Estudo
mostra que quem deixa o emprego formal em busca de autonomia acaba tendo que
trabalhar mais. 28 de maio de 2013
| 2h 06
MÁRCIA
DE CHIARA - O Estado de S.Paulo
Quatro
em cada dez brasileiros que estão hoje no mercado informal de trabalho como
prestadores de serviços ou vendedores de produtos foram motivados a deixar o
emprego formal em busca de autonomia e de flexibilidade no dia a dia. Mas, ao
daremesse passo, eles acabam cumprindo uma jornada mais extensa do que teriam
numa empresa, com a obrigatoriedade de bater o cartão de ponto.
Isso
é o que mostra um estudo feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil)
e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) para traçar o perfil
do trabalhador informal. De acordo com a pesquisa, que consultou 612
proprietários de estabelecimentos e profissionais autônomos dos setores de
comércio e serviços de todas as capitais, sem inscrição no Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica e trabalhadores informais, 90% deles trabalham cerca de oito
horas por dia, de segunda a sábado. E 27% informaram que têm jornada aos
domingos.
"O
resultado da pesquisa mostra um paradoxo: a pessoa vai para informalidade
porque não quer depender de patrão, mas trabalha mais horas e fica vulnerável
porque não está coberta pela lei", afirma o gerente financeiro do
SPC-Brasil, Flávio Borges. A pesquisa mostra que 72% dos informais não pagam
previdência (INSS).
A
maioria dos entrevistados (78%) também já teve trabalho com carteira assinada
antes de ingressar na informalidade. Esse é o caso de Valdemir Trivelato, de 51
anos, dos quais 20 trabalhando como ambulante. Ex-bancário, o ex-analista de
crédito que cursou até o segundo ano da faculdade de administração de empresas,
conta que foi parar na informalidade por "falta de opção". Na época,
perdeu o emprego num corte que houve no banco. De lá para cá, se dedicou à
venda de itens ligados à eletrônica. No começo, eram rádios. Agora, são capas
de celulares e acessórios.
"Hoje
trabalho seis dias por semana, das 7h às 21h. Alguns dias vou às 4h da manhã ao
Brás para comprar as mercadorias", conta o ambulante. Quando estava
empregado no banco, cumpria uma jornada diária bem menor, de seis horas.
Com
renda média mensal de R$ 1.300, Trivelato conta que desistiu, mais
recentemente, de buscar uma oportunidade de trabalho no mercado formal por
causa da idade, apesar de a economia estar hoje praticamente em pleno emprego.
Mas,
na análise de Borges, do SPC-Brasil, essa contradição entre um grande
contingente de informais e a falta de mão de obra para vagas formais é
aparente. Na verdade, diz ele, os trabalhadores que estão na informalidade têm
baixa qualificação e não teriam condições de preencher parte dos empregos que
sobram nas empresas. Segundo a pesquisa, 88% dos entrevistados têm, no máximo,
ensino médio.
A
maioria dos informais é mulher (50,2%), e o setor de comércio, com 59%,
prevalece sobre o de serviços (41%). Mas o tíquete médio dos serviços é de R$
69,28, bem superior ao do comércio, de R$ 45.
_______________________________________________________________________
Texto adaptado. Disponível em:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,trabalho-informal-tem-jornada-superior-a-48-horas-semanais-,1036333,0.htm
Acesso 17 de agosto de 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário