quarta-feira, 31 de outubro de 2018

PRÉ-SIMULADO DE SOCIOLOGIA - 2º ANO


1.      ENEM 2014
Mas plantar pra dividir
Não faço mais isso, não.
Eu sou um pobre caboclo,
Ganho a vida na enxada.
O que eu colho é dividido
Com quem não planta nada.
Se assim continuar
vou deixar o meu sertão,
mesmo os olhos cheios d‘água
e com dor no coração.
Vou pró Rio carregar massas
pros pedreiros em construção.
Deus até está ajudando:
está chovendo no sertão!
Mas plantar pra dividir,
Não faço mais isso, não.
VALE, J; AQUINO, J. B. Sina de caboclo. São Paulo: Polygram, 1994 (fragmento).
No trecho da canção, composta na década de 1960, retrata-se a insatisfação do trabalhador rural com

A) distribuição desigual da produção
B) Os financiamentos feitos ao produtor rural.
C) A. ausência de escolas técnicas no campo.
D) Os empecilhos advindos das secas prolongadas.
E) A precariedade de insumos no trabalho do campo.

2    2 Segundo Aristóteles, “os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios (estes tipos de vida são ignóbeis e incompatíveis com as qualidades morais); tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer (ócio) é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas.”
Com base no texto acima, o ócio é

A) Banalizado da vida pública ateniense.
B) Desprezado para evitar o desperdício do tempo.
C) Fundamental à virtude do cidadão livre.
D) Negado em prol do trabalho lucrativo.
E) Organizado pelo Estado para melhorar a produção.

3. Dominar a luz implica tanto um avanço tecnológico quanto uma certa liberação dos ritmos cíclicos da natureza, com a passagem das estações e as alternâncias de dia e noite. Com a iluminação noturna, a escuridão vai cedendo lugar à claridade, e a percepção temporal começa a se pautar pela marcação do relógio. Se a luz invade a noite, perde sentido a separação tradicional entre trabalho e descanso – todas as partes do dia podem ser aproveitadas produtivamente.
SILVA FILHO. A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará: Secult-CE. 2001 (adaptado).
Em relação ao mundo do trabalho, a transformação apontada no texto teve como consequência a
A) Melhoria da qualidade da produção industrial.
B) Redução da oferta de emprego nas zonas rurais.
C) Permissão ao trabalhador para controlar seus próprios horários.
D) Diminuição das exigências de esforço no trabalho com máquinas.
E) Ampliação do período disponível para a jornada de trabalho.

4. O texto a seguir faz referência a uma forma específica de organização do trabalho, que impulsionou o desenvolvimento do capitalismo industrial no século XX.
O trabalho era [...] prender tampas de vidro em garrafas pequenas. Trazia na cintura a meada de barbante. Segurava as garrafas entre os joelhos, para poder trabalhar com as duas mãos. Nesta posição, sentado e curvado sobre os joelhos, os seus ombros estreitos foram se curvando; o peito ficava contraído durante dez horas por dia [...] O superintendente tinha grande orgulho dele e trazia visitantes para observarem-no [...] Isto significava que ele atingira a perfeição da máquina. Todos os movimentos inúteis eram eliminados. Todos os movimentos dos seus magros braços, cada movimento de um músculo dos dedos magros, eram rápidos e precisos. Trabalhava sob grande tensão, e o resultado foi tornar-se nervoso.
(LONDON, J. Contos. São Paulo: Expressão Popular, 2005. p. 98.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que esta forma de organização do trabalho:
A) Implicou um enriquecimento das tarefas a serem desenvolvidas, de tal modo que os trabalhadores poderiam operar, por exemplo, com a habilidade das duas mãos.
B) Produziu um trabalhador mais intelectualizado, visto que a complexidade do seu trabalho coincidia com a complexidade da máquina utilizada.
C) Apoiava-se no princípio do Just in Time, isto é, trabalho a tempo justo, na maior autonomia do trabalhador frente a seus meios de trabalho.
D) Generalizou a tarefa parcelar, monótona e desinteressante, pela subordinação do homem à máquina, distanciando-o, assim, do trabalho criativo.
E) Revelou-se inviável em outros setores de atividade, como o caso dos escritórios e restaurantes de fast food, embora tenha sido amplamente utilizada no espaço fabril ao longo do século XX.

5. Imagine-se em um centro urbano, observando pessoas que estão indo e vindo de diferentes lugares, cada uma movida por múltiplas razões. Pode-se, entre outros aspectos, identificar que cada pessoa é impulsionada a realizar características que a distinguem de outros animais. Cada uma dessas características pode afirmar o homem como
I. ser histórico.
II. ser religioso.
III. ser que produz cultura.
IV. ser de conhecimento.
V. ser que se realiza pelo trabalho.
Estão CORRETAS
A) I e II, apenas.
B) III e IV, apenas.
C) I, II, III, IV e V.
D) II, III e V, apenas.
E) I e V, apenas.

6. O conceito de cultura englobou desde a Grécia Antiga a noção de que o homem modifica o universo segundo seus propósitos. Inserido nele, o homem consegue penetrá-lo e transformá-lo com a força de seu trabalho. As mudanças que ele introduz não são alterações a esmo, implicam um grau de consciência ou intenção, bem como o uso de técnicas capazes de melhorar o mundo. E se o fazer integra o modo humano de existir, propiciando a concretização de intentos, pode-se indagar sobre o que se projeta no sonho transformador do homem.
CARVALHO, José Maurício. O Homem e Filosofia, 1998, p. 153.
Com relação a esse assunto, analise os itens a seguir:
I. O homem é um ser vivente, que, no cotidiano, é conhecido como único agente e membro da vida cultural.
II. O trabalho pode ser entendido como atividade do homem transformando a natureza. Assim sendo, parece evidente a relação entre trabalho e realização humana. Tal relação é tão antiga quanto a própria história da humanidade.
III. A civilização tecnológica tem influência marcante no modo de ser e pensar de cada um de nós, assim como na forma da organização econômica, política e cultural das sociedades contemporâneas.
IV. A transformação do mundo material ocorre simultaneamente com a das formas de conhecimento produzidas pelas sociedades ao longo da história. A passagem de um momento para outro, na história das sociedades, ocorre sem conflitos e sem traumas.
V. Os homens não são apenas seres biológicos produzidos pela natureza. São seres culturais que modificam o estado da natureza.
Assinale a alternativa que contém os itens CORRETOS.

A) Apenas I, II, IV e V.
B) Apenas I, II, III e V.
C) Apenas II, III, IV e V.
D) Apenas II, IV e V.
E) I, II, III, IV e V.

7. Considere a letra da música Cidadão, interpretada por Zé Ramalho e composta por Lúcio Barbosa, abaixo transcrita:
Cidadão
Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas prá ir, duas prá voltar
Hoje depois dele pronto
Olho prá cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou prá casa entristecido
Dá vontade de beber
E prá aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer...

Com base na leitura do texto, avalie as afirmações a seguir:

I. Não há acesso aos bens produzidos pelos trabalhadores brasileiros.
II. Há condições precárias de trabalho dos trabalhadores brasileiros.
III. Há preconceito existente em relação às pessoas que não possuem condições de se trajarem dignamente.
IV. A sociedade brasileira é uma sociedade justa, onde todos têm os mesmos direitos à educação, à saúde e à moradia.
São corretas somente as afirmações
A) I, II e III.
B) III e IV.
C) I, III.
D) II e IV.
E) II e III.

8. Homens da Inglaterra, por que arar para os senhores que vos mantêm na miséria?
Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas que vossos tiranos vestem?
Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo esses parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, que bebem vosso sangue?
SHELLEY. “Os homens da Inglaterra’. Apud HUBERMAN, L. In: História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico Shelley (1792-1822) registrou uma contradição nas condições socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa durante a Revolução Industrial. Tal contradição está identificada

A) Na pobreza dos empregados, que estava dissociada da riqueza dos patrões.
B) No salário dos operários, que era proporcional aos seus esforços nas indústrias.
C) Na burguesia, que tinha seus negócios financiados pelo proletariado.
D) No trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade.
E) Na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a produziam.

9. Que horas ela volta? foi a pergunta feita à empregada doméstica Val pelo filho dos patrões, Fabinho, na primeira sequência do filme homônimo. A mãe que trabalha fora deixa o filho pequeno aos cuidados de outra mãe, que, para assumir esse lugar, não cuida dos próprios filhos. Esse aspecto resume a perversidade dos laços entre patrões e domésticas no Brasil.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/09/1683170-a-indulgencia-do-filme-que-horas-ela-volta-de-anna-muylaert.shtml | Publicado: 20-09-2015 | Acesso: 25/09/2016
As relações sociais de trabalho, que envolvem trabalhadores domésticos, são focadas no filme Que horas ela volta, da cineasta Anna Muylaert. Acerca desse tema, o PEC das Domésticas, como ficou conhecida a legislação sancionada pela então Presidenta Dilma, em 2015, :
 A) Delibera que o registro de todo e qualquer empregado doméstico, seja prestador de serviços gerais ou cuidador, é de âmbito particular e de livre escolha do empregador
B) Considera a condição do trabalhador doméstico especial; portanto, é inviável delimitar horas máximas de trabalho diário, ficando esse aspecto da relação limitado a interesses conjunturais.
C) Prevê a extensão aos empregados domésticos da maioria dos direitos já previstos atualmente aos demais trabalhadores registrados com carteira assinada (em regime CLT).
D) Desobriga o empregador do recolhimento do FGTS, ficando seu depósito opcional, sendo que o não pagamento desse tributo pode ser revertido em salário a favor do empregado.
E) Elimina o recolhimento do INSS pelo patrão, mas mantém o recolhimento destinado ao empregado, responsabilizando-o diretamente pelos fundos de sua aposentadoria futura.

10. A Segunda Revolução Industrial, no final do século XIX e início do século XX, nos EUA, período em que a eletricidade passou gradativamente a fazer parte do cotidiano das cidades e a alimentar os motores das fábricas, caracterizou-se pela administração científica do trabalho e pela produção em série.
MERLO, A. R. C.; LAPIS, N. L. A. A saúde e os processos de trabalho no capitalismo: reflexões na interface da psicodinâmica do trabalho e da sociologia do trabalho. Psicologia e Sociedade, n. 1, abr. 2007.
De acordo com o texto, na primeira metade do século XX, o capitalismo produziu um novo espaço geoeconômico e uma revolução que está relacionada com a
A) Proliferação de pequenas e médias empresas, que se equiparam com as novas tecnologias e aumentaram a produção, com aporte do grande capital.
B) Técnica de produção fordista, que instituiu a divisão e a hierarquização do trabalho, em que cada trabalhador realizava apenas uma etapa do processo produtivo.
C) Passagem do sistema de produção artesanal para o sistema de produção fabril, concentrando-se, principalmente, na produção têxtil destinada ao mercado interno.
 D) Independência política das nações colonizadas, que permitiu igualdade nas relações econômicas entre os países produtores de matérias-primas e os países industrializados.
E) Constituição de um classe de assalariados, que possuíam como fonte de subsistência a venda de sua força de trabalho e que lutavam pela melhoria das condições de trabalho nas fábricas.

PRÉ-SIMULADO DE FILOSOFIA - 3º ANO


PRÉ SIMULADO DE FILOSOFIA – 3º ANO

1. (Uepa 2015)  Leia o texto para responder à questão.

Platão: A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de suas paixões e de seus interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e seus ódios; confiar-lhe o poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do menor rigor. Quanto às pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões subjetivas, inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu caráter insuficiente.
(Citado por: CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17)
 
Os argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma forte crítica à:

a) oligarquia  
b) república  
c) democracia  
d) monarquia  
e) plutocracia  

2. (Uel 2014)  A República de Platão consiste na busca racional de uma cidade ideal. Sua intenção é pensar a política para além do horizonte da decadência da cidade-Estado no século de Péricles. O esquema a seguir mostra como se organizam as classes, segundo essa proposta.

Com base na obra de Platão e no esquema, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
(     ) As três imagens do Bem na cidade justa de Platão, o Anel de Giges, a Imagem da Linha e a da Caverna, correspondem, respectivamente, à organização das três classes da República.
(     ) Na cidade imaginária de Platão, em todas as classes se contestam a família nuclear e a propriedade privada, fatores indispensáveis à constituição de uma comunidade ideal.
(     ) Na cidade platônica, é dever do filósofo supri-la materialmente com bens duráveis e alimentos, bem como ser responsável pela sua defesa.
(     ) O conceito de justiça na cidade platônica estende-se do plano político à tripartição da alma, o que significa que há justiça na República mesmo havendo classes e diferenças entre elas.
(     ) O filósofo, pertencente à classe dos magistrados, é aquele cuja tarefa consiste em apresentar a ideia do Bem e ordenar os diferentes elementos das classes, produzindo a sua harmonia.

Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
a) V – V – F – F – F.  
b) V – F – V – V – F.  
c) F – V – V – F – V.  
d) F – V – F – V – F.  
e) F – F – F – V – V.  

3. (Uel 2014)  Leia o texto a seguir.

A República de Veneza e o Ducado de Milão ao norte, o reino de Nápoles ao sul, os Estados papais e a república de Florença no centro formavam ao final do século XV o que se pode chamar de mosaico da Itália sujeita a constantes invasões estrangeiras e conflitos internos. Nesse cenário, o florentino Maquiavel desenvolveu reflexões sobre como aplacar o caos e instaurar a ordem necessária para a unificação e a regeneração da Itália.
(Adaptado de: SADEK, M. T. “Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtú”. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política. v.2. São Paulo: Ática, 2003. p.11-24.)
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia política de Maquiavel, assinale a alternativa correta.
a) A anarquia e a desordem no Estado são aplacadas com a existência de um Príncipe que age segundo a moralidade convencional e cristã.  
b) A estabilidade do Estado resulta de ações humanas concretas que pretendem evitar a barbárie, mesmo que a realidade seja móvel e a ordem possa ser desfeita.  
c) A história é compreendida como retilínea, portanto a ordem é resultado necessário do desenvolvimento e aprimoramento humano, sendo impossível que o caos se repita.  
d) A ordem na política é inevitável, uma vez que o âmbito dos assuntos humanos é resultante da materialização de uma vontade superior e divina.  
e) Há uma ordem natural e eterna em todas as questões humanas e em todo o fazer político, de modo que a estabilidade e a certeza são constantes nessa dimensão.  

4. UFU 2013
Em seus estudos sobre o Estado, Maquiavel busca decifrar o que diz ser uma verità effettuale, a “verdade efetiva” das coisas que permeiam os movimentos da multifacetada história humana/política através dos tempos. Segundo ele, há certos traços humanos comuns e imutáveis no decorrer daquela história. Afirma, por exemplo, que os homens são “ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante os perigos, ávidos de lucro”. (O Príncipe, cap. XVII)

Para Maquiavel:

a.A “verdade efetiva” das coisas encontra-se em plano especulativo e, portanto, no “dever-ser”.
b.Fazer política só é possível por meio de um moralismo piedoso, que redime o homem em âmbito estatal.
c.Fortuna é poder cego, inabalável, fechado a qualquer influência, que distribui bens de forma indiscriminada.
d.A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. Esta é atraída pela coragem do homem que possui Virtù.

5. UFU 2003
“Portanto, um príncipe deve gastar pouco para não ser obrigado a roubar seus súditos; para poder defender-se; para não se empobrecer, tornando-se desprezível; para não ser forçado a tornar-se rapace; e pouco cuidado lhe dê a pecha de miserável; pois esse é um dos defeitos que lhe dão a possibilidade de bem governar.”
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1987. Coleção Os Pensadores. p. 66.

Assinale a alternativa que interpreta corretamente o pensamento do filósofo florentino.

a) O príncipe não precisa roubar os súditos, porque a ele é reservada a fortuna, toda riqueza possível de ser acumulada graças à capacidade de poupar os tesouros. Esta definição de fortuna, cunhada por Maquiavel, é típica da época em que havia o apego às riquezas materiais, especialmente, a prata e o ouro da América.
b) A visão política de Maquiavel era a mesma dos seus contemporâneos, favorável ao poder absoluto dos governantes e defensora da opressão do Estado sobre os súditos, o que resultou na manutenção do Estado feudal, caracterizado pela expropriação da sociedade, por meio de tributos elevados e injustos.
c) A defesa da sobriedade administrativa do príncipe evidencia a forte ligação que unia Maquiavel à Igreja Católica, ambos imbuídos na defesa do poder divino dos soberanos. Prova disso é que, em seu livro O Príncipe, Maquiavel exorta o novo príncipe a ser sempre piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso.
d) Maquiavel identifica o príncipe com o homem de ação, cujo caráter é formado pela ética que lhe permite o uso dos meios apropriados para a organização do seu Estado; o novo príncipe deve ser corajoso e inteligente, evitando a opulência e a ostensão em favor de seu poder político.

6.  UFU 2010
Leia com atenção o texto abaixo.
A finalidade da política não é, como diziam os pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o bem comum, mas, como sempre souberam os políticos, a tomada e manutenção do poder.

O verdadeiro príncipe é aquele que sabe tomar e conservar o poder [...].

(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000, p. 396.)

 A respeito das qualidades necessárias ao príncipe maquiaveliano, é correto afirmar:

a)       O príncipe precisa ter fé, ser solidário e caridoso, almejando a realização da virtude cristã.

b)      O príncipe deve ser flexível às circunstâncias, mudando com elas para dominar a sorte ou fortuna.

c)       O príncipe precisa unificar, em todas as suas ações, as virtudes clássicas, como a moderação, a temperança e a justiça.

d)      O príncipe deve ser bondoso e gentil, angariando exclusivamente o amor e, jamais, o temor do seu povo.

7. UEMA 2015. Gilberto Cotrim (2006. p. 212), ao tratar da pós-modernidade, comenta as ideias de Michel Foucault, nas quais “[...] as sociedades modernas apresentam uma nova organização do poder que se desenvolveu a partir do século XVIII. Nessa nova organização, o poder não se concentra apenas no setor político e nas suas formas de repressão, pois está disseminado pelos vários âmbitos da vida social [...] [e] o poder fragmentou-se em micropoderes e tornou-se muito mais eficaz. Assim, em vez de se deter apenas no macropoder concentrado no Estado, [os] micropoderes se espalham pelas mais diversas instituições da vida social. Isto é, os poderes exercidos por uma rede imensa de pessoas, por exemplo: os pais, os porteiros, os enfermeiros, os professores, as secretarias, os guardas, os fiscais etc.”

Fonte: COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2006. (adaptado)

Pelo exposto por Gilberto Cotrim sobre as ideias de Foucault, a principal função dos micropoderes no corpo social é interiorizar e fazer cumprir

a.o ideal de igualdade entre os homens.
b.o total direito político de acordo com as etnias.
c.as normas estabelecidas pela disciplina social.
d.a repressão exercida pelos menos instruídos.
e.o ideal de liberdade individual.

8. O filósofo Sílvio Gallo em seu livro Filosofia: experiência do pensamento, abordando a teoria do poder investigada pelo filósofo Michel Foucault, apresenta-nos que o poder não se dá de forma estrutural, nem estanque, muito menos depende exclusivamente das posições sociais que os indivíduos ocupam. O poder é um jogo de forças que se estabelece em toda e qualquer relação humana e deve ser analisado de forma imanente e situacional, percebendo que é fluido, produtor e relacional.

Essa ideia pode ser entendida como:

a) A teoria da “soma zero”
b) A resistência intencional
c) A perspectiva macroestrutural
d) A visão microscópica do poder
e) A visão macroscópica do poder

9. Para Aristóteles a comunidade política não é uma “invenção”, é uma realização natural, própria dos seres humanos, e tem como finalidade “o bem viver juntos”, ou seja, a Felicidade. Em Atenas, onde passou boa parte da vida, Aristóteles era um crítico da Democracia. A democracia ateniense é reconhecida como a primeira forma de governar a partir do poder da própria população, de forma direta, mas tinha suas limitações, que podem ser identificadas na alternativa:

a) Só participavam da vida política os anciãos, que se reuniam em um conselho dos anciãos, uma vez por mês.
b) Participavam ativamente da política somente os nascentes na cidade, homens, maiores de idade e proprietários de terra.
c) Os filósofos eram excluídos da vida política, pois eram vistos como pessoas subversoras e ateístas, não respeitando a autoridade divina.
d) A crítica de Aristóteles é exatamente sobre a Democracia em Atenas possibilitar a participação de qualquer pessoa, portanto, uma limitação do uso ético na política.
e) Era proibido às mulheres solteiras participarem desacompanhadas das assembleias, só podendo votar se fossem com seus responsáveis, maridos ou pais.

10. Étienne de La Boétie foi um filósofo francês do século XVI que ficou conhecido por escrever o Discurso da Servidão Voluntária, depois da derrota do povo francês contra o exército e fiscais do rei, que estabeleceram um novo imposto sobre o sal. Em um dos célebres trechos deste seu Discurso ele escreve: “Quando um indivíduo manda, seu poder vem não dele mesmo, mas dos outros que se submetem.”, indicando aí:

a) Que a partir da crítica pode-se derrubar um tirano.
b) Que o autor indica que a vontade do rei deve ser a vontade de Deus.
c) Que para o autor, o rei necessita do apoio da elite de um país para se manter no poder.
d) Que a vontade de um indivíduo prevalece diante da vontade da maioria, sendo este um princípio do poder.
e) Que as pessoas acostumam-se a servir e se acovardam diante do poder do rei, submetendo-se às suas vontades.

PRÉ-SIMULADO DE SOCIOLOGIA - 3º ANO


PRÉ-SIMULADO DE SOCIOLOGIA – 3º ANO
1. (Unesp 2016) Sob o ponto de vista individual, a corrupção pode ser vista como uma escolha racional, baseada em uma ponderação dos custos e dos benefícios dos comportamentos honesto e corrupto. No tocante às empresas, punir apenas as pessoas, ignorando as entidades, implica adotar, nesse âmbito, a teoria da maçã podre, como se a corrupção fosse um vício dos indivíduos que as praticaram no seio empresarial. O que constatamos é bem diferente disso. A corrupção era, para as empresas envolvidas na operação Lava Jato, um modelo de negócio que majorava o lucro em benefício de todos.
(Entrevista com Deltan Martinazzo Dallagnol [procurador público].O Estado de S.Paulo, 18.03.2015. Adaptado.)
A corrupção é abordada no texto como um problema que pode ser explicado sob um ponto de vista
a) ético, devido ao comportamento irracionalista que é assumido pelos indivíduos.  
b) moral, pois o fenômeno é abordado como resultado de comportamentos desregrados.  
c) pragmático, pois é considerada, sobretudo, a avaliação dos efeitos práticos das ações.  
d) jurídico, pois é necessária uma legislação mais rigorosa para coibir o fenômeno  
e) materialista, pois suas causas relacionam-se com a estrutura do sistema capitalista.  

2. (Unisc 2012) Em 2006, o IBOPE divulgou uma pesquisa acerca da opinião do eleitor brasileiro sobre corrupção e ética, com o objetivo de tentar entender se os problemas éticos enfrentados pela sociedade brasileira estão concentrados nos “políticos” ou se há uma cultura na sociedade que avaliza a corrupção. Foram apresentados aos pesquisados 13 atos de corrupção, incluindo: dar uma “gorjeta” para se livrar de uma multa, sonegar impostos, receber benefícios do governo sabendo que não tem direito a eles, adquirir documentos falsos para obter algum tipo de vantagem, pedir mais de um recibo por um mesmo procedimento médico para obter mais reembolso do plano de saúde, comprar produtos que copiam os originais de marcas famosas, sabendo que são piratas ou falsificados, fazer ligação clandestina ou “gato” de TV a cabo do vizinho, entre outros. Os resultados mostraram que 69% dos eleitores brasileiros já transgrediram alguma lei ou descumpriram alguma regra contratual de forma consciente e intencional, para adquirir ganhos materiais, sendo que 75% afirmaram que cometeriam algum dos 13 atos de corrupção avaliados pelo estudo se tivessem oportunidade.
Fonte: http://reinehr.org/sociedade/saude-dasociedade/corrupcao-na-politica-eleitor-vitima-ou-cumplice
Indique a alternativa que está amparada no texto acima.
a) São as oportunidades proporcionadas pelos cargos públicos que levam o político a se corromper.
b) Os políticos são os responsáveis pela corrupção ao estimular a sonegação de impostos.
c) A concordância de muitos cidadãos com atos de corrupção dificulta o combate à corrupção política.
d) As pessoas corruptas já nascem corruptas.
e) Os políticos corruptos já nascem corruptos.

3. (Uema 2012) A questão da corrupção está em evidência e aumenta o desencanto com a política. Considerada como um dos maiores males da democracia, suas consequências são nefastas. Shakespeare, em “Medida por medida”, destacou essa problemática, conforme o fragmento abaixo: Uma coisa é ser tentado e outra coisa é cair em tentação. Não posso negar que não se encontre num júri, examinando a vida de um prisioneiro, um ou dois ladrões, entre os jurados, mais culpados do que o próprio homem que estão julgando. A Justiça só se apodera daquilo que descobre. Que importa as leis que ladrões condenem ladrões?
SHAKESPEARE, W. Comédias e sonetos. São Paulo: Círculo do Livro, 1994.
Assinale a alternativa que expressa o sentido da corrupção política.
a) Uso do poder público para proveito, promoção ou prestígio particular, ou em benefício de um grupo ou classe, constituindo violação da lei ou de padrões de elevada conduta moral.
b) Utilização da violência nua para impor autoridade e auferir benefícios particulares. As vantagens obtidas se apoiam no poder dos dominantes e no uso da arbitrariedade.
c) Fenômeno político baseado na capacidade simbólica de exercer ascendência sobre os outros, utilizando expressivamente a coação.
d) Fenômeno que coloca todos em nível de igualdade – vendedores e compradores – com a finalidade de promover a troca de bens serve de elemento regulador das relações entre os indivíduos.
e) Fenômeno político que induz a um benefício ou direito desfrutado por indivíduos, partilhado pela generalidade das pessoas.

4. (Uel 2011) Antes mesmo do início das obras de reforma ou construção de novos estádios para a Copa de 2014, já ganhou evidência na mídia o questionamento ético acerca da correta destinação dos recursos públicos e privados para esse fim.
Sobre a relação entre ética e corrupção, considere as afirmativas a seguir.
I. O compromisso ético transcende a esfera estatal e atinge também as empresas privadas envolvidas em licitações públicas.
II. As empresas privadas que atuam de acordo com a legalidade no mercado, em busca do lucro, estão isentas de compromisso ético.
III. A lógica da corrupção está assentada na sobreposição dos interesses privados aos interesses públicos.
IV. Política, economia e ética são esferas com atuação diferenciada e que estabelecem correlações entre si.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.


5. A redução da corrupção a níveis mínimos em uma sociedade se concretiza, como revela a experiência dos países mais evoluídos nesta área, com a criação de órgãos e instituições estatais independentes, com recursos humanos preparados e bem remunerados, e a cobrança de resultados pela sociedade. Isso exige um elevado nível de cidadania, em que se repudia a impunidade e as distinções, consciente de que não é possível existir um Estado honesto sem uma sociedade íntegra. Considerando esses pré-requisitos, pode-se concluir que o combate à corrupção somente terá sucesso no Brasil se houver, além de estrutura estatal preparada para enfrentar o problema, mudança da cultura social que conduza a um controle social efetivo dos governantes e políticos.
(José Matias-Pereira. É possível existir um Estado honesto sem uma sociedade íntegra? Revista Jurídica Consulex, ano XVIII – nº 425, 1º out. 2014).
De acordo com o texto, é correto afirmar que
 a) A redução da corrupção só se concretizará se tivermos órgãos estatais independentes para fiscalizar, independente de uma sociedade organizada.
 b) Um Estado honesto está diretamente ligado a uma sociedade íntegra.
 c) A permanência da cultura social preestabelecida é importante para o fortalecimento do Estado.
 d) A importância da cobrança por resultados pela sociedade é ínfima, pois ela não tem o poder de fiscalização.
 e) O combate à corrupção terá êxito se o País tiver uma estrutura estatal preparada para enfrentar o problema.

06 - (UERJ)   “A fita branca”, que venceu o Festival de Cinema de Cannes em 2009, conta a história de uma comunidade rural na Alemanha, entre 1913 e 1914, onde estranhos e violentos incidentes começam a ocorrer. O diretor do filme comentou: “Não ficaria feliz se o filme fosse visto apenas como um filme sobre um problema alemão. Ele significa mais que isso. É um filme sobre as raízes do mal. É sobre um grupo de crianças que são doutrinadas com alguns ideais e se tornam juízes dos outros − justamente daqueles que empurraram aquela ideologia goela abaixo delas.”
Maurício Stycer. Adaptado de colunistas.ig.com.br, 24/10/2009.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) provocou transformações nas vidas de crianças e jovens europeus. Uma dessas transformações é apresentada no filme “A fita branca” e está associada ao que o diretor denominou de “raízes do mal”.
Nas décadas de 1920 e 1930, os efeitos dessas raízes do mal se manifestaram no seguinte processo histórico:
a)     expansão do comunismo
b)     difusão do etnocentrismo
c)     ascensão do totalitarismo
d)        renascimento do liberalismo

7. (PUCCamp SP)   O que os líderes latino-americanos tomaram do fascismo europeu foi sua deificação de líderes populistas com fama de agir. Mas as massas que eles queriam mobilizar, e se viram mobilizando, não eram as que temiam pelo que poderiam perder, mas sim as que nada tinham a perder. E os inimigos contra os quais eles as mobilizavam não eram estrangeiros e grupos de fora (embora seja inegável o conteúdo antissemita no peronismo e outras políticas argentinas), mas a “oligarquia”, os ricos, a classe dominante local.
(HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos, o breve século
XX: 1914-1991 Trad. São Paulo: Cia das Letras, 1991. p. 137)
O texto permite afirmar que, para o autor, os movimentos latino-americanos influenciados pelo fascismo,
a)   não foram capazes de mobilizar a sociedade latinoamericana como os movimentos de características nazifascistas que ocorreram na Europa ocidental.
b)   não possuíam caráter fascista de importância nacional, ocorrendo em determinadas comunidades de imigrantes que trouxeram consigo essa ideologia.
c)     foram incentivados pelas correntes políticas que consideravam as democracias liberais responsáveis pela desordem social e econômica vigente.
d)     não apresentaram as mesmas características do fascismo europeu, podendo ser visto como parte integrante do declínio e queda do modelo liberal.
e)     foram realizados por meio de uma mobilização paramilitar semelhante à que ocorreu na Itália, com a marcha chefiada pelo líder fascista sobre Roma.

8. (Uespi 2012) Os sistemas políticos totalitários utilizaram-se da violência e tumultuaram os sonhos dos democratas durante o século XX. Formaram-se ditaduras que defendiam a intolerância contra os adversários e o reforço das tradições mais conservadoras. Na Espanha, por exemplo, o totalitarismo:
a) ocorreu nas primeiras décadas do século citado, com forte apoio do nazismo alemão e com a reação dos combates anarquistas.
b) teve apoio de muitos membros da Igreja Católica e perseguiu os anarquistas que lhe faziam oposição.
c) conseguiu a ajuda militar de Portugal e da Itália, ficando no poder durante duas décadas, marcadas, assim, pela opressão política.
d) contou com o apoio de Igreja Católica, mas não firmou alianças com os outros totalitarismos da época.
e) organizou seus principais quadros políticos na cidade de Barcelona, criando brigadas e polícias secretas violentas.

9. (Unesp 2012) Nas primeiras sequências de O triunfo da vontade [filme alemão de 1935], Hitler chega de avião como um esperado Messias. O bimotor plaina sobre as nuvens que se abrem à medida que ele desce sobre a cidade. A propósito dessa cena, a cineasta escreveria: “O sol desapareceu atrás das nuvens. Mas quando o Führer chega, os raios de sol cortam o céu, o céu hitleriano”.
(Alcir Lenharo. Nazismo, o triunfo da vontade, 1986.)
O texto mostra algumas características centrais do nazismo:
a) o desprezo pelas manifestações de massa e a defesa de princípios religiosos do catolicismo.
b) a glorificação das principais lideranças políticas e a depreciação da natureza.
c) o uso intenso do cinema como propaganda política e o culto da figura do líder.
d) a valorização dos espaços urbanos e o estímulo à migração dos camponeses para as cidades.
e) o apreço pelas conquistas tecnológicas e a identificação do líder como um homem comum.

10. (Pucmg 2010) Ao contrário do historiador contemporâneo ao fascismo – como Franz Neumann, Theodor Adorno ou Ângelo Tasca – , nós sabemos, através de Auschwitz, o que é o fascismo ou, ao menos, sabemos qual é a sua prática, ao contrário, ainda, dos historiadores que escreveram no imediato pós-guerra, como Trevor-Hopper, G. Barraclough ou Eric Hobsbawm (até algum tempo), não podemos tratar o fascismo como um movimento morto, pertencente à história e sem qualquer papel político contemporâneo. Encontramo-nos, desta forma, numa situação insólita: sabemos qual a prática e as consequências do fascismo e sabemos, ainda, que não é um fenômeno puramente histórico, aprisionado no passado. Assim, torna-se impossível escrever sobre o fascismo histórico – o que é apenas uma distinção didática – sem ter em mente o neofascismo e suas possibilidades.
(Daniel Aarão Reis Filho, O Século XX, p. 111-112.)
Assinale a opção que sintetiza CORRETAMENTE a ideia contida no trecho acima.
a) O Fascismo é um fenômeno definido conceitualmente, cuja prática é identificada pelos historiadores que coexistiram com ele historicamente.
b) O Fascismo não é um fenômeno histórico ligado ao passado, ele se insere na política contemporânea atual sob outras formas de atuação.
c) O Fascismo não pode ser tratado sem qualquer relação com a política contemporânea, já que hoje sabemos sua prática e suas consequências.
d) O Fascismo, conforme os historiadores, é um fenômeno que não pode ser escrito, já que se circunscreve na história contemporânea como passado e presente.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

PRÉ-SIMULADO DE FILOSOFIA - 2º ANO - CEPBN


Prezados alunos.
Disponibilizo o pré-simulado de filosofia para possa servir como um "ensaio" para o simulado da escola que será realizado na próxima sexta-feira.
Recomendo como atividade do 4º bimestre para os alunos que ainda não realizaram em sala de aula. Favor entregar o cartão-resposta na próxima aula. 

1.    "O imperativo categórico é, portanto só um único, que é este: Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal."
(KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1995. p. 59.)
 Segundo essa formulação do imperativo categórico por Kant, uma ação é considerada ética quando:
 a) Privilegia os interesses particulares em detrimento de leis que valham universal e necessariamente.
 b) Ajusta os interesses egoístas de uns ao egoísmo dos outros, satisfazendo as exigências individuais de prazer e         felicidade.
 c) É determinada pela lei da natureza, que tem como fundamento o princípio de auto-conservação.
 d) Está subordinada à vontade de Deus, que preestabelece o caminho seguro para a ação humana.
 e) A máxima que rege a ação pode ser universalizada, ou seja, quando a ação pode ser praticada por todos, sem prejuízo da humanidade.

2. Ser caritativo quando se pode sê-lo é um dever, e há além disso muitas almas de disposição tão compassiva que, mesmo sem nenhum outro motivo de vaidade ou interesse, acham íntimo prazer em espalhar alegria à sua volta e se podem alegrar com o contentamento dos outros, enquanto este é obra sua. Eu afirmo porém que neste caso uma tal acção, por conforme ao dever, por amável que ela seja, não tem contudo nenhum verdadeiro valor moral, mas vai emparelhar com outras inclinações, por exemplo o amor das honras que, quando por feliz acaso topa aquilo que efectivamente é de interesse geral e conforme ao dever, é consequentemente honroso e merece louvor e estímulo, mas não estima; pois à sua máxima falta o conteúdo moral que manda que tais acções se pratiquem, não por inclinação, mas por dever.
(KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. de Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 113.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre dever em Kant, é correto afirmar:
a)      Ser compassivo é o que determina que uma ação tenha valor moral.
b)      Numa ação por dever, as inclinações estão subordinadas ao princípio moral.
c)      A ação por dever é determinada pela simpatia para com os seres humanos.
d)      O valor moral de uma ação é determinado pela promoção da felicidade humana.
e)      É no propósito visado que uma ação praticada por dever tem seu valor moral.

3. Na Crítica da razão pura, Kant vincula o sistema da moralidade à felicidade. Assinale a alternativa que explica no que consiste a relação moralidade — subjetividade.
a) A esperança de ser feliz e a aspiração por tornar-se feliz podem ser conhecidas pela razão prática, desde que o fundamento da ação e a norma da conduta sejam a máxima do “não faça aos outros aquilo que não queres que te façam”.
b) A convicção da felicidade humana decorre da certeza de que todos os entes racionais comportam-se com a mais rigorosa conformidade à lei moral, de maneira que cada um age orientado pela sua vontade, ou seja, pela razão prática do arbítrio individual.
c) Quando a liberdade é dirigida e restringida pelas leis morais, é possível pensar na felicidade universal, pois a observância dos princípios morais pode proporcionar não só o bem estar para si, como também ser o responsável pelo bem estar dos outros.
d) A felicidade implica na transcendência do mundo moral, pois somente na esfera sensível é possível o conhecimento pleno das ações humanas, já que somente nesse mundo sensível é possível a conexão entre moralidade e felicidade.

4. “Quando a vontade é autônoma, ela pode ser vista como outorgando a si mesma a lei, pois, querendo o imperativo categórico, ela é puramente racional e não dependente de qualquer desejo ou inclinação exterior à razão. [...] Na medida em que sou autônomo, legislo para mim mesmo exatamente a mesma lei que todo outro ser racional autônomo legisla para si.” (WALKER, Ralph. Kant: Kant e a lei moral. Trad. de Oswaldo Giacóia Júnior. São Paulo: Unesp, 1999. p. 41.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre autonomia em Kant, considere as seguintes afirmativas:
I.- A vontade autônoma, ao seguir sua própria lei, não segue a razão pura prática.
II-. Segundo o princípio da autonomia, as máximas escolhidas devem ser apenas aquelas que se podem querer como lei universal.
III-. Seguir os seus próprios desejos e paixões é agir de acordo com o imperativo hipotético.
IV-. A autonomia compreende toda escolha racional, inclusive a escolha dos meios para atingir o objeto do desejo.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d) II e III.
e) II, III e IV.

5. (UEL) "Desde suas origens entre os filósofos da antiga Grécia, a Ética é um tipo de saber normativo, isto é, um saber que pretende orientar as ações dos seres humanos"
Fonte: CORTINA, A.; MARTÍNEZ, E. Ética. Tradução de Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Edições Loyola, 2000, p. 9.
Com base no texto e na compreensão da ética aristotélica, é correto afirmar que a ética:
A. Orienta-se pelo procedimento formal de regras universalizáveis, como meio de verificar a correção ética das normas de ação.
B. Adota a situação ideal de fala como condição para a fixação de princípios éticos básicos, a partir da negociação discursiva de regras a serem seguidas pelos envolvidos.
C. Pauta-se pela teleologia, indicando que o bem supremo do homem consiste em atividades que lhe sejam peculiares, buscando a sua realização de maneira excelente.
D. Contempla o hedonismo, indicando que o bem supremo a ser alcançado pelo homem reside na felicidade e esta consiste na realização plena dos prazeres.
E. Baseada no emotivismo, busca justificar a atitude ou o juízo ético mediante o recurso dos próprios sentimentos dos agentes, de forma a influir nas demais pessoas.

6. (UEL) Ora, nós chamamos aquilo que deve ser buscado por si mesmo mais absoluto do que aquilo que merece ser buscado com vistas em outra coisa, e aquilo que nunca é desejável no interesse de outra coisa mais absoluto do que as coisas desejáveis tanto em si mesmas como no interesse de uma terceira; por isso chamamos de absoluto e incondicional aquilo que é sempre desejável em si mesmo e nunca no interesse de outra coisa".
Fonte: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Nova Cultural, 1987, 1097b, p. 15.
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a ética de Aristóteles, assinale a alternativa correta:
a) Segundo Aristóteles, para sermos felizes é suficiente sermos virtuosos.
b) Para Aristóteles, o prazer não é um bem desejado por si mesmo, tampouco é um bem desejado no interesse de outra coisa.
c) Para Aristóteles, as virtudes não contam entre os bens desejados por si mesmos.
d) A felicidade é, para Aristóteles, sempre desejável em si mesma e nunca no interesse de outra coisa.
e) De acordo com Aristóteles, para sermos felizes não é necessário sermos virtuosos.

7. "E justiça é aquilo em virtude do qual se diz que o homem justo pratica, por escolha própria, o que é justo, e que distribui, seja entre si mesmo e um outro, seja entre dois outros, não de maneira a dar mais do que convém a si mesmo e menos ao seu próximo (e inversamente no relativo ao que não convém), mas de maneira a dar o que é igual de acordo com a proporção; e da mesma forma quando se trata de distribuir entre duas outras pessoas".
Fonte: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim da versão inglesa de W. D. Ross. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 89.
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a justiça em Aristóteles, é correto afirmar:
a) É possível que um homem aja injustamente sem ser injusto.
b) A justiça é uma virtude que não pode ser considerada um meio-termo.
c) A justiça corretiva deve ser feita de acordo com o mérito.
d) Os partidários da democracia identificam o mérito com a excelência moral .
e) Os partidários da aristocracia identificam o mérito com a riqueza.

8. Aristóteles, ao observar que não existe um consenso a respeito do conceito de felicidade, identifica três modos de vida. Cada modo de vida tem uma percepção distinta a respeito do que é a felicidade. Quais são eles?
a) Vida ética, Vida política, Vida prática;
b) Vida ética, Vida ativa; Vida contemplativa;
c) Vida política; Vida guiada pelo prazer; Vida contemplativa;
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

9. A respeito da ética aristotélica, assinale a opção correta.
a) Para Aristóteles, é suficiente que o homem busque o bem de modo universal, sem se preocupar com o modo como o bem pode se dar na viabilidade da ação, que acontece a cada vez na particularidade de cada situação.
b) Em uma perspectiva aristotélica, a virtude da prudência é bastante significativa para reger a vida prática do homem, pois ela possibilita descobrir o que pode conduzir o homem à felicidade. É ela que decide sobre o que é ser valoroso e justo, tanto no nível individual quanto no comunitário-social-político.
c) Para Aristóteles, agir é mais importante que pensar. A vida prática, política, vale mais que a vida teorética, dedicada ao pensamento, à busca da verdade por causa da própria verdade.
d) Na concepção de Aristóteles, a razão tem um significado apenas teorético, ela não tem um papel diretivo na vida prática do homem.
e) Na ética aristotélica, as paixões são necessariamente más e, para o homem conduzir uma vida racional, ele deve anular a força das paixões em sua vida.

10. A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como:
A) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
B) plenitude espiritual e ascese pessoal.
C) finalidade das ações e condutas humanas.
D) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
E) expressão do sucesso individual e reconhecimento público.



domingo, 14 de outubro de 2018

O HOMEM NOVO: UM IDIOTA.

A idiotia interior de todos nós


Teixeira Coelho
especial para a Folha


A televisão é a imagem da besta." Em grandes letras brancas sobre fundo negro é isso que se lê em outdoors espalhados ao longo da marginal Tietê, em São Paulo. Outros painéis do mesmo tipo reforçam a mensagem que alguma seita religiosa quer imprimir nos olhos e mentes dos que passam por essa via fétida e deprimente. Numa noite de outono, sob densa poluição, o cenário que ajudam a criar é de apocalipse, quase. Tentando sair da cidade ou a ela retornando como um condenado, é grande a tentação de concordar com essa seita.

Mas como é uma seita a dizê-lo, torna-se inevitável pensar duas vezes e procurar na TV por aquilo que desmentirá de algum modo essa pregação visual, no limite equivocada e enganosa.

E é essa mesma a primeira reação diante do livro de Sartori, "Homo Videns": desconfiar do que diz. Isso porque logo de início o autor diz ser sua intenção "assustar bastante os pais mostrando-lhes o que poderá acontecer à sua criança televisiva", quer dizer, como se verá, depois, transformar-se num imbecil. É preciso sempre desconfiar de um livro que se propõe metas desse tipo, armadas sobre uma pedagogia da negação e, de resto, nas circunstâncias atuais, inúteis.


O autor de fato vai querer assustar os pais e nós todos com aquilo que tantos outros já nos disseram: que a hegemonia da imagem abole o pensamento lógico-criativo, que a televisão é agora o grande eleitor ao tudo manipular, que a democracia definha sob a TV e a internet e que esse abominável "Homo videns" é a antítese do fantástico Homo sapiens. Essas idéias não são novas nem são aqui tratadas de modo inovador. E diante delas o leitor, como ao deparar-se com as mudas pregações da marginal, acaba oscilando entre a concordância com a análise do autor e a anotação dos tantos pontos em que esse autor derrapa no "apocalipsismo" tradicional diante da TV.

Em suma, Sartori desconfia da imagem, que para ele muda a natureza mesma do Homo sapiens ao destruir sua capacidade de abstração. As palavras escritas levariam à abstração, e a imagem, à redução e à extinção do pensamento. O velho Homo sapiens trabalharia com concepções abstratas próprias do mundo da inteligência, e o "Homo videns" ficaria com as coisas concretas do mundo sensível. Sartori faz uma distinção absoluta entre a percepção do mundo pelos sentidos e a percepção pelo intelecto para privilegiar este sobre aquele, como na mais arcaica filosofia.

É redutor demais. Ele parece não se dar conta de nada do que aconteceu com a arte nos últimos 500 anos e com o cinema de arte nos últimos 70 ou 80, para ficar com esses dois casos.

E dá um peso excessivo à TV no jogo da política. A TV italiana talvez tenha elegido Berlusconi, assim como a brasileira ajudou a eleger Collor. Mas George W. Bush, para ganhar, teve de contar com a "ajuda" dos organizadores da eleição na Flórida e dos juízes da Suprema Corte norte-americana.

A TV nem sempre é decisiva ou relevante, como se vê. E, depois, não há por que investir apenas contra a TV: os jornais, que usam as sacrossantas palavras escritas, contribuem fortemente para a manipulação geral.

Aqui no Brasil deram enorme destaque às declarações de um senador que se cassou para não ser cassado por quebra do decoro (é o mínimo que se pode dizer) e que em seguida saiu dando lições de moral a todo mundo. Os jornais dizem que isso é informação. No mínimo, é o mesmo pós-pensamento a que Sartori alude. A manipulação política e a corrosão da democracia e do pensamento dependem de um nível bem mais abaixo e bem mais amplo.

Há, de todo modo, alguns pontos interessantes neste livro. Um deles é a relativa radicalidade de que ele se reveste, em suas últimas páginas, ao deixar claro que por pós-pensamento o que o autor entende é mesmo a imbecilidade, assim como a expressão "Homo videns" é, para ele, apenas um eufemismo para "homem idiota". De fato, talvez a condescendência com as massas telespectadoras e a tentativa de resgatá-las de sua posição de cúmplices gozosos da TV, jogando a responsabilidade por tudo isso no sistema, tenha impedido que se tornasse visível mais cedo a imagem de uma sociedade de idiotas que se espalha tanto entre os que estão do lado de cá do tubo quanto do lado de lá, gerando a programação dos canais. Costumava-se escrever que não se devia dizer "comunicação de massa" e, sim, "comunicação para a massa", porque não seria a massa que faria a comunicação para si mesma: essa comunicação seria feita por outros estamentos ou classes da sociedade, visando à massa apenas para explorá-la e manipulá-la. Hoje, porém, já está claro que as massas elas mesmas, por meio de seus "intelectuais orgânicos", tomaram o controle da produção na TV e fazem programas para si mesmas e à sua própria imagem. Nunca isso se tornou tão visível quanto após o aparecimento da TV a cabo no Brasil. A TV aberta virou predominantemente uma grande latrina enquanto a TV a cabo é apenas um pouco menos ruim.

Portanto, falar em idiotia talvez seja mesmo correto. Hans Magnus Enzensberger usou um outro eufemismo para designar o homem pós-TV: analfabeto secundário. É a pessoa que consegue ler um jornal, sacar dinheiro de um caixa eletrônico, mas é incapaz de interpretar por si o cenário político ou cultural que o cerca. Analfabeto secundário é, hoje, uma forma polida demais. Idiota parece ser o termo. Que o público se enterneça com o idiota Forrest Gump é o sinal mais claro não apenas da existência da idiotia, mas também de seu culto. Idiotia que se desdobra, por exemplo, na recepção triunfal dada em sua cidade àquele mesmo senador renunciante.

Mas, como sempre, é bom ir devagar com o andor. Talvez todos tenhamos direito a um índice cotidiano de idiotia. Talvez a idiotia da TV não produza necessariamente o idiota perfeito. Que a TV abre as portas para nosso idiota interior, aquele de cada um de nós, é evidente. Que sucumbamos todos, inclusive as massas, sempre e em todos os aspectos a esse "idiota residente" não é tão certo.

Fora isso, o livro repete idéias conhecidas. De certo, resta que não mais se trata apenas de constatar a idiotia promovida pela mídia eletrônica e alertar para o assalto à democracia e ao pensamento feito pelos "gangsta rap" e outros neonazistas mal disfarçados. Se há um tema a discutir é o de uma política cultural para a mídia eletrônica, TV e internet. Elas estão aí; como usá-las para evitar que nos usem: é essa a questão, ainda evitada na sociedade e nos governos.



Teixeira Coelho é ensaísta, escritor e diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC-SP), autor, entre outros, de "Niemeyer - Um Romance" (Geração Editorial) e "Dicionário Crítico de Política Cultural" (ed. Iluminuras).

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

QUESTÕES DE SOCIOLOGIA DA 2002 - GUIA DE ESTUDO


QUESTÕES DE SOCIOLOGIA – 2002


1. Como os movimentos sociais são vistos pelos grandes meio de comunicação?

2. O que são movimentos sociais?

3. Quem foi Ernesto Che Guevara?

4. Por que surgem esses movimentos?

5. Qual foi o protesto em junho de 2013?

6. A organização social é importante por qual motivo?

7. Por quem foi definido o socialismo científico? E o que apresentavam?

8. Por que afirmar que os novos movimentos sociais são diferentes dos antigos?

9. Por que aconteceu esse movimento social?

10. Por que os movimentos sociais estão presentes na história?

11. Quem adotou como tática a mobilização e a organização da paralização da produção do capitalismo (greve)?

12. Quando foi lançado o manifesto comunista?

13. Os trabalhadores europeus vieram para o Brasil com promessas de melhores condições de vida. Chegando aqui o que eles encontraram?

14. O que são ações coletivas?

15. O que apresentou o socialismo científico defendido por Karl Marx e Friedrich Engels?

16. O que Karl Marx e Friedrich Engels propunham?

17. Como são reconhecidos os novos movimentos sociais?

18. O que a socióloga Evelina Dagnino afirma a esses novos movimentos sociais?

19. Quail movimento sociail aconteceu no século XVIII? Por que?

20. Defina “novos movimentos sociais”.

21. Quem defendia o socialismo científico? Por que?

22. Os movimentos sociais podem acabar um dia? Por que?

23. Quais foram os resultados das diversas mudanças sociais, econômicas e culturais que ocorreram principalmente nas sociedades mais industrializadas, a partir da década de 1960?

24. Por que os movimentos sociais são uma ferramenta fundamental dos trabalhadores?

25. Quem foram os líderes do primeiro movimento social dos trabalhadores?

26. Qual foi a importância de Ernesto Che Guevara?

27. Por que acontecem os conflitos sociais?

28. Quem defendia o socialismo científico?

29. O que é a teoria da revolução socialista?

30. Em que momento histórico foram fundados os primeiros núcleos anarquistas no Brasil? Explique.

31. Diferencie o novo movimento social dos velhos movimentos sociais.

32. Quais são as teorias de Marx e Engels?

33. O que ocorreu na década de 1980?

34. Os movimentos sociais não desapareceram, mas deram lugar a novos movimentos. Como são esses movimentos?

35. Onde se deu o surgimento do proletariado?

36. O que foi o movimento ludista? Qual é o seu objetivo?

37. O socialismo científico defendido por Marx e Engels apresentou uma mudança qualitativa, que mudança foi essa?

38. Quais são as principais reivindicações dos trabalhadores apresentadas ao governo brasileiro?

39. O que são as ações coletivas?

40. Quando e porque se ressurgiu com força o movimento sindical brasileiro?

41. Por que as organizações são muito importantes nos movimentos sociais?

42. Como as transformações dos movimentos sociais ocorrem.

43. Em julho de 2013, o que as pessoas protestaram?

terça-feira, 7 de agosto de 2018

PODCAST SOBRE O JEITINHO BRASILEIRO

clique aqui

O JEITINHO BRASILEIRO E O HOMEM CORDIAL

JEITINHO BRASILEIRO: DA CRIATIVIDADE À CORRUPÇÃO  

Você com certeza já ouviu falar do jeitinho brasileiro, mas será que entende por que ele está tão presente na nossa cultura? O porquê de agirmos da forma que agimos, reproduzindo essa prática de maneira tão frequente? Para que possamos compreender ao máximo a nossa sociedade, precisamos entender melhor esse controverso conceito. 

Imagine a seguinte situação: você está na fila do banco. Muitas pessoas esperam para serem atendidas e há um número pequeno de funcionários para atender a todos. As horas não passam, o recinto está abafado e as crianças à sua frente choram, angustiadas com a demora daquele ambiente desinteressante. De repente, você vê um homem andando rapidamente em direção ao caixa. Lá na frente você percebe o homem tentando ser atendido, mas a funcionária faz sinal negativo. Ele diz que seu caso é uma emergência e que o que ele precisa é “rapidinho”

A funcionária continua negando, porém ele é persistente. Nesse momento, o tumulto na fila começa e alguém lá no fundo grita “a fila começa aqui!”, mas o homem não hesita e, de tanto insistir, aparece o gerente. Este o chama num canto e pega o papel que o homem tem em mãos. Pronto, o homem conseguiu o que tanto queria, mesmo com a longa fila e a  demorada espera. Esse é o clássico “jeitinho brasileiro”. 

Com certeza você já presenciou alguma cena desse tipo. Pode ter sido no banco, na padaria ou em qualquer outro lugar. Parece que sempre existe alguém pronto para “dar um jeito”. Se não fosse assim, o jeitinho brasileiro não seria tão conhecido por nós, não é mesmo? Mas acredite, por mais que o termo esteja na boca do povo, suas origens são mais profundas do que imaginamos!  

DEFINIÇÕES E CONCEPÇÕES  

Todos nós temos noção do que é o jeitinho brasileiro e podemos identificá-lo em diversas situações cotidianas. Mas é importante entender também o que os estudiosos têm a dizer sobre ele. Dois exemplos são os antropólogos Lívia Barbosa e Roberto DaMatta, que definem o jeito como algo relativo, que pode ser visto tanto como algo bom quanto ruim No livro “O jeitinho brasileiro: a arte de ser mais igual que os outros”, Livia Barbosa mostra a ambiguidade do conceito: 

“ […] o jeitinho é sempre uma forma “especial” de se resolver algum problema ou situação difícil ou proibida; ou uma solução criativa para alguma emergência, seja sob a forma de conciliação, esperteza ou habilidade. Portanto, para que uma determinada situação seja considerada jeito, necessita-se de um acontecimento imprevisto e adverso aos objetivos do indivíduo. Para resolvê-la, é necessária uma maneira especial, isto é, eficiente e rápida, para tratar do ‘problema’.” 

Neste mesmo livro, Barbosa traz outro ponto interessante. O jeitinho brasileiro pode ser visto tanto como um favor, quanto como uma forma de corrupção. Segundo a autora, ele estaria localizado entre esses dois polos, onde o primeiro é positivo e o outro é negativo, podendo pender mais para um lado ou para o outro. O que caracterizaria o jeito como algo positivo ou negativo depende da situação em que ele ocorre e a relação que existe entre as pessoas envolvidas.

Digamos, por exemplo, que você pediu para que uma pessoa fizesse um favor para você. Até aí não vemos nenhum problema. Podemos pensar que essa pessoa é sua amiga, tornando a situação mais comum ainda. Mas vamos supor que esse seu amigo seja um funcionário do DETRAN e você irá perder sua CNH por dirigir em alta velocidade. Ou seja, o que era um simples favor começa a se caracterizar como algo ilegal. Isso demonstra os dois pontos: como o favor começa a pender para o polo negativo, a depender da situação, e como a relação entre os indivíduos envolvidos é um fator que contribui para o jeitinho. Barbosa explica: 

“Um outro aspecto que singulariza o jeito do favor é o grau de conhecimento entre as pessoas envolvidas na situação. Enquanto eu posso pedir um jeito a um desconhecido, favor não se pede a qualquer um. […] existe a idéia de que determinados assuntos e situações requerem confiança por parte de quem pede e, portanto, é necessário conhecer com quem se está tratando.”

 Em Dando um jeito no jeitinho, Lourenço Stelio Rega traz uma ampla variedade de visões. O autor mostra como são extensas as concepções sobre o conceito, que representam o “jeitinho” desde algo positivo – que retrata a flexibilidade e criatividade do brasileiro em resolver situações – até como uma filosofia de “tentar levar vantagem em tudo”, uma forma de corrupção – nesse caso caracterizando-se como algo negativo.  

PORQUE TEMOS ESSE NOSSO JEITINHO?  

As nossas práticas sociais são profundamente marcadas pelo nosso desenrolar histórico. Por isso, precisamos buscar nas nossas raízes a origem do conceito. Ao discorrer sobre isso, Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil, apresenta o conceito de “homem cordial”. Vale ressaltar que o autor apresenta toda uma contextualização histórica sobre o termo, mas por questões didáticas simplificamos para uma melhor compreensão. 

Sabemos que o Brasil passou por diversos períodos de exploração, que tiveram início com a  chegada dos portugueses. Como já abordado nesse artigo do Politize! sobre patrimonialismo, leitura essencial para a total compreensão do que é o homem cordial, a forma de administração trazida pelos portugueses para o Brasil é a mesma que vigorava na metrópole. Portanto, as particularidades dessa nova terra não foram consideradas e isso abriu espaço para a ampla exploração recursos naturais e de mão-de-obra. 

Em seu primeiro capítulo, Sergio Buarque fala sobre nossas origens ibéricas e sobre as características dos povos da península e mostra que uma característica marcante entre eles era a solidariedade. Esta “existe somente onde há vinculação de sentimentos mais do que relações de interesse – no recinto doméstico ou entre amigos”. Veremos que essa importância dos sentimentos nas relações será uma das características principais do “homem cordial”. 

Futuramente em nossa história, teremos outros momentos de exploração, como por exemplo, no coronelismo, período em que os coronéis forneciam proteção para as pessoas em troca de voto para determinado candidato. Caso a pessoa se recusasse a votar no candidato estipulado pelos coronéis, ela poderia sofrer perseguições e ser agredida. Essa prática ficou conhecida como voto de cabresto. 

Vemos que essas relações foram marcadas pelo fator da “cordialidade”, mesmo que em contextos de tensão. Presentes, proteção e afeto foram dados por aqueles que exploravam e, como escreveu Antonio Candido no prefácio do livro de Sérgio Buarque, “o brasileiro recebeu o peso das ‘relações de simpatia’. Assim surgiu o homem cordial. Aquele que constrói seus relacionamentos pela simpatia, pela emoção e não pela razão; aquele que não está adequado às relações impessoais, agindo predominantemente de forma afetiva. Por isso, somos vistos como pessoas hospitaleiras e receptivas, nossas relações pessoais e íntimas se confundem com as relações públicas. Nós tratamos o que é público como “uma extensão de nossa casa, de nossa família” e assim, conseguimos escapar das formalidades e burocracias existentes. Para o historiador, essa característica do homem cordial traz uma dificuldade em lidar com situações formais e rígidas. 

No quinto capítulo de Raízes do Brasil, depois de uma longa contextualização, Holanda se dedica exclusivamente a caracterizar o “homem cordial” e quais são os desdobramentos de sua cordialidade. Ao se referir sobre a forma impessoal de lidar com as situações formais, o autor mostra que existe uma dificuldade dos brasileiros “de uma reverência prolongada ante um superior”. E ele continua, dizendo que “nosso temperamento admite fórmulas de reverência, e até de bom grado, mas quase somente enquanto não suprimam de todo a possibilidade de convívio mais familiar”. Ou seja, nosso respeito pelos outros traz uma carga de desejo de intimidade. 

Com isso, ele explica até mesmo que o emprego da terminação “inho” serve para nos familiarizar mais com as pessoas ou objetos, como se tivéssemos um apreço, um carinho por elas. Podemos observar que até mesmo o que estamos discutindo é comumente chamado jeitinho brasileiro. Mais para o fim do capítulo, ele nos demonstra que o brasileiro, em decorrência de sua informalidade, estabelece uma relação de proximidade e amizade até mesmo com figuras religiosas, como se essa distância interpessoal não pudesse existir nem mesmo no âmbito da religiosidade. 

Como dissemos anteriormente, uma característica fundamental do homem cordial é que existe uma confusão entre as relações que são estabelecidas, entre o privado e o público. No livro de Lívia Barbosa, DaMatta diz que o jeitinho brasileiro: 

“[…] se constitui num modelo obrigatório de resolver aquelas situações nas quais uma pessoa se depara com um “não pode” de uma lei ou autoridade e – passando por baixo da 
negativa sem contestar, agredir ou recusar a lei, obtém aquilo que desejava, ficando assim ”mais igual” do que os outros”. 

Essa descrição de DaMatta traz um aspecto importante da cordialidade que ajuda a compreender o que estamos trazendo com todas essas informações. O “homem cordial” e o jeitinho brasileiro se relacionam na medida em que os dois tratam de uma forma peculiar de lidar com as situações cotidianas. O “homem cordial” é aquele que mescla os seus sentimentos com situações que deveriam ser formais e impessoais. Ele busca sempre um contato através da afetividade, de uma certa “calorosidade”. No jeitinho brasileiro, podemos imaginá-lo como uma consequência dessa característica. No momento que se estabelece uma relação pessoal e de proximidade com o outro, encontramos uma brecha para quebrar a rigidez e a formalidade do cotidiano e assim, conseguirmos aquele favorzinho na fila de espera, por exemplo. 

A PSICOLOGIA DO JEITINHO BRASILEIRO 

Agora que já esclarecemos as bases históricas do jeitinho brasileiro, precisamos trazer a psicologia comportamental para essa discussão. Ela mostra que nossos comportamentos geram consequências e que, dependendo do resultado que eles trouxerem, esses comportamentos podem cessar ou continuar ocorrendo futuramente. Vamos supor que você vai mal em uma prova e procura o seu professor logo depois da correção para pedir um ponto a mais. Caso ele recuse aumentar a nota e até desconte meio ponto pelo pedido, a chance de você fazer o mesmo pedido para ele em outra ocasião irá diminuir; caso ele aceite, aumentam as chances de você repetir o comportamento. 

A lógica é bem simples: você faz o que faz porque se sente bem assim, você é recompensado por isso. Se você já fez algo errado e foi punido, com certeza pensará bastante antes de repetir a ação. Essa ideia pode nos ajudar a refletir sobre todas as outras ações em nossa vida. Com esse raciocínio, podemos pensar que em uma situação em que alguém furou fila e ninguém se opôs, é possível que a pessoa  torne a furar outra fila futuramente. Então podemos pensar contribuem para a situação tanto quem pratica o ato, quanto quem o presencia sem se opor a ele. E é aí, como cidadãos, que podemos pensar em nossas atitudes. Se presenciarmos alguém dando um jeitinho, seja ele positivo ou negativo, qual deve ser nossa ação: recompensar a pessoa ou repreendê-la?  

ENTÃO, O QUE DEVE SER FEITO? 

Existe um problema ao pensar no jeitinho. Desde sempre, o brasileiro se viu explorado e em uma sociedade hierarquizada. Porém, se pensarmos em outras civilizações que são marcadas por uma história hierárquica, como o Japão por exemplo, veremos que as relações sociais evoluíram de outra forma, muito oposta ao Brasil. 

A hierarquia no Japão é rigidamente respeitada, fazendo com que as relações sejam reguladas por convenções e formalidades que expõem a distância social entre os indivíduos. Ruth Benedict traz esse ponto em seu livro O crisântemo e a espada ao dizer que os japoneses sabem “assumir a posição devida”. Vemos, portanto, que o japonês está longe daquilo que definimos como o “homem cordial”. Essa característica dos japoneses nos leva ao conceito de Giri, que pode ser traduzido basicamente como dever, obrigação. Quando um indivíduo dá algo ou faz algum favor a outro, este último está em “dívida” com o primeiro, devendo retribuir o que foi dado. Assim, é estabelecida uma relação de confiança, fundamentada principalmente na honra e no respeito. Mas então, o que faz com que uma cultura respeite a formalidade e outra tente driblá-la? 

Como mostramos, o patrimonialismo importou um modo de operar de outra civilização, diferente da nossa. Houve certa imposição de valores que não estavam adequados ao modo de funcionamento do brasileiro. E é aí que está a diferença. Se observarmos nossa história e a dos japoneses, veremos que, relativamente a eles, nossa cultura teve uma influência tardia, enquanto a civilização japonesa já tem seus próprios valores desenvolvidos há muito mais tempo. Dessa forma, ao longo de nosso desenvolvimento, encontramos formas criativas e indiretas de burlar as leis que nos impediam de alcançar algum objetivo – e hoje não é diferente. Mas isso não quer dizer que usamos isso sempre para o mal. 

O jeitinho brasileiro é, sem dúvidas, uma característica marcante do brasileiro. Revela toda a sua flexibilidade e sua criatividade – o “gingado” do brasileiro. Isso pode nos trazer coisas boas e inovações para o nosso cotidiano, mas é preciso estar atento, porque no momento em que utilizamos isso de forma a nos beneficiar em detrimento dos outros, estaremos sustentando uma visão negativa de malandragem, e, portanto, de pessoas corruptas. 

Sendo assim, precisamos nos questionar sobre qual é o nosso papel como indivíduos em uma sociedade. Se vivemos em conjunto, temos de encontrar formas de estar sempre melhorando essa sociedade, cuidando e buscando o bom funcionamento desta. Logo, devemos nos conscientizar sobre nossas atitudes, ter uma conduta ética em nosso cotidiano e ter uma participação ativa, para que possamos construir com muita criatividade e inovação um futuro mais honesto para nossa sociedade.  

Referências 

Lívia Barbosa: “O jeitinho brasileiro: a arte de ser mais igual que os outros” 
Sérgio Buarque de Holanda: “Raízes do Brasil” 
Lourenço Stelio Rega: “Dando um jeito no jeitinho”