segunda-feira, 1 de março de 2010

CLASSE C DO BRASIL JÁ DETÉM 46% DA RENDA

RIO - Pela primeira vez na história, a classe C do Brasil, cujos lares recebem de R$ 1.115 a R$ 4.807 por mês, passou a representar a maior fatia da renda nacional, revela reportagem de Vivian Oswald e Geralda Doca, publicada na edição do Globo deste domingo. Segundo a Fundação Getulio Vargas, o segmento detém 46% dos rendimentos das pessoas físicas. Já as classes A e B correspondem a 44%. Entre 2003, quando a classe C tinha 37% da renda, e 2008, 26,9 milhões chegaram a este grupo, que soma 91 milhões de brasileiros.
O novo público está mudando o conceito de classe média, padrões de consumo e investimentos das empresas.
Entre 2003 - quando a classe C respondia por 37% da renda nacional (salários, benefícios sociais e previdenciários, juros e aluguel) - e 2008, 26,9 milhões chegaram a este grupo. Essa migração em massa alterou o rumo da divisão historicamente desigual do bolo no Brasil e proporcionou o surgimento de um grupo com características socioculturais próprias.
Se a década de 1990 foi marcada pela estabilidade e a educação, o aumento da renda que marcou os anos 2000 permitiu ao consumidor não só comprar, mas escolher o produto com que mais se identifica. O vice-presidente da agência DM9DDB, Alcir Gomes Leite, garante que isso fez os profissionais reverem seus conceitos. O novo público não se preocupa só com preços:
- Vai atrás das marcas, tem uma identidade própria, que é diferente da classe média tradicional. As marcas já entenderam isso. Não querem mais saber o que fazer para tornar o cliente fiel. Vão atrás do que têm de fazer para se tornarem fiéis a eles.
Também não adianta anunciar um produto para a classe AB achando que o indivíduo da classe C vai querer comprar para "ascender":

Nova classe média

O Brasil, felizmente, está se tornando um país de classe média. E com predominância da chamada classe C: cerca de 91 milhões de brasileiros, com rendimentos mensais entre R$ 1.115 e R$ 4.807, já respondem pela maior fatia (46%) da renda nacional referente à participação das pessoas físicas. Sob esse conceito, a participação das classes A e B na renda nacional recuou para 44%, conforme estudos da Fundação Getúlio Vargas.
Os brasileiros da classe C deixaram de ser classificados como pobres porque a melhoria do nível de renda lhes proporcionou acesso a uma série de comodidades do mundo moderno típicas de classe média. O fato se deve a uma conjugação de fatores positivos. No plano macro, o Brasil passou a ter uma economia com relativa estabilidade monetária, que assegura a manutenção do poder aquisitivo da imensa maioria da população. Na prática, isso se traduziu em aumento de consumo, inclusive porque as famílias ampliaram sua capacidade de endividamento. Essa expansão de demanda viabilizou investimentos que antes estavam calcados apenas na possibilidade de exportações, muitas das quais dependentes de um câmbio desvalorizado para serem competitivas.
Dessa forma, esse crescimento da classe média alargou horizontes de investimentos no Brasil, pois já se pode contar no futuro com um grande mercado interno.
Há, sem dúvida, muitos desafios pela frente. Essa nova classe média só continuará ascendendo se aproveitar as oportunidades que o crescimento econômico proporcionar nos próximos anos, e para tal precisará de boa qualificação profissional. Essa qualificação, por sua vez, está associada a um bom sistema de ensino, ao qual só alcançaremos com esforço de toda a sociedade, e especialmente do setor público, que responde pela maior parte das matrículas.
É por esse caminho que o país precisa seguir. Como tem sido demonstrado na prática, não é pela via do assistencialismo que se construirá essa classe média que vem se tornando a base social do Brasil. O assistencialismo só se justifica como instrumento de caráter transitório, enquanto as mudanças estruturais não atingem os objetivos propostos. O problema é que os governantes se sentem tentados a seguir por esse rumo porque o assistencialismo pode render dividendos políticos de curto prazo. No entanto, não é o que garante a construção de uma sociedade mais equilibrada. O processo de ascensão social por esforço próprio poderia ser facilitado se o Estado mudasse as prioridades de gastos.

Indicado para o 2° ano do Ensino Médio

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