segunda-feira, 5 de julho de 2010

QUILOMBOS: RESISTÊNCIA ONTEM E HOJE. III

FORTALECENDO OS QUILOMBOS

A união de comunidades e associações quilombolas em Pernambuco vem ampliando o panorama dessa população. Entidades ligadas à causa também dão sua contribuição
A força de um grupo está no seu poder de organização e, em Pernambuco, essa capacidade está presente nas comunidades quilombolas. A prova disso está em cada associação quilombola e na Comissão Estadual de Comunidades Quilombolas de Pernambuco, que atuam de forma intensa no fortalecimento institucional.
As ações das associações e da comissão estadual consistem em incentivar o auto-reconhecimento de populações rurais negras, buscando agilidade no processo de regularização e titulação das terras, além de propostas de educação diferenciada para os quilombolas.
Para Bartolomeu Florência da Silva, presidente da Associação Quilombola de Serrote do Gado Bravo, comunidade do município de São Bento do Una, a união entre localidades reforça ainda mais a luta por reivindicações. “Nós sempre buscamos unir as necessidades de todas as comunidades em torno do crescimento e bem-estar das populações quilombolas.”
Ele acredita que encontros entre quilombos são fundamentais para a integração das comunidades. “O intercâmbio e a troca de experiência que sempre acontecem nas reuniões estaduais são muito importantes”, completa.
Já para Pedro Fernando dos Santos, 32 anos, liderança da comunidade de Santana, no município de Salgueiro, a discussão entre os quilombolas de várias regiões traz um novo panorama da realidade. “É sempre muito proveitosa a participação de representantes de várias associações durante os encontros da comissão estadual. Assim, nós podemos conhecer como vivem nossos irmãos quilombolas nas comunidades”, conta ele.
Uma importante colaboração, segundo Givânia Silva, liderança de Conceição das Crioulas, também em Salgueiro, é de entidades governamentais e não-governamentais. Para ela, a ampliação dos parceiros faz com que mais pessoas conheçam e entendam os anseios da população quilombola. “Uma das nossas principais frentes de ação é fazer a sociedade compreender os direitos do povo quilombola”, declara.
De acordo com a socióloga do Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF) Delma Silva, a organização dos quilombos vem ganhando força nos últimos anos. “Temos experiências positivas nos estados do Ceará e na Paraíba, além do exemplo de Pernambuco.” Segundo ela, os quilombolas têm uma característica muito particular. “São comunidades com uma capacidade de resistir diante das dificuldades. E isso ajuda no processo de organização.”

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