho”, estourou um acordão no sistema, que era de blindagem contra a sociedade. E, quando estoura, é desorganizado. Essa juventude que não viu o sistema polarizado tem que fazer a sua própria organização alternativa. E, ao fazer isso, eles vão influenciar o sistema político. Pode ter certeza que o panorama partidário brasileiro vai mudar.  A questão é a velocidade. Não vai dar tempo para 2014, mas para a Marina Silva, sim, ela percebeu antes – o partido dela se chama Rede. Você tem um movimento muito forte por candidatura avulsa. Não só junho de 2013 não acabou – ele continua – como ele vai mudar o cenário, inclusive partidário.CE: Ainda que o discurso das ruas seja “contra os partidos”?
MN: Na verdade, se a minha interpretação for plausível, essa negação (dos partidos) é muito razoável. Se, de fato, você tem um sistema político que não é polarizado, é porque todos os partidos são iguais. Essas pessoas não estão erradas. Essa foi a experiência que elas tiveram sobre o que é política. Se as pessoas começam a conseguir reconhecer nos partidos políticas de fato e, sobretudo, polarizações, aí muda de figura, que é o que acho que vai acontecer. Siglas vão desaparecer, trocar de nome.CE: Há críticas ao discurso das manifestações, que refletiriam um ambiente consumista e individualista.
MN: Se o sistema político não dá baliza, então você faz sua formação política na rede, no confronto de opiniões, de alguma maneira, isso tem que se cristalizar em alguns nós. O seu parâmetro não pode ser o do progressismo da década de 80, não poder ser o pemedebismo dos anos 90 e 2000. Você não tem palavras de ordem estabelecidas, as velhas não te servem. Então há que inventar novas. Por que os cartazes foram tão importantes? Porque foram tentativas de novas palavras de ordem. Quando você não tem referência, você vai buscar na sua vida mais imediata. Vi muita gente falando mal dos que cantavam "sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor", do futebol. Mas as pessoas fizeram coisas incríveis, que eram pegar palavras de ordem antigas e transformar. O meu preferido é "o povo unido é gente pra caralho", que é maneira de dizer "estamos putos". Essa coisa de "povo unido", do jeito que vocês falavam, tudo organizadinho com bandeira e em fila, não serve. Não é assim que a gente se funciona nem vai funcionar. Essa história de que as pessoas são consumistas, individualistas é uma bobagem. Elas só estão inventando uma nova forma de fazer política.  O problema dessas interpretações que tacham o movimento de alienado, individualista ou comunista estão falando e uma política que era praticada até os anos 90. Não existe mais isso. Tivemos uma mostra patética das centrais sindicais, com as manifestações em julho, tentando desesperadamente dizer "estamos vivos".CE: Como avalia a resposta do sistema político às revoltas até agora?
MN: A primeira coisa interessante é que aquilo que o sistema político viu como bagunça entrou no sistema político. As pessoas perguntam: em que isso vai dar? Já deu. Primeiro: mostrou uma cultura política no País em descompasso com o sistema político. Os desorganizados da rua estão mais avançados que o sistema político. Segundo: chacoalhou o sistema. Terceiro: o sistema político vai ter de se reorganizar, não para responder completamente às ruas, mas para abrir canais de comunicação, nos partidos e no próprio sistema.CE: Enquanto para muitos as manifestações populares de junho vão batizar 2013 de “o ano que ninguém entendeu”, o senhor tem uma tese para ida às ruas. O que já dá para dizer?
MN: “O ano que ninguém entendeu” é divertido, mas não explica bem uma coisa: entender o que aconteceu depende de quais serão os próximos movimentos. Eu produzi um esquema para tentar interpretar baseado na história da transição política brasileira pós-redemocratização. No Brasil, houve um fechamento do sistema político contra a sociedade, no sentido de que ele não é mais um modelo para a sociedade de como as pessoas podem se opor umas às outras, democraticamente. Quando se vai para a rua, entra o “ninguém entende”, porque não existe mais um modelo para as pessoas se basearem.CE: O que há de comum entre as manifestações brasileiras e as do resto do mundo?
MN: Não se pode comparar manifestações contra ditaduras, como no Oriente Médio, com manifestações em países democráticos. Entre os países democráticos, há coisas em comum, como a força centrífuga do neoliberalismo que atuou para forçar um centrão na década de 90  - embora isso tem perdido força claramente com a crise econômica a partir de 2008. A segunda coisa que é importante e comum é a quebra do monopólio da formação da opinião. O que significa internet e redes em termos de como as pessoas se informam e formam sua própria opinião e sua vontade política. Quando se tem a internet e as redes, a mídia tradicional continua sendo importante, mas elas não tem mais o monopólio da formação da opinião. Antes, a mídia tradicional pautava, e as pessoas tinham de se posicionar diante dessa pauta. E agora não mais. Por duas razões: primeiro porque há opiniões alternativas, você não responde só sim ou não à pauta. E agora a mídia tradicional também tem como fonte as redes sociais e a internet. Você tem circuito, e não algo de mão única. E é subterrâneo. Em todos os países foi assim, porque a mídia tradicional não estava vendo, os partidos não estavam vendo e de repente isso eclode. Quando se diz que não se está entendendo, temos dizer "que bom". Tem muita gente entendendo de maneira muito diferente. Não existe uma interpretação canônica que se fixou. É uma revolução democrática, em que você não tem nenhuma unidade forçada como teve em toda a redemocratização. Agora você pode ir para rua ao lado de um cara que pensa o contrário de você e tudo bem. O seu problema como teórico é dizer qual o traço de união disso, não a unidade. O traço de união é ser contra a blindagem do sistema político.CE: Há quem diga que essas manifestações captaram um mal-estar das elites, da classe média tradicional. O que acha?
MN: Não consigo entender como é a elite ou a classe média tradicional poderia ter tanta gente. Para mim, trata-se de uma tentativa de neutralizar as revoltas. Se você olhar as pesquisas de opinião, elas são aprovadas por três quartos da população brasileira. Três quartos da população brasileira é “revolta das elites”? Não! Mas isso não significa que todo tipo de manifestação tenha sido igual. E isso é uma característica de uma erupção democrática. Você começa a ter questões locais, regionais, nacionais e globais. Não só transpassa toda a sociedade brasileira como todas as pautas. Uma pessoa que fica olhando só a Paulista ou o centro do Rio de Janeiro não está entendendo que esse troço é muito maior. As pessoas têm a sensação de que elas têm poder de novo. Sarney era acusado de tudo no mundo, e Lula chegava e dizia: “Não, o Sarney é da minha coalizão, ele não pode ser considerado uma pessoa qualquer”. Isso para mim é um marco do fechamento do sistema político, em 2009. As pessoas sentiam-se impotentes: eu faço o que, então, se é esse acordão e eu não posso fazer nada contra? As pessoas poderiam protestar sobre tudo, não havia um comportamento a seguir. Por isso é uma erupção democrática, um choque de democracia.CE: O combate à corrupção foi uma das pautas dos protestos. Pode-se dizer que há uma diferença em relação à abordagem do tema no passado. Essa geração é menos tolerante com a corrupção?
MN: Sem dúvida. Uma das coisas importantes é que jovens organizados e que se consideram esquerda dizem  que combate à corrupção é uma pauta da esquerda, sim. E voltaram a uma pauta que era do PT lá atrás, na década de 80. Transformar corrupção na principal bandeira política é um equívoco porque você pensa a corrupção independentemente do sistema político. Tem que pensar as duas coisas juntas. É uma pauta para todo mundo. o que pode fazer diferença é politizar a corrupção. Dizer: "olha, a corrupção é a consequência de um sistema política pemedebizado". Só se faz isso com uma reforma radical do sistema político. A combate a pessoas corruptas não vai resolver.CE: E o discurso das ruas tem essa sofisticação?
MN:  Ainda não. É isso que está em disputa.




Fonte: Carta Capital