MERCADO DE TRABALHO E DESIGUALDADES
Vamos começar ouvindo uma musica da Elza Soares.
“A carne mais barata do mercado é a carne negra Que
vai de graça pro presídio E para debaixo de plástico Que vai de graça pro
subemprego E pros hospitais psiquiátricos...
A carne mais barata do mercado é a carne negra
Que fez e faz história Segurando esse país no braço
...”
A carne – Elza Soares
Por que será que a cantora Elza Soares afirma em
sua música “A carne” que “a carne mais barata do mercado é a carne negra”?
Nesta aula vamos refletir juntos sobre como as desigualdades sociais se
manifestam também no mercado de trabalho.
Estudos sobre o mercado de trabalho no Brasil
apontam que a maioria que trabalha informalmente é pobre e, no nosso país, a
parcela mais pobre da população é significativamente constituída por mulheres e
negros. Dessa forma as mulheres e os negros são as pessoas mais vulneráveis no
mercado de trabalho. Você deve estar se perguntando: por que há essa
desigualdade no nosso país?
Para começarmos a compreender essa desigualdade é
preciso pensar no papel que, em nossa sociedade, é atribuído a mulher e que
chamamos de gênero. Culturalmente atribuímos à mulher o cuidado com a
casa e com os filhos. Esse papel social culturalmente construído influencia no
mercado de trabalho já que estudiosos observam que as mulheres concentram-se
nas ocupações relacionadas ao cuidado, ao comércio e na prestação de serviços
pessoais como, por exemplo, o serviço doméstico, a enfermagem, a assistência
social e o ensino primário. Em nossa sociedade essas ocupações têm baixo
prestígio social e remuneração.
O mercado de trabalho brasileiro também é marcado
pela desigualdade racial. Estudos apontam que os trabalhos mais desvalorizados
socialmente e com os salários mais baixos são ocupados em grande parte por
negros. As mulheres negras sofrem ainda dupla discriminação: de raça e de
gênero. Isso acontece graças a nossa herança histórica da colonização e da
escravidão quando os negros não tinham os direitos de cidadania garantidos,
sobretudo o direito a educação. Essa herança produz e reproduz desigualdades
até os dias de hoje.
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