O fim da repressão e da censura
no Brasil foi importante para o advento da redemocratização no Brasil? Pensem,
discutem e elaborem um texto justificando a opinião do grupo. (mínimo de 10 linhas)
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
AULA 3 DE SOCIOLOGIA DO 3º ANO. 3º BIMESTRE. ENSINO MÉDIO
Formas de exercício
do poder
Caro aluno, nesta última aula vamos lhe apresentar
as principais formas de exercício do poder pelo Estado.
Vamos começar pela Monarquia, que é a forma de
exercício do poder onde o mandatário é
chamado de rei ou monarca e o poder é transmitido ao longo de uma linha
sucessória baseada em princípios de hereditariedade e vitaliciedade. Existem
dois tipos de monarquia: a monarquia absolutista e a monarquia constitucional
ou parlamentarista. Na monarquia absolutista o soberano exerce o poder de forma
absoluta, ou seja, ele é quem dá ar ordens acumulando as funções de chefe de
Estado e chefe de governo. Na monarquia constitucional ou parlamentarista o
soberano não governa diretamente, cabendo a ele a função de chefe de Estado,
cujos poderes são apenas protocolares e suas funções de moderador político são
determinados pela Constituição, onde tem como função resolver impasses
políticos, proteger a Constituição e os súditos de projetos de leis que
contradizem as leis vigentes ou não fazia parte dos planos de governos
defendidos em campanhas eleitorais. A chefia de governo é exercida por um
primeiro ministro escolhido entre os membros do partido que tem maioria de
deputados eleitos na Câmara de Deputados.
Vamos falar agora da República. A palavra república
vem do latim Res-publica e quer dizer "coisa pública".
É uma forma de governo onde um representante, chamado de presidente, é
escolhido através do voto para ser o chefe de Estado, podendo ou não ser também
chefe de governo.
Você deve estar se perguntando como o presidente
pode ser uma coisa e não ser outra? A resposta tem a ver com a forma da
república: presidencialista ou parlamentarista. Na república presidencialista,
como o Brasil, o presidente, escolhido pelo voto para um mandato com duração
determinada em lei, acumula as funções de Chefe de Estado e chefe de governo.
Nesse sistema, para realizar seu plano de governo, o presidente deve negociar
com o Legislativo caso não possua maioria. Na republica parlamentarista o
presidente apenas responde à chefia de Estado, estando a chefia de governo
atribuída a um representante escolhido de forma indireta pelo Legislativo,
normalmente chamado "premier", "primeiro-ministro"
ou ainda "chanceler".
As formas de poder no Brasil e a privatização do
público
Com a independência em 1822 o Brasil adota a
monarquia constitucional como forma de poder. Acontecem eleições para o senado
e a câmara, mas o imperador Pedro I faz uso do poder moderador para governar de
forma quase absoluta.
A república é proclamada em 1889 e com ela o Brasil
se torna uma república liberal presidencialista, trazendo muitas
transformações, contudo mantendo características que tornam a estrutura do
Estado brasileiro como expressão da articulação do novo com o velho. O estado
no Brasil se apresenta como o ente que resolve todos os problemas, criando o
senso comum de que todos os problemas da sociedade e sua solução as de sua
responsabilidade e nada resolvemos sem a sua presença.
Com isso aconteceu no Brasil uma privatização do
público. O que é isso? Bem que chega ao poder toma conta do que é público, ou
seja, pertence a todos nós, como se fosse sua propriedade. Como consequência, o
Estado deixa de ser a instituição que deveria atender a maioria da população e
passa a adotar como princípio o favorecimento dos setores privados que têm o
poder econômico na sociedade.
Outra forma de privatização do Estado no Brasil é o
clientelismo, onde acontece troca de favores políticos por benefícios
econômicos. Um exemplo dessa atuação do Estado pode ser visto na ajuda que é
prestada a setores da sociedade, como a indústria e o agronegócio, onde
capitalistas em dificuldade recorrem ao Estado em busca de apoio e suporte
financeiro quando enfrentam qualquer dificuldade, o que vai de encontro a uma
premissa o liberalismo que preconiza que o Estado não deve intervir na economia
e que o mercado se auto regula, ou ainda na concessão de serviços públicos como
canais de televisão e rádio sem a devida transparência a grupos economicamente
poderosos ou que mantêm relações com o poder. Um efeito perverso dessa atuação
do Estado acontece quando esses mesmos setores que recebem benesses do poder
público protestam quando o são feitos investimentos em políticas públicas de
saúde, educação, habitação e transporte, argumentando que o Estado não deve
comprometer seu orçamento com políticas sociais, notadamente as voltadas para a
parcela mais pobre e desassistida da população.
LETRA DE MÚSICA DA AULA 2 DE SOCIOLOGIA DO 2º ANO. ENSINO MÉDIO
A Carne - Elza Soares
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
Que
vai de graça pro presídio
E
para debaixo do plástico
Que
vai de graça pro subemprego
E
pros hospitais psiquiátricos
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
Que
fez e faz história
Segurando
esse país no braço
O
cabra aqui não se sente revoltado
Porque
o revólver já está engatilhado
E
o vingador é lento
Mas
muito bem intencionado
E
esse país
Vai
deixando todo mundo preto
E
o cabelo esticado
Mas
mesmo assim
Ainda
guardo o direito
De
algum antepassado da cor
Brigar
sutilmente por respeito
Brigar
bravamente por respeito
Brigar
por justiça e por respeito
De
algum antepassado da cor
Brigar,
brigar, brigar
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
A
carne mais barata do mercado é a carne negra
AULA 2 DE SOCIOLOGIA DO 3º ANO. 3º BIMESTRE. ENSINO MÉDIO
SOCIEDADE CIVIL E DEMOCRACIA
Caro aluno, nessa aula vamos falar de dois conceitos que estão sempre em evidência: sociedade civil e democracia. Existe uma relação forte e importante entre a atuação da sociedade civil e a construção da democracia e é sobre isso que vamos estudar.
Caro aluno, nessa aula vamos falar de dois conceitos que estão sempre em evidência: sociedade civil e democracia. Existe uma relação forte e importante entre a atuação da sociedade civil e a construção da democracia e é sobre isso que vamos estudar.
Primeiro vamos definir cada um desses conceitos.
Numa definição geral podemos dizer que Sociedade
Civil é o conjunto de organizações e instituições privadas e voluntárias que
constituem as bases de uma sociedade em funcionamento, em oposição à estrutura
do Estado.
A origem da palavra democracia define seu
significado, demo significa povo e cracia significa governo,
portanto democracia é o governo do povo, isto é, democracia é a forma de
governo onde o povo tem soberania.
Mas qual a ligação entre sociedade civil e a
construção da democracia? Tomando o Brasil como exemplo, na luta pela
reconstrução da democracia após o período de ditadura militar estabelecida no
país de 1964 e 1985 podemos perceber que a mobilização da sociedade civil foi
decisiva para que essa reconstrução democrática se realizasse. A sociedade
civil representava, no período de 1970-80, a resistência fundamental ao projeto de
poder da ditadura militar.
Os movimentos sociais que surgiram naquela época,
no âmbito da sociedade civil, poderiam contribuir para transformar a lógica das
relações de classe. As organizações populares, organizações de base, a igreja
progressista, o novo sindicalismo, os partidos políticos democráticos, etc. –
todos faziam parte da sociedade civil e se articulavam pela conquista da
democracia em clara contraposição ao Estado opressor. Contudo, além das
organizações populares, a luta pela democratização contou com forte apoio dos
setores da burguesia, que não mais conseguiam que seus interesses fossem
representados, através do poder ideológico do Estado, como interesses
universais, de todas as classes e grupos sociais.
Essa luta chegou ao seu momento mais marcante no
período de 1983-1984 com a campanha das Diretas Já, quando foram realizados
grandes comícios nas principais cidades brasileiras em apoio ao projeto de lei
que reestabelecia eleições diretas para presidente da república. Abaixo imagens
do comício pelas Diretas Já realizado em São Paulo no dia 16 de abril de 1984.
Cabe aqui um esclarecimento de como funcionava a
eleição para presidente durante o regime militar no Brasil: o presidente da
república era eleito de forma indireta pelos deputados e senadores, ou seja,
não havia eleição para presidente pelo voto direto do povo nas urnas, o eleitor
escolhia seus deputados e senadores entre os candidatos dos partidos e esses
eleitos formavam o colégio eleitoral que elegia o presidente da república.
Apesar da não aprovação do projeto de lei que
estabelecia a eleição direta, a mobilização da sociedade civil fez com que nas
eleições indiretas para presidente o candidato da oposição, Tancredo Neves,
fosse eleito presidente da república. Apesar de seu falecimento antes da posse
e da nomeação de seu vice José Sarney, o fim do regime militar estava decretado
e a democracia seria institucionalizada com a promulgação da Constituição de
1988, que instaurou o regime democrático de direito,ou seja, regido por leis,
que reestabeleceu eleições diretas para todos os cargos executivos e
legislativos no Brasil.
Portanto, pelo que vimos nessa aula, a sociedade
civil teve no Brasil papel importante e determinante na reconstrução
democrática e sendo a democracia um processo vivo e em permanente transformação
é necessário que a participação da sociedade civil seja efetiva e constante
para a garantia e aumento dos direitos conquistados.
domingo, 23 de agosto de 2015
PROJETO CINE DEBATE: TEXTO COMPLEMENTAR DE SOCIOLOGIA. 3º ANO. ENSINO MÉDIO
O golpe de 1964 e a instauraçao do regime militar
Na
madrugada do dia 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado contra o
governo legalmente constituído de João Goulart. A falta de reação do governo e
dos grupos que lhe davam apoio foi notável. Não se conseguiu articular os
militares legalistas. Também fracassou uma greve geral proposta pelo Comando
Geral dos Trabalhadores (CGT) em apoio ao governo. João Goulart, em busca de
segurança, viajou no dia 1o de abril do Rio, para Brasília, e em seguida
para Porto Alegre, onde Leonel Brizola tentava organizar a resistência com
apoio de oficiais legalistas, a exemplo do que ocorrera em 1961. Apesar da
insistência de Brizola, Jango desistiu de um confronto militar com os golpistas
e seguiu para o exílio no Uruguai, de onde só retornaria ao Brasil para ser
sepultado, em 1976.
Antes
mesmo de Jango deixar o país, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, já
havia declarado vaga a presidência da República. O presidente da Câmara dos
Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu interinamente a presidência, conforme
previsto na Constituição de 1946, e como já ocorrera em 1961, após a renúncia
de Jânio Quadros. O poder real, no entanto, encontrava-se em mãos militares. No
dia 2 de abril, foi organizado o autodenominado "Comando Supremo da
Revolução", composto por três membros: o brigadeiro Francisco de Assis
Correia de Melo (Aeronáutica), o vice-almirante Augusto Rademaker (Marinha) e o
general Artur da Costa e Silva, representante do Exército e homem-forte do
triunvirato. Essa junta permaneceria no poder por duas semanas.
Nos
primeiros dias após o golpe, uma violenta repressão atingiu os setores
politicamente mais mobilizados à esquerda no espectro político, como por
exemplo o CGT, a União Nacional dos Estudantes (UNE), as Ligas Camponesas e
grupos católicos como a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Ação Popular
(AP). Milhares de pessoas foram presas de modo irregular, e a ocorrência de
casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste. O líder comunista Gregório
Bezerra, por exemplo, foi amarrado e arrastado pelas ruas de Recife.
A
junta baixou um "Ato Institucional" – uma invenção do governo militar
que não estava prevista na Constituição de 1946 nem possuía fundamentação
jurídica. Seu objetivo era justificar os atos de exceção que se seguiram. Ao
longo do mês de abril de 1964 foram abertos centenas de Inquéritos
Policiais-Militares (IPMs). Chefiados em sua maioria por coronéis, esses
inquéritos tinham o objetivo de apurar atividades consideradas subversivas.
Milhares de pessoas foram atingidas em seus direitos: parlamentares tiveram
seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos suspensos e
funcionários públicos civis e militares foram demitidos ou aposentados. Entre
os cassados, encontravam-se personagens que ocuparam posições de destaque na
vida política nacional, como João Goulart, Jânio Quadros, Miguel Arraes, Leonel
Brizola e Luís Carlos Prestes.
Entretanto,
o golpe militar foi saudado por importantes setores da sociedade brasileira.
Grande parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, da
Igreja católica, vários governadores de estados importantes (como Carlos
Lacerda, da Guanabara, Magalhães Pinto, de Minas Gerais, e Ademar de Barros, de
São Paulo) e amplos setores de classe média pediram e estimularam a intervenção
militar, como forma de pôr fim à ameaça de esquerdização do governo e de
controlar a crise econômica. O
golpe também foi recebido com alívio pelo governo norte-americano, satisfeito
de ver que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba, onde a guerrilha
liderada por Fidel Castro havia conseguido tomar o poder. Os Estados Unidos
acompanharam de perto a conspiração e o desenrolar dos acontecimentos,
principalmente através de seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, e do adido
militar, Vernon Walters, e haviam decidido, através da secreta "Operação
Brother Sam", dar apoio logístico aos militares golpistas, caso estes
enfrentassem uma longa resistência por parte de forças leais a Jango.
Os
militares envolvidos no golpe de 1964 justificaram sua ação afirmando que o
objetivo era restaurar a disciplina e a hierarquia nas Forças Armadas e deter a
"ameaça comunista" que, segundo eles, pairava sobre o Brasil. Uma
idéia fundamental para os golpistas era que a principal ameaça à ordem
capitalista e à segurança do país não viria de fora, através de uma guerra
tradicional contra exércitos estrangeiros; ela viria de dentro do próprio país,
através de brasileiros que atuariam como "inimigos internos" – para
usar uma expressão da época. Esses "inimigos internos" procurariam
implantar o comunismo no país pela via revolucionária, através da
"subversão" da ordem existente – daí serem chamados pelos militares
de "subversivos". Diversos exemplos internacionais, como as guerras
revolucionárias ocorridas na Ásia, na África e principalmente em Cuba, serviam
para reforçar esses temores. Essa visão de mundo estava na base da chamada
"Doutrina de Segurança Nacional" e das teorias de "guerra
anti-subversiva" ou "anti-revolucionária" ensinadas nas escolas
superiores das Forças Armadas.
Os
militares que assumiram o poder em 1964 acreditavam que o regime democrático
que vigorara no Brasil desde o fim da Segunda Guerra Mundial havia se mostrado
incapaz de deter a "ameaça comunista". Com o golpe, deu-se início à
implantação de um regime político marcado pelo "autoritarismo", isto
é, um regime político que privilegiava a autoridade do Estado em
relação às liberdades individuais, e o Poder Executivo em detrimento dos
poderes Legislativo e Judiciário.
Já
no início da "Revolução" ficou evidente uma característica que
permaneceria durante todo o regime militar: o empenho em preservar
a unidade por parte dos militares no poder, apesar da existência de
conflitos internos nem sempre bem resolvidos. O medo de uma "volta ao
passado" (isto é, à realidade política pré-golpe) ou de uma ruptura no
interior das Forcas Armadas estaria presente durante os 21 anos em que a
instituição militar permaneceu no controle do poder político no Brasil.
Mesmodesunidos internamente em muitos momentos, os militares demonstrariam
um considerável grau de união sempre que vislumbravam alguma ameaça
"externa" à "Revolução", vinda da oposição política.
A
falta de resistência ao golpe de 1964 não deve ser vista como resultado da derrota
diante de uma bem articulada conspiração militar. Foi clara a falta de
organização e coordenação entre os militares golpistas. Mais do que uma
conspiração única, centralizada e estruturada, a imagem mais fidedigna é a de
"ilhas de conspiração", com grupos unidos ideologicamente pela
rejeição da política pré-1964, mas com baixo grau de articulação entre si. Não
havia um projeto de governo bem definido, além da necessidade de se fazer uma
"limpeza" nas instituições e recuperar a economia. O que diferenciava
os militares golpistas era a avaliação da profundidade necessária à intervenção
militar.
Desde
o início havia uma nítida diferenciação entre, de um lado, militares que
clamavam por medidas mais radicais contra a "subversão" e apoiavam
uma permanência dos militares no poder por um longo período e, de outro lado,
aqueles que se filiavam à tradição de intervenções militares
"moderadoras" na política – como havia acontecido, por exemplo, em
1930, 1945 e 1954 – seguidas de um rápido retorno do poder aos civis. Os mais
radicais aglutinaram-se em torno do general Costa e Silva; os outros, do
general Humberto de Alencar Castelo Branco.
Articulações
bem-sucedidas na área militar de um grupo de oficiais pró-Castelo e o apoio dos
principais líderes políticos civis favoráveis ao golpe foram decisivos para
que, no dia 15 de abril de 1964, Castelo Branco assumisse a presidência da
República, eleito, dias antes, por um Congresso já bastante expurgado. O novo
presidente assumiu o poder prometendo a retomada do crescimento econômico e o
retorno do país à "normalidade democrática". Isto, no entanto, só
ocorreria 21 anos mais tarde. É por isso que 1964 representa um marco e uma
novidade na história política do Brasil: diferentemente do que ocorreu em
outras ocasiões, desta vez militares não apenas deram um golpe de Estado,
como permaneceram no poder.
Celso Castro
Fonte: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Golpe1964
TEXTO PARA A ATIVIDADE 3 DE SOCIOLOGIA. 2º ANO. 3º BIMESTRE. ENSINO MÉDIO
Vamos refletir sobre esta forma precária de trabalho que é o
trabalho escravo no século XXI?
1. Leia o seguinte relato:
A pele de Manuel se transformou em couro, curtida anos a fio
pelo sol da Amazônia e pelo suor de seu rosto. No Sudeste do Pará, onde boi
vale mais que gente, talvez isso lhe fosse útil. Mas acabou servente dos
próprios bois, com a tarefa de limpar o pasto. “Fizeram açude para o gado beber
e nós bebíamos e usávamos também.” Trabalhava de domingo a domingo, mas nada de
pagamento, só feijão, arroz e a lona para cobrir-se de noite. Um outro tipo de
cerca, com farpas que iam mais fundo, o impedia de desistir: “O fiscal de
serviço andava armado. Se o pessoal quisesse ir embora sem terminar a tarefa, eles
ameaçavam, e aí o sujeito voltava.”
OIT. TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL XXI. Coord. do
estudo, Leonardo Sakamoto. Brasília: Organização Internacional do Trabalho,
2007 . Pág.17
AULA 3 DE SOCIOLOGIA DO 2º ANO. 3º BIMESTRE. ENSINO MÉDIO
TRABALHO ESCRAVO NO SÉCULO XXI?
Embora a abolição da escravatura
tenha acontecido no Brasil em 1888, ou seja, no século XIX, hoje, em pleno
século XXI, podemos falar que ainda existe trabalho escravo em nosso país.
Porém, a escravidão contemporânea tem algumas características diferentes da
escravidão anterior. Nesta aula, vamos refletir juntos sobre o que é e como
acontece o trabalho escravo no século XXI.
Atualmente, considera-se trabalho escravo a forma
degradante de trabalho na qual o trabalhador não tem a garantia de sua
liberdade. Na zona rural, na qual se encontra a maior incidência de trabalho
escravo, os trabalhadores aliciados, ou seja, seduzidos pela falsa promessa de
um bom emprego, são vítimas de fazendeiros que buscam baixos custos e lucros
fáceis por meio da exploração da mão de obra escrava, se aproveitando da
situação de vulnerabilidade dos mais pobres. O Brasil é referência mundial no
combate contra o trabalho forçado e busca erradicar essa forma de trabalho.
Como dissemos, o trabalho escravo é uma forma degradante de
trabalho na qual o trabalhador não tem garantida sua liberdade sendo, na
maioria das vezes, escravizado pela servidão por dívida ilegalmente atribuída
ao trabalhador, pelo isolamento geográfico que impede a fuga e pela constante
ameaça a sua vida. Mas como o trabalho escravo acontece atualmente?
Os “gatos”, que são contratadores
de mão de obra a serviço dos fazendeiros, aliciam os trabalhadores oferecendo
uma oportunidade de serviço em fazendas, prometendo salário, alojamento e
comida. Para convencer o trabalhador, oferecem o transporte até a fazenda e um
“adiantamento” para a família. Os trabalhadores em busca de uma oportunidade de
emprego e para garantir a sua sobrevivência e de sua família aceitam a
proposta. Porém, quando chegam ao serviço o gato lhes informa que eles têm uma
dívida, anotada em um caderno. Neste caderno são anotadas as dívidas com o
adiantamento, o transporte e as despesas de alimentação até a fazenda. Também
são anotadas as dívidas com os instrumentos que o trabalhador precisa para o
trabalho, as despesas com moradia e alimentação. Assim, o trabalhador não pode
se desligar devido à divida ilegalmente atribuída a ele e, caso tente fugir, é
ameaçado podendo perder sua própria vida. Dessa forma, as dividas e as ameaças
físicas tornam-se correntes e tiram a liberdade do trabalhador escravizado.
Como estes trabalhadores são libertos desta
situação? Os chamados Grupos móveis de fiscalização, formados por auditores
fiscais do trabalho, procuradores do trabalho e policiais, atuam fiscalizando
as propriedades e apurando denúncias de trabalho escravo e, uma vez confirmada
a situação de trabalho escravo, libertam os trabalhadores. Na maioria das
vezes, os trabalhadores escravizados são encontrados vivendo em situações
degradantes, morando em precários barracos de plástico, bebendo água envenenada
ou doente e sem assistência médica.
Na zona rural, a pecuária é uma das principais
atividades que utilizam trabalho escravo para tarefas como derrubada de mata
para pastagem e retirada de plantas indesejáveis com uso de venenos. Este
trabalho é feito sem equipamentos de segurança o que leva o trabalhador a ser
vítima de graves acidentes de trabalho, como mutilação, feridas na pele ou
intoxicação. Também há casos de trabalho escravo nas cidades, principalmente,
nas oficinas de costura e canteiro de obras. O Tocantins e a região Nordeste,
principalmente os estados do Maranhão e do Piauí, são grandes fornecedores de
mão de obra escrava e o Pará é o principal utilizador destes trabalhadores
escravizados. As principais vítimas do trabalho escravo são os homens na faixa
etária dos 18 aos 40 anos. Na zona urbana, há um grande número de sul
americanos, principalmente bolivianos, em situação de trabalho escravo,
sobretudo nas oficinas de costura.
AULA 2 DE SOCIOLOGIA DO 2º ANO. 3º BIMESTRE. ENSINO MÉDIO
MERCADO DE TRABALHO E DESIGUALDADES
Vamos começar ouvindo uma musica da Elza Soares.
“A carne mais barata do mercado é a carne negra Que
vai de graça pro presídio E para debaixo de plástico Que vai de graça pro
subemprego E pros hospitais psiquiátricos...
A carne mais barata do mercado é a carne negra
Que fez e faz história Segurando esse país no braço
...”
A carne – Elza Soares
Por que será que a cantora Elza Soares afirma em
sua música “A carne” que “a carne mais barata do mercado é a carne negra”?
Nesta aula vamos refletir juntos sobre como as desigualdades sociais se
manifestam também no mercado de trabalho.
Estudos sobre o mercado de trabalho no Brasil
apontam que a maioria que trabalha informalmente é pobre e, no nosso país, a
parcela mais pobre da população é significativamente constituída por mulheres e
negros. Dessa forma as mulheres e os negros são as pessoas mais vulneráveis no
mercado de trabalho. Você deve estar se perguntando: por que há essa
desigualdade no nosso país?
Para começarmos a compreender essa desigualdade é
preciso pensar no papel que, em nossa sociedade, é atribuído a mulher e que
chamamos de gênero. Culturalmente atribuímos à mulher o cuidado com a
casa e com os filhos. Esse papel social culturalmente construído influencia no
mercado de trabalho já que estudiosos observam que as mulheres concentram-se
nas ocupações relacionadas ao cuidado, ao comércio e na prestação de serviços
pessoais como, por exemplo, o serviço doméstico, a enfermagem, a assistência
social e o ensino primário. Em nossa sociedade essas ocupações têm baixo
prestígio social e remuneração.
O mercado de trabalho brasileiro também é marcado
pela desigualdade racial. Estudos apontam que os trabalhos mais desvalorizados
socialmente e com os salários mais baixos são ocupados em grande parte por
negros. As mulheres negras sofrem ainda dupla discriminação: de raça e de
gênero. Isso acontece graças a nossa herança histórica da colonização e da
escravidão quando os negros não tinham os direitos de cidadania garantidos,
sobretudo o direito a educação. Essa herança produz e reproduz desigualdades
até os dias de hoje.
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
TEXTO OBRIGATÓRIO PARA A ATIVIDADE 3 DE SOCIOLOGIA - 2º ANO - ENSINO MÉDIO
Trabalho escravo no século XXI?
Embora
a abolição da escravatura tenha acontecido no Brasil em 1888, ou seja, no
século XIX, hoje, em pleno século XXI, podemos falar que ainda existe trabalho
escravo em nosso país. Porém, a escravidão contemporânea tem algumas
características diferentes da escravidão anterior. Nesta aula, vamos refletir
juntos sobre o que é e como acontece o trabalho escravo no século XXI.
Atualmente,
considera-se trabalho escravo a forma degradante de trabalho na qual o
trabalhador não tem a garantia de sua liberdade. Na zona rural, na qual se
encontra a maior incidência de trabalho escravo, os trabalhadores aliciados, ou
seja, seduzidos pela falsa promessa de um bom emprego, são vítimas de
fazendeiros que buscam baixos custos e lucros fáceis por meio da exploração da
mão de obra escrava, se aproveitando da situação de vulnerabilidade dos mais
pobres. O Brasil é referência mundial no combate contra o trabalho forçado e
busca erradicar essa forma de trabalho.
Como
dissemos, o trabalho escravo é uma forma degradante de trabalho na qual o
trabalhador não tem garantida sua liberdade sendo, na maioria das vezes,
escravizado pela servidão por dívida ilegalmente atribuída ao trabalhador, pelo
isolamento geográfico que impede a fuga e pela constante ameaça a sua vida. Mas
como o trabalho escravo acontece atualmente?
Os
“gatos”, que são contratadores de mão de obra a serviço dos fazendeiros,
aliciam os trabalhadores oferecendo uma oportunidade de serviço em fazendas,
prometendo salário, alojamento e comida. Para convencer o trabalhador, oferecem
o transporte até a fazenda e um “adiantamento” para a família. Os trabalhadores
em busca de uma oportunidade de emprego e para garantir a sua sobrevivência e
de sua família aceitam a proposta. Porém, quando chegam ao serviço o gato lhes
informa que eles têm uma dívida, anotada em um caderno. Neste caderno são
anotadas as dívidas com o adiantamento, o transporte e as despesas de
alimentação até a fazenda. Também são anotadas as dívidas com os instrumentos
que o trabalhador precisa para o trabalho, as despesas com moradia e
alimentação. Assim, o trabalhador não pode se desligar devido à divida
ilegalmente atribuída a ele e, caso tente fugir, é ameaçado podendo perder sua
própria vida. Dessa forma, as dividas e as ameaças físicas tornam-se correntes
e tiram a liberdade do trabalhador escravizado.
Como
estes trabalhadores são libertos desta situação? Os chamados Grupos móveis de
fiscalização, formados por auditores fiscais do trabalho, procuradores do
trabalho e policiais, atuam fiscalizando as propriedades e apurando denúncias
de trabalho escravo e, uma vez confirmada a situação de trabalho escravo,
libertam os trabalhadores. Na maioria das vezes, os trabalhadores escravizados
são encontrados vivendo em situações degradantes, morando em precários barracos
de plástico, bebendo água envenenada ou doente e sem assistência médica.
Na
zona rural, a pecuária é uma das principais atividades que utilizam trabalho
escravo para tarefas como derrubada de mata para pastagem e retirada de plantas
indesejáveis com uso de venenos. Este trabalho é feito sem equipamentos de
segurança o que leva o trabalhador a ser vítima de graves acidentes de
trabalho, como mutilação, feridas na pele ou intoxicação. Também há casos de
trabalho escravo nas cidades, principalmente, nas oficinas de costura e
canteiro de obras. O Tocantins e a região Nordeste, principalmente os estados
do Maranhão e do Piauí, são grandes fornecedores de mão de obra escrava e o
Pará é o principal utilizador destes trabalhadores escravizados. As principais
vítimas do trabalho escravo são os homens na faixa etária dos 18 aos 40 anos.
Na zona urbana, há um grande número de sul americanos, principalmente
bolivianos, em situação de trabalho escravo, sobretudo nas oficinas de costura.
terça-feira, 18 de agosto de 2015
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
domingo, 16 de agosto de 2015
sábado, 15 de agosto de 2015
DIVULGANDO APLICATIVO
SOCIOLOGIA – 1º, 2º e 3º ANO Ensino Médio
RUDOLF ROTCHILD
OS TEXTOS ESTÃO TAMBÉM DISPONÍVEIS NO
APLICATIVO
Utilizem
este endereço no navegador de seu celular
OU
Fotografem este código com um aplicativo leitor de códigos QR
QUEM SOU EU?
Mar Portuguez
Ó mar salgado, quanto do
teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale
a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa, Mensagem
Este poema “Mar portuquez” de Fernando Pessoa me persegue e traduz a
minha trajetória profissional e acadêmica.
Comecei na educação num impulso de querer dar certo, de querer cruzar “os
mares” que antes não tinha nem me dado conta que existia. Quer ser artista?
Quer ser educador? Uma oportunidade me foi ofertada em agosto de 1993. Recém
formado em técnico de edificações, via no Projeto da Animação Cultural do
professor Darcy Ribeiro uma oportunidade de conhecer este “mar” nunca antes
navegado.
“O mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal”.
Fui conhecendo uma realidade que ainda me desafia e cansa. Trabalhar em
escolas públicas de periferia, é como vê a desigualdade social de perto sem
nenhum mascaramento midiático. É assustador e desafiante ao mesmo tempo. E eu
ainda não desisti. Estou aqui neste curso buscando novos atributos que possa me
reinventar agora como artista-educador. Será que é isso que eu sou? Considero
que no início desta trajetória pude me reinventar durante 18 anos na Animação
Cultural, sendo um competente animador cultural. Realizei tantas coisas:
exposições, festas, espetáculos, musicais... Ultrapassei tantos obstáculos que
acabei buscando a lapidação do meu ser, do meu artesão intelectual em cidades
históricas do nosso Brasil Cultural como Ouro Preto. E foi nas ladeiras da rua
da direita que encontrei uma vontade de ir além. De voltar a estudar. E depois
de tantas oficinas e cursos na área de teatro, literatura, artes plásticas...
Fazer um curso universitário naquele momento se transformava na minha grande meta.
Os Festivais de Inverno de Ouro Preto foram uma escola sem paredes, sem
carteiras, sem bancos. Uma escola que não cabia em nenhum edifício. Se os
homens soubessem da importância que tem a experiência, o lado lúdico da vida.
Empirismo sim, por que não? Precisamos humanizar a intelectualidade.
De volta para a realidade mais dura, sóbria e densa, enfrentei as
preparações “vestibulescas” e depois de várias tentativas não bem sucedidas, acabei
me encontrando intelectualmente no curso de Ciências Sociais. O ano era 2000, o
ano que tudo acabaria em cinzas. Para mim foi o ano do recomeço. A vida
acadêmica. Num processo de reconstrução que durou cinco anos e meio, fiz do meu
trabalho como Animador Cultural uma porta para o universo das discussões
teóricas. A minha monografia enfatizava a vida de um aluno que tinha experienciado
o Movimento dos Sem-Terra. Foi incrível ser um observador-participante. Tomei
banho de rio, caminhei por entre as matas e transformei tudo em pesquisa. O
encanto soava os meus ouvidos:
“Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena.”
Depois de (dês)formado, a minha pesquisa que virou monografia de final
de curso me levou para um Congresso na Argentina, na província de Salta. Mais
uma experiência que não consigo traduzir em palavras. Apresentar a minha
pesquisa em terras “hermanas”, me deu um motivo maior. Na ânsia de ser um artista-educador mais uma vez, fui
almejando a possibilidade de ser um educador da sociologia através da parceria
que a Universidade Cândido Mendes com o Instituto A vez do Mestre estava dando
para os recém formados que não tinham a devida formação pedagógica.
Encarei um ano e alguns meses.
Fui bem sucedido. Logo já estava atuando como professor de sociologia em uma
escola privada da cidade de Campos dos Goytacazes.
“Quem quer passar além do Bojador, Tem que passar além da dor.”
Assim fui
adiante e sem pestanejar acabei sendo professor da escola de ensino fundamental
que tinha me ajudado naquela formação de sonhador. Refiro-me ao Instituto de
Educação Professor Aldo Muylaert. Nos
momentos que os meninos mais severos queriam me bater por ser diferente, os
professores dessa escola foram depositando em mim a crença e a esperança de
dias melhores. Não abri mão desses ensinamentos. Hoje estou em Resende,
trabalhando como educador-artista da SEEDUC-RJ em duas matrículas. Hoje estou
mais uma vez me reinventando e me propondo a não parar no meio do caminho. A
vida vale à pena. Busco nesse curso de pós-graduação uma continuidade da minha
formação.
Bom, preferi
me apresentar desta forma, pois o mundo está muito irracional. A razão também
se apresenta como poesia. Queria ir além do currículo formal. Por que não
podemos nos apresentar desta forma? Quero fugir dos padrões. E para que tantos
padrões? Não estamos aqui para reinventá-los? Não quero desistir de ser um
artista-educador, assim como Fernando Pessoa não desistiu de ser um poeta
navegador.
Insisto em dizer que nessa vida de busca :
“Tudo
vale a pena, quando a alma não é pequena.”
Rudolf Rotchild Costa Cavalcante
TEXTO COMPLEMENTAR DE FILOSOFIA - 2º ANO E.M
Super-Heróis e a filosofia - Verdade, justiça e o caminho
socrático
O
que o mundo colorido dos super-heróis tem em comum
com o universo sisudo e complexo da filosofia? Para o pesquisador William Irwin e seus colaboradores,
muita coisa. Partindo de histórias conhecidas, como as do Homem-Aranha,
Superman e Quarteto Fantástico, um grupo
seleto de autores debate as questões filosóficas e de sabedoria que residem
ocultas em muitas vezes ingênuas histórias em quadrinhos de heróis fantasiados.
Coisas que nós leitores não prestamos a devida atenção em meio aos
lugares-comuns desse gênero que já faz parte do imaginário coletivo.
Como
em toda coletânea, há artigos melhor acabados, capazes de despertar no leitor
questionamentos não apenas sobre o que há escondido por trás dos colantes dos
super-heróis, como também sobre como funciona o nosso próprio inconsciente com
relação às nossas fantasias ao poder. Nesses momentos, o livro se mostra uma
agradável surpresa, levantando questões éticas, morais e sociais embasadas em
teorias de filósofos como Sócrates, Platão, Kant e Kierkegaard,
entre diversos outros.
Infelizmente,
alguns dos textos mais fracos são exatamente os assinados por autores de
quadrinhos, como o escrito por Jeph Loeb junto com um dos organizadores
da coletânea, Tom Morris.
O texto se resume a um apanhado de conselhos moralistas, sem entrar muito fundo
nos aspectos filosóficos. Dennis O´Neil,
autor do Guia oficial DC Comics: Roteiros,
acaba se saindo um pouco melhor, dando um toque de bom humor ao tema. Há também
escorregões como o do artigo "Por
que os super-heróis devem ser bons?", que usa a heroína Tempestade (dos X-Men) como exemplo de heroína
perfeita, tendo com base a sua unidimensional versão cinematográfica
(interpretada pela atriz Halle Berry)
em vez de explorar esse aspecto indo direto na fonte real: os quadrinhos. Mas
não são deslizes que tornem a leitura um problema. Os acertos e descobertas da
grande maioria dos textos é de instigar a curiosidade do leitor.
Um
bom exemplo dos ensaios interessantes que compõem o livro é o texto de Tom
Morris, intitulado "Deus, o Diabo e Matt Murdock", em que o autor
disseca a fundo os traços de personalidade do alter ego do Demolidor, reconhecendo padrões de
comportamento católicos em conflito com a vida que o personagem leva. Partindo
de situações coerentes estabelecidas principalmente por Frank Miller e Kevin Smith em diferentes fases, Morris
explica como a filosofia católica aparece nos atos de Murdock, um personagem
complexo e cheio de angústias e contradições, mas também dotado de uma
motivação altruísta sem paralelos.
Outro
ponto alto é o texto "O Quarteto Fantástico como família: O maior de todos
os laços", deChris Ryall e Scott Tipton, em que a relação
entre cada um dos membros dessa família é dissecada de forma tão clara que é
possível encontrar paralelos com a sua própria família durante a leitura. Além
desses, a série de artigos sobre "Super-heróis e o dever moral",
levanta questões éticas muito interessantes: por que os heróis são bons?; se
eles realmente devem sê-lo; sua moral e a questão da responsabilidade. Análises
estas, feitas sempre se pensando nas questões que fazem parte do nosso cotidiano
e não são apenas um exercício de imaginação a respeito de super-seres
coloridos. Citações e reflexões sobre Watchmen, O Reino do Amanhã, Cavaleiro das Trevas e Crise nas Infinitas Terras revelam aspectos do
heroísmo e da própria existência humana em situações extremas.
O
título vem se juntar ao acervo de obras similares lançadas pela editora, que
possui vários outros livros com ensaios filosóficos tendo como ponto de partida
ícones pop como Harry Potter, Star Wars, Matrix, A Família Soprano e Buffy - A caça-vampiros.
Infelizmente, a versão nacional do livro não faz bonito ao promover seu
produto. A começar pela capa, que utiliza os personagens da Liga da Justiça da versão animada, não
despertando, numa olhada rápida na prateleira, credibilidade aos assuntos
discutidos em seu conteúdo. A ilustração é claramente calcada em material
promocional da DC, fato não mencionado nos créditos. Iconograficamente o livro
também é muito pobre, pois fragmenta a mesma imagem para ilustrar cada
capítulo, chegando até mesmo ao cúmulo de publicar a imagem do Super-Homem com
o "S" invertido. Sem falar que ilustrar tópicos sobre os heróis da
editora Marvel com personagens da DC Comics é, no mínimo, um erro
desnecessário.
Também
é importante salientar a falta de interesse da tradução em pesquisar um pouco a
respeitos dos personagens que compõem o livro. Praticamente todos os quadrinhos
citados já foram publicados no Brasil, mas estão todos citados em inglês
(inclusive as referências bibliográficas remetem apenas às edições americanas),
o que pode dificultar o entendimento de quem não é familiarizado com os últimos
20 anos de HQs de heróis publicadas no Brasil. Não bastasse isso, quando se
arrisca, a tradução não poderia ser mais equivocada. O extraterrestre conhecido
por nós como o Vigia,
foi rebatizado de Observador (nome que só teve na primeira
dublagem brasileira dos desenhos
desanimados da Marvel)
e a Fortaleza da Solidão do Super-Homem virou Fortaleza da Solitude. Fora os
escorregões feios, como rebatizar a simpática tia May (do Homem-Aranha), de tia
Mary. Ou seja, o livro merecia um tratamento mais cuidadoso e alguma
consultoria.
Mas
se ignorarmos esses deslizes, encontraremos um material muito proveitoso.
Afinal, em muitos casos, a análise supera em muito as intenções originais dos
autores dos quadrinhos. Ou seja, ao analisarem as implicações filosóficas, os
pensadores reunidos no livro descobrem nuances talvez nunca imaginadas pelos
próprios roteiristas, o que demonstra a riqueza e coerência de muitas criações.
Após a leitura, termos como teísmo, utilitarismo e existencialismo podem
ficar tão familiares quanto kriptonita, multiverso e raios cósmicos.
Em
suma, o livro é uma leitura altamente recomendada não só aos curiosos, mas
também aos roteiristas que produzem HQs de qualquer gênero, graças à reflexão
séria proposta a respeito dos motivos que levam esses personagens a
sobreviverem por tantas décadas. Caso
a esmagadora maioria de roteiristas medíocres que teimam em queimar personagens
de grande potencial em batalhas fúteis parasse para entender as complexas
questões que povoam as entrelinhas (ou entre-quadros) dos quadrinhos dos
vigilantes mascarados, certamente o leitor ganharia bastante ao encontrar nas
bancas quadrinhos que realmente unem arte, entretenimento e (por que não?)
questionamento.
ALEXANDRE NAGADO E JOSÉ AGUIAR
Fonte:
http://omelete.uol.com.br/games/artigo/super-herois-e-a-filosofia-verdade-justica-e-o-caminho-socratico/
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
CRESCIMENTO DO TRABALHO INFORMAL
Trabalho informal aumenta em meio
a onda recente de demissões
Dezenas de milhares de trabalhadores que perderam o
emprego com carteira assinada têm vivido de bicos ou trabalhado como autônomos
enquanto procuram uma nova oportunidade.
Brasília
- A onda recente de demissões tem empurrado cada vez mais trabalhadores para a
informalidade no Brasil, deixando-os mais vulneráveis a uma recessão que pode
ser a pior em 25 anos.
Dezenas
de milhares de trabalhadores que perderam seus empregos com
carteira assinada têm vivido de bicos ou trabalhado como autônomos enquanto
procuram uma nova oportunidade. Nesse processo, muitas vezes deixam de
contribuir para a Previdência Social e ficam com dificuldades para obter
crédito.
O
trabalho por conta própria, na maioria dos casos com rendimento inferior a R$
1.300 por mês, já representa 19,5% de todas as ocupações nas principais cidades
do Brasil - maior nível em oito anos, segundo dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e
Estatística (IBGE) para janeiro.
A história de
pessoas como José Lúcio da Silva, 55, ilustra a intensidade com que a economia
brasileira e o mercado de trabalho têm perdido o vigor da última década.
"O patrão falou
que o serviço estava devagar. Sem serviço, quase. Então ele dispensou a
gente," disse Silva, que trabalhou como impermeabilizador em obras em
Brasília, com carteira assinada, ao longo dos últimos 30 anos.
Ele
está a apenas cinco anos da aposentadoria - mas antes quer voltar a trabalhar
com carteira assinada e continuar a contribuir para a Previdência.
"Não
é toda hora que tem um bico para você fazer. Tem um biquinho aqui, outro ali,
mas às vezes demora para aparecer."
O
enfraquecimento do mercado de trabalho é um problema para a economia
brasileira, já estagnada, e para a presidente Dilma Rousseff, que conseguiu a
reeleição em outubro passado em grande medida graças ao baixo desemprego.
Desde
então, a popularidade dela despencou, com 62 por cento das pessoas julgando seu
governo como "ruim" ou "péssimo", segundo pesquisa do
Datafolha divulgada nesta semana.
Embora
os dados mais recentes do IBGE não tenham detalhes sobre renda ou escolaridade,
outros levantamentos revelam que o trabalhador por conta própria típico é
homem, de meia idade, com atividade de baixa ou média renda. Mais da metade
trabalha na agricultura, construção ou comércio, seja como vendedor ambulante
ou representante autônomo.
O
trabalhador por conta própria não é considerado um desempregado, a menos que se
declare como tal, o que ajuda a manter a taxa de desemprego em níveis
relativamente baixos. Apenas um quarto desses trabalhadores contribui para a
Previdência.
Fora
do mercado formal, eles pagam menos impostos, o que também prejudica os
esforços do governo de ampliar a arrecadação, reduzir o déficit fiscal e manter
o grau de investimento da dívida pública.
O
Brasil já teve momentos muito piores: o mercado de trabalho continua bem mais
robusto que no início dos anos 2000, quando a taxa de desemprego rondava os 13
por cento e o salário mínimo era um terço dos 788 reais de hoje.
Anos
de rápido crescimento econômico e políticas de combate à pobreza ajudaram a
tirar milhões de pessoas da pobreza; até poucos anos atrás, o emprego avançava
tão rapidamente que era difícil encontrar pintores ou faxineiras disponíveis.
Esse
avanço, no entanto, estancou.
O
ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif
Domingos, disse que o governo trabalha para garantir que todos os trabalhadores
autônomos sejam devidamente registrados.
"O
emprego se tornou muito instável," disse Afif, que trabalha com o ministro
da Fazenda, Joaquim Levy, em um projeto de lei para ampliar o regime tributário
facilitado para trabalhadores autonômos e pequenas empresas, o SuperSimples.
"Se o mercado não facilita contratação, sem dúvida ele corre para
trabalhar por conta própria."
Apesar
do aumento do trabalho por conta própria, o número de inscritos no cadastro de
empreendedores individuais do governo tem aumentado a uma taxa mais moderada
nos últimos meses, de acordo com dados do próprio governo.
Enquanto
isso, o número de trabalhadores com carteira assinada caiu 1,9 por cento em
janeiro ante janeiro de 2014, maior taxa anual em 11 anos, em mais um sinal de
que a informalidade tem aumentado após anos de queda contínua ao longo da
década passada.
"SEM
UM CENTAVO"
Altos
impostos e contribuições sociais fazem do Brasil um dos lugares mais caros do
mundo para o emprego formal.
Empresas
precisam pagar 17 mil dólares ao ano em impostos e contribuições para cada 30
mil em salários, mais do que o dobro da média global, segundo um estudo de 2013
da consultoria britânica UHY. No México, esse custo é inferior a 7 mil dólares.
Mais
de 600 mil empregos formais foram fechados desde outubro ,
segundo dados do governo. Nos dois primeiros meses do ano, a perda chega a 80
mil vagas. A situação deve piorar ao longo deste ano, de acordo com 69 por
cento das pessoas entrevistadas pelo Datafolha, já que a economia não cresce.
Segundo expectativas do mercado, o PIB deve encolher 0,8 por cento este ano,
pior taxa desde 1990.
A
taxa de pessoas trabalhando por conta própria tem aumentado desde o final de
2012. Antes disso, o único período de crescimento no passado recente foi em
2009, logo após a crise financeira internacional, mas que durou pouco.
"Eu
ficaria surpreso se a gente conseguisse uma retomada como em 2009. Lá tinha uma
crise internacional, mas com mercado interno aqui ainda forte," disse
Carlos Henrique Corseuil, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Mário
Ramos, 47, diz que não pode esperar muito. Depois de perder o emprego como
vigia no ano passado, seu seguro-desemprego terminou em janeiro. Agora ele
pensa em vender sua pequena chácara na periferia de Brasília para tentar comprar
um caminhão e fazer entregas.
"Não
tenho nenhum centavo na minha carteira."
Fonte: Reutersredacao@brasileconomico.com.br
TEXTO PARA A ATIVIDADE II DO 2º ANO – SOCIOLOGIA – ENSINO MÉDIO
Seminário
aponta persistência de desigualdades raciais no mercado de trabalho
Data:
30/04/2013
Ministra
Luiza Bairros afirmou que o Brasil está pagando um preço caro por ter deixado
os negros fora do processo de desenvolvimento “Melhoram os salários, mas não
diminuem as desigualdades porque temos dificuldades de implementar políticas
para negros”. A conclusão é da professora doutora em Psicologia, Maria
Aparecida da Silva Bento, palestrante da primeira mesa do Seminário “Trabalho e
desenvolvimento: capacitação técnica, emprego e população negra”, realizado em
Recife-PE, na última sexta-feira, 26/04.
A
persistência das desigualdades entre homens e mulheres e entre trabalhadores
negros e brancos deu a tônica do seminário promovido pela Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) na capital pernambucana. Ao
apresentar dados de 2011 da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), Jackeline
Teixeira Natal disse que as mulheres negras representam o segmento com maior
dificuldade de acessar ao mercado de trabalho no Brasil. De acordo com a
técnica do DIEESE - Divisão Intersindical de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos, quando a taxa de desemprego geral era de 12% a 13%, entre as mulheres
negras esse indicador era de 18%.
“De
cada cinco mulheres negras no mercado, uma está no trabalho doméstico e o
perfil dessa ocupação no Brasil acusa 56 horas semanais para as trabalhadoras
com carteira assinada, uma carga bem superior a dos demais trabalhadores”,
afirmou a técnica ao apresentar os dados da PED relativos à População em Idade
Ativa (PIA), das regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Distrito Federal,
Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo.
Para
Jackeline, a remuneração reflete as relações de trabalho e “a prova disso é que
em São Paulo, um dos mercados mais estruturados do país, a mulher negra ganha
40% em relação ao salário do homem branco e o homem negro 60%”. No que diz
respeito à formação de nível superior, que conforme a pesquisadora facilita o
acesso ao mercado de trabalho, os indicadores paulistas são de 24,4% para
trabalhadores não negros e de 8,4 % para negros. Na região metropolitana da
capital baiana, onde a presença de afrodescendentes é predominante, a diferença
é mais significativa, sendo de 12,5% para os trabalhadores negros com nível
superior e de 30% para não negros.
Texto adaptado. Disponível em
http://www.seppir.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2013/04/seminario-aponta-persistencia-de-desigualdades-raciais-no-mercado-de-trabalho
Acesso em 17 de agosto de 2013.
TEXTO PARA A ATIVIDADE I – SOCIOLOGIA – 2º ANO – ENSINO MÉDIO
Estudo
mostra que quem deixa o emprego formal em busca de autonomia acaba tendo que
trabalhar mais. 28 de maio de 2013
| 2h 06
MÁRCIA
DE CHIARA - O Estado de S.Paulo
Quatro
em cada dez brasileiros que estão hoje no mercado informal de trabalho como
prestadores de serviços ou vendedores de produtos foram motivados a deixar o
emprego formal em busca de autonomia e de flexibilidade no dia a dia. Mas, ao
daremesse passo, eles acabam cumprindo uma jornada mais extensa do que teriam
numa empresa, com a obrigatoriedade de bater o cartão de ponto.
Isso
é o que mostra um estudo feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil)
e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) para traçar o perfil
do trabalhador informal. De acordo com a pesquisa, que consultou 612
proprietários de estabelecimentos e profissionais autônomos dos setores de
comércio e serviços de todas as capitais, sem inscrição no Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica e trabalhadores informais, 90% deles trabalham cerca de oito
horas por dia, de segunda a sábado. E 27% informaram que têm jornada aos
domingos.
"O
resultado da pesquisa mostra um paradoxo: a pessoa vai para informalidade
porque não quer depender de patrão, mas trabalha mais horas e fica vulnerável
porque não está coberta pela lei", afirma o gerente financeiro do
SPC-Brasil, Flávio Borges. A pesquisa mostra que 72% dos informais não pagam
previdência (INSS).
A
maioria dos entrevistados (78%) também já teve trabalho com carteira assinada
antes de ingressar na informalidade. Esse é o caso de Valdemir Trivelato, de 51
anos, dos quais 20 trabalhando como ambulante. Ex-bancário, o ex-analista de
crédito que cursou até o segundo ano da faculdade de administração de empresas,
conta que foi parar na informalidade por "falta de opção". Na época,
perdeu o emprego num corte que houve no banco. De lá para cá, se dedicou à
venda de itens ligados à eletrônica. No começo, eram rádios. Agora, são capas
de celulares e acessórios.
"Hoje
trabalho seis dias por semana, das 7h às 21h. Alguns dias vou às 4h da manhã ao
Brás para comprar as mercadorias", conta o ambulante. Quando estava
empregado no banco, cumpria uma jornada diária bem menor, de seis horas.
Com
renda média mensal de R$ 1.300, Trivelato conta que desistiu, mais
recentemente, de buscar uma oportunidade de trabalho no mercado formal por
causa da idade, apesar de a economia estar hoje praticamente em pleno emprego.
Mas,
na análise de Borges, do SPC-Brasil, essa contradição entre um grande
contingente de informais e a falta de mão de obra para vagas formais é
aparente. Na verdade, diz ele, os trabalhadores que estão na informalidade têm
baixa qualificação e não teriam condições de preencher parte dos empregos que
sobram nas empresas. Segundo a pesquisa, 88% dos entrevistados têm, no máximo,
ensino médio.
A
maioria dos informais é mulher (50,2%), e o setor de comércio, com 59%,
prevalece sobre o de serviços (41%). Mas o tíquete médio dos serviços é de R$
69,28, bem superior ao do comércio, de R$ 45.
_______________________________________________________________________
Texto adaptado. Disponível em:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,trabalho-informal-tem-jornada-superior-a-48-horas-semanais-,1036333,0.htm
Acesso 17 de agosto de 2013.
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Assinar:
Postagens (Atom)