segunda-feira, 2 de abril de 2018

ABORDAGEM SOBRE DOMINAÇÃO LEGÍTIMA. (3º ANO)


O que é poder e dominação para Weber?

Segundo Max Weber (2009, p. 33), “poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade”. Infere que poder é a oportunidade que uma pessoa ou um conjunto de pessoas tem para impor suas vontades sobre as vontades de outras pessoas na sociedade numa dada situação, mesmo com resistência das mesmas. Este conceito está ligado à dominação, onde há dominantes e dominados.

Weber (2009, p.139) define dominação como “a probabilidade de encontrar obediência para ordens específicas (ou todas) dentro de determinado grupo de pessoas”. Para que haja uma relação autêntica de dominação é necessário um mínimo de vontade de obedecer às ordens de alguém; de um interesse na obediência, seja este interno ou externo.

Qual a diferença de dominação legítima para a ilegítima?

Para Weber em determinadas circunstâncias alguém esta investido de uma autoridade que é reconhecida e legitimada individual ou coletivamente. A este poder legitimado Weber chama de legítima relação de mando de dominação. Segundo ele poder e dominação são as duas faces da mesma moeda.

Poder e a capacidade que alguém tem de impor a sua vontade sobre outros. Por sua vez, dominação e a probabilidade de que estes outros obedeçam às ordens dadas, isto é, esses outros aceitam e, por isso legitimam as ordens dadas por alguém. Por isso Weber fala em dominação legítima.

Às vezes fala em dominação e às vezes fala em autoridade. Então a dominação legítima esta para a autoridade assim como a dominação ilegítima esta para o autoritarismo.

Ao contrário do autoritarismo que é imposição pura e simples, autoridade é a capacidade de direção fundamentada no consenso e a aceitação. Qual é o fundamento da legitimidade da dominação ou por que a dominação é legítima? Segundo Weber existem três tipos puros de dominação legítima:

Tradicional: Se estabelece “em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há muito existentes”. Laços de fidelidade que se estabelecem entre senhor e súdito. Sociedade patriarcal, coronelismo.

Carismática: Formas de exercício do poder típicas dos momentos de crise são vistos como personalidades extraordinárias, portadores de qualidades sobrenaturais ou excepcionais, cujas ações revolucionam o curso da evolução de civilizações inteiras. A legitimidade da autoridade carismática se baseia no fato de todos acreditarem na autenticidade da missão do líder. Ex. profetas religiosos (JESUS CRISTO, Maomé) ou lideres políticos (Napoleão).

Racional-legal: O indivíduo que exerce esse tipo de autoridade, o faz em nome de regras impessoais que foram conscientemente instituídas em nome de um debate coletivo. E racional porque tende a expressar o esforço coletivo de estabelecer, a partir de critérios racionais, normas as quais todos devem obedecer. E legal porque estas normas são expressas em leis.

Podemos encontrar em um dado fenômeno apenas um tipo de dominação?

"A dominação é fato decorrente da origem do mundo, sempre haverá algo a ser dominado e liderado. Desde a relação entre os animais até os seres humanos, os indivíduos necessitam de um “ser” poderoso para guiá-los, orientá-los e dominá-los. A dominação é algo permanente, sempre existirá, até mesmo por que é fundamental.Os tipos de dominação seguirão vivos nas mais variadas formas, a legal na hierarquia das empresas, a tradicional, mesmo apesar dos tempos modernos, ainda permanecerá no comando exercido pelo pai ou pela mãe nas famílias, e os carismáticos sempre presentes nas novas e antigas religiões" [2]. O que podemos observar como por exemplo no caso do pai e filho citado no texto, é que ocorre uma dominação tradicional porém que não deixa de ser também uma dominação legal, pois enquanto o filho é menor de idade ele é dominado pelos pais. Outro exemplo é o caso do homem que é submisso à Deus, que sofre uma dominação carismática, mas que também não deixa de ser uma dominação tradicional a partir do ponto em que tal submissão à Deus seja algo cultural. O que concluímos então é que quanto maior interação do fenômeno com elementos de ação social (ou seja com ações de outras pessoas que influenciem diretamente na sua) é aceitável dizer que a dominação predominante determina as características do fenômeno, no âmbito da avaliação da dominação presente, no entanto, alguns traços conectados podem ser averiguados de outros tipos de dominação, como no exemplo da questão de Deus, em um aspecto de dominação carismática, mas tendo em conta que a cultura influência via dominação tradicional, esta última no entanto não é a norteadora do fenômenos ou da dominação que afeta o indivíduo diretamente.

Como Weber define o Estado?

Weber define o Estado de maneira sociológica como estrutura ou o agrupamento político que reivindica, com êxito, o monopólio do constrangimento físico legítimo, ou seja, o direito de uso de força. Deve-se conceber o Estado contemporâneo como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território – a noção de território corresponde a um dos elementos essenciais do Estado – reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física. Assim, o Estado se torna a única fonte de “direito” à violência. Recorremos ao Estado para saber se temos o direito de usar a violência.

Weber também observou que se a violência não existisse em nas estruturas sociais, o conceito de Estado teria desaparecido e teria dado lugar ao que chamamos de anarquia. Segundo Weber, o verdadeiro domínio encontra-se no Estado Moderno, o qual na aplicação diária da Administração, necessária e inevitavelmente nas mãos do funcionalismo seja militar ou civil.

O que é ação social?

Weber, por meio de um dos capítulos de seu livro Sociologia, abordou sobre dominação legítima, onde se estabeleceu uma definição para ação social. "A definição mais aceita de ação social é aquela que a defende como uma ação que é orientada pelas de ações de outros"[3]. Analisando as proposições de Weber para essa orientação com relação direta com a ação de outros, temos que a ação social é todo comportamento cuja origem depende da reação ou da expectativa de reação de outras partes envolvidas. "Essas outras partes podem ser indivíduos ou grupos, próximos ou distantes, conhecidos ou desconhecidos por quem realiza a ação" [3].

"A ideia central da ação social é a existência de um sentido na ação: ela se realiza de uma parte (agente) para outra. É uma atitude sobre a qual recai ao menos um desejo de intercâmbio, de relacionamento. Como toda relação social , é determinada não só pelos resultados para o agente, mas também pelos efeitos (reais ou esperados) que pode causar ao outro. Uma divisão clara entre ações que podem e não podem ser consideradas como sociais é impossível de ser feita. Na verdade, para entendermos se uma ação é social devemos prestar atenção no contexto em que ela ocorre. A mesma ação pode ora ser classificada como social, ora não. Tomemos o ato de escrever como exemplo. Escrever uma carta certamente é uma ação social, pois ao fazê-lo o agente tem esperança que a carta vai ser lida por alguém. Sua ação só terá significado enquanto envolver outra pessoa. No entanto escrever uma poesia, na medida em que ela envolve apenas a satisfação ou a expressão das sensações do poeta, não é uma ação social (v. individualismo ) . A reação dos outros ao seu conteúdo não foi levada em conta para sua construção. Ainda que a carta se extravie e ninguém a leia, escrevê-la continua sendo uma ação social porque ao agente continua interessando a reação do (neste caso inexistente) leitor. Enquanto isso, um poema será entendido como produto de uma ação social apenas se ao escrevê-lo o poeta já tinha em mente mostrá-lo a outras pessoas e provocar com isso alguma manifestação. Portanto dependendo da situação em que é feita, uma ação pode ser tratada apenas em parte como social" [3].

Em suas definições, principalmente no âmbito das dominações legítimas, conteúdo este que tem capítulo exclusivo em seu livro Sociologia, Max Weber diferenciou alguns tipos de ações sociais:

Ações racionais: ações tomadas com base nos valores do indivíduo, mas sem pensar nas consequências e muitas vezes sem considerar se os meios escolhidos são apropriados para atingi-lo.

Ações instrumentais: ações planejadas e tomadas depois de avaliado o fim em relação a outros fins, e após a consideração de vários meios (e consequências) para atingi-los. Um exemplo seria a maioria das transações econômicas

Ações afetivas: ações tomadas devido às emoções do indivíduo, para expressar sentimentos pessoais. Como exemplos, comemorar após a vitória, chorar em um funeral seriam ações emocionais.

Ações tradicionais: ações baseadas na tradição enraizada. Um exemplo seria relaxar nos domingos e colocar roupas mais leves. Algumas ações tradicionais podem se tornar um artefato cultural.

"Na hierarquia sociológica, a ação social é mais avançada que o comportamento, ação e comportamento social, e é em sequência seguida por contatos sociais mais avançados, interação social e relação social" [4].

"Essa classificação baseia-se em modelos ideais, cujos exemplos puros raramente podem ser encontrados na sociedade. Muitas vezes são vários os motivos de uma ação, o que cria a possibilidade dela ser incluída em mais de um daqueles tipos. O caso de um professor é bem ilustrativo dessa complexidade: sua atitude de dar aula pode ser determinada pelo seu desejo receber o salário (ação com relação a fins), como também pela importância que ele atribui a educação (ação com relação a valores) ou ainda pelo prazer que ele sente ao ver seus alunos aprenderem (ação afetiva), ou ainda porque toda a sua família é composta de professores e ele sempre viveu no meio educacional (ação tradicional)" [3].

Referências Bibliográficas:
WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 4. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009, vol. 1.
MALISKA, Marcos Augusto. Max Weber e o Estado Racional Moderno. Revista Eletrônica do CEJUR, v. 1, n. 1, ago./dez. 2006.
[1] AMARAL, Lyrio Ernesto Nunes do. Resumo de Sociologia - Max Weber. Disponível em: < http://lyrioamaral.blogspot.com.br/2010/04/resumo-de-sociologia-max-weber.html >. Acesso em: 10/04/2012.
[2] CERIOLI, Diego. Os Três Tipos de Dominação Segundo Max Weber. Disponível em: <  http://www.artigonal.com/noticias-e-sociedade-artigos/os-tres-tipos-de-dominacao-segundo-max-weber-1284076.html >. Acesso em: 10/04/2012.
[3] Ação Social. Disponível em: < http://www.algosobre.com.br/sociofilosofia/acao-social.html >. Acesso em: 11/04/2012.
[4] Ação Social. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%A3o_social >. Acesso em: 11/04/2012.

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