1. ENEM 2014
Mas plantar pra dividir
Não faço mais isso, não.
Eu sou um pobre caboclo,
Ganho a vida na enxada.
O que eu colho é dividido
Com quem não planta nada.
Se assim continuar
vou deixar o meu sertão,
mesmo os olhos cheios d‘água
e com dor no coração.
Vou pró Rio carregar massas
pros pedreiros em construção.
Deus até está ajudando:
está chovendo no sertão!
Mas plantar pra dividir,
Não faço mais isso, não.
VALE, J; AQUINO, J. B. Sina de caboclo. São Paulo: Polygram,
1994 (fragmento).
No trecho da canção, composta na década de 1960, retrata-se
a insatisfação do trabalhador rural com
A) distribuição desigual da produção
B) Os financiamentos feitos ao produtor rural.
C) A. ausência de escolas técnicas no campo.
D) Os empecilhos advindos das secas prolongadas.
E) A precariedade de insumos no trabalho do campo.
2 2 Segundo Aristóteles, “os cidadãos não devem
viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios (estes tipos de vida são
ignóbeis e incompatíveis com as qualidades morais); tampouco devem ser agricultores
os aspirantes à cidadania, pois o lazer (ócio) é indispensável ao
desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas.”
Com base no texto acima, o ócio é
A) Banalizado da vida pública ateniense.
B) Desprezado para evitar o desperdício do tempo.
C) Fundamental à virtude do cidadão livre.
D) Negado em prol do trabalho lucrativo.
E) Organizado pelo Estado para melhorar a produção.
3. Dominar a luz implica tanto um avanço tecnológico quanto
uma certa liberação dos ritmos cíclicos da natureza, com a passagem das
estações e as alternâncias de dia e noite. Com a iluminação noturna, a
escuridão vai cedendo lugar à claridade, e a percepção temporal começa a se
pautar pela marcação do relógio. Se a luz invade a noite, perde sentido a
separação tradicional entre trabalho e descanso – todas as partes do dia podem
ser aproveitadas produtivamente.
SILVA FILHO. A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade.
Fortaleza: Museu do Ceará: Secult-CE. 2001 (adaptado).
Em relação ao mundo do trabalho, a transformação apontada no
texto teve como consequência a
A) Melhoria da qualidade da produção industrial.
B) Redução da oferta de emprego nas zonas rurais.
C) Permissão ao trabalhador para controlar seus próprios
horários.
D) Diminuição das exigências de esforço no trabalho com
máquinas.
E) Ampliação do período disponível para a jornada de
trabalho.
4. O texto a seguir faz referência a uma forma específica de
organização do trabalho, que impulsionou o desenvolvimento do capitalismo
industrial no século XX.
O trabalho era [...] prender tampas de vidro em garrafas
pequenas. Trazia na cintura a meada de barbante. Segurava as garrafas entre os
joelhos, para poder trabalhar com as duas mãos. Nesta posição, sentado e
curvado sobre os joelhos, os seus ombros estreitos foram se curvando; o peito
ficava contraído durante dez horas por dia [...] O superintendente tinha grande
orgulho dele e trazia visitantes para observarem-no [...] Isto significava que
ele atingira a perfeição da máquina. Todos os movimentos inúteis eram
eliminados. Todos os movimentos dos seus magros braços, cada movimento de um
músculo dos dedos magros, eram rápidos e precisos. Trabalhava sob grande
tensão, e o resultado foi tornar-se nervoso.
(LONDON, J. Contos. São Paulo: Expressão Popular, 2005. p.
98.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é
correto afirmar que esta forma de organização do trabalho:
A) Implicou um enriquecimento das tarefas a serem
desenvolvidas, de tal modo que os trabalhadores poderiam operar, por exemplo,
com a habilidade das duas mãos.
B) Produziu um trabalhador mais intelectualizado, visto que
a complexidade do seu trabalho coincidia com a complexidade da máquina
utilizada.
C) Apoiava-se no princípio do Just in Time, isto é, trabalho
a tempo justo, na maior autonomia do trabalhador frente a seus meios de
trabalho.
D) Generalizou a tarefa parcelar, monótona e
desinteressante, pela subordinação do homem à máquina, distanciando-o, assim,
do trabalho criativo.
E) Revelou-se inviável em outros setores de atividade, como
o caso dos escritórios e restaurantes de fast food, embora tenha sido
amplamente utilizada no espaço fabril ao longo do século XX.
5. Imagine-se em um centro
urbano, observando pessoas que estão indo e vindo de diferentes lugares, cada
uma movida por múltiplas razões. Pode-se, entre outros aspectos, identificar
que cada pessoa é impulsionada a realizar características que a distinguem de
outros animais. Cada uma dessas características pode afirmar o homem como
I. ser histórico.
II. ser religioso.
III. ser que produz cultura.
IV. ser de conhecimento.
V. ser que se realiza pelo
trabalho.
Estão CORRETAS
A) I e II, apenas.
B) III e IV, apenas.
C) I, II, III, IV e V.
D) II, III e V, apenas.
E) I e V, apenas.
6. O conceito de cultura
englobou desde a Grécia Antiga a noção de que o homem modifica o universo
segundo seus propósitos. Inserido nele, o homem consegue penetrá-lo e
transformá-lo com a força de seu trabalho. As mudanças que ele introduz não são
alterações a esmo, implicam um grau de consciência ou intenção, bem como o uso
de técnicas capazes de melhorar o mundo. E se o fazer integra o modo humano de
existir, propiciando a concretização de intentos, pode-se indagar sobre o que
se projeta no sonho transformador do homem.
CARVALHO, José Maurício. O Homem
e Filosofia, 1998, p. 153.
Com relação a esse assunto,
analise os itens a seguir:
I. O homem é um ser vivente,
que, no cotidiano, é conhecido como único agente e membro da vida cultural.
II. O trabalho pode ser
entendido como atividade do homem transformando a natureza. Assim sendo, parece
evidente a relação entre trabalho e realização humana. Tal relação é tão antiga
quanto a própria história da humanidade.
III. A civilização tecnológica
tem influência marcante no modo de ser e pensar de cada um de nós, assim como
na forma da organização econômica, política e cultural das sociedades
contemporâneas.
IV. A transformação do mundo
material ocorre simultaneamente com a das formas de conhecimento produzidas
pelas sociedades ao longo da história. A passagem de um momento para outro, na
história das sociedades, ocorre sem conflitos e sem traumas.
V. Os homens não são apenas
seres biológicos produzidos pela natureza. São seres culturais que modificam o
estado da natureza.
Assinale a alternativa que
contém os itens CORRETOS.
A) Apenas I, II, IV e V.
B) Apenas I, II, III e V.
C) Apenas II, III, IV e V.
D) Apenas II, IV e V.
E) I, II, III, IV e V.
7. Considere a letra da música
Cidadão, interpretada por Zé Ramalho e composta por Lúcio Barbosa, abaixo
transcrita:
Cidadão
Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas prá ir, duas prá voltar
Hoje depois dele pronto
Olho prá cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou prá casa entristecido
Dá vontade de beber
E prá aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer...
Com base na leitura do texto,
avalie as afirmações a seguir:
I. Não há acesso aos bens
produzidos pelos trabalhadores brasileiros.
II. Há condições precárias de
trabalho dos trabalhadores brasileiros.
III. Há preconceito existente em
relação às pessoas que não possuem condições de se trajarem dignamente.
IV. A sociedade brasileira é uma
sociedade justa, onde todos têm os mesmos direitos à educação, à saúde e à
moradia.
São corretas somente as
afirmações
A) I, II e III.
B) III e IV.
C) I, III.
D) II e IV.
E) II e III.
8. Homens da Inglaterra, por que
arar para os senhores que vos mantêm na miséria?
Por que tecer com esforços e
cuidado as ricas roupas que vossos tiranos vestem?
Por que alimentar, vestir e
poupar do berço até o túmulo esses parasitas ingratos que exploram vosso suor —
ah, que bebem vosso sangue?
SHELLEY. “Os homens da Inglaterra’.
Apud HUBERMAN, L. In: História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar,
1982.
A análise do trecho permite
identificar que o poeta romântico Shelley (1792-1822) registrou uma contradição
nas condições socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa durante a
Revolução Industrial. Tal contradição está identificada
A) Na pobreza dos empregados,
que estava dissociada da riqueza dos patrões.
B) No salário dos operários, que
era proporcional aos seus esforços nas indústrias.
C) Na burguesia, que tinha seus
negócios financiados pelo proletariado.
D) No trabalho, que era
considerado uma garantia de liberdade.
E) Na riqueza, que não era
usufruída por aqueles que a produziam.
9. Que horas ela volta? foi a
pergunta feita à empregada doméstica Val pelo filho dos patrões, Fabinho, na
primeira sequência do filme homônimo. A mãe que trabalha fora deixa o filho
pequeno aos cuidados de outra mãe, que, para assumir esse lugar, não cuida dos
próprios filhos. Esse aspecto resume a perversidade dos laços entre patrões e
domésticas no Brasil.
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/09/1683170-a-indulgencia-do-filme-que-horas-ela-volta-de-anna-muylaert.shtml
| Publicado: 20-09-2015 | Acesso: 25/09/2016
As relações sociais de trabalho,
que envolvem trabalhadores domésticos, são focadas no filme Que horas ela
volta, da cineasta Anna Muylaert. Acerca desse tema, o PEC das Domésticas, como
ficou conhecida a legislação sancionada pela então Presidenta Dilma, em 2015, :
A) Delibera que o registro de todo e qualquer
empregado doméstico, seja prestador de serviços gerais ou cuidador, é de âmbito
particular e de livre escolha do empregador
B) Considera a condição do
trabalhador doméstico especial; portanto, é inviável delimitar horas máximas de
trabalho diário, ficando esse aspecto da relação limitado a interesses
conjunturais.
C) Prevê a extensão aos
empregados domésticos da maioria dos direitos já previstos atualmente aos
demais trabalhadores registrados com carteira assinada (em regime CLT).
D) Desobriga o empregador do
recolhimento do FGTS, ficando seu depósito opcional, sendo que o não pagamento
desse tributo pode ser revertido em salário a favor do empregado.
E) Elimina o recolhimento do
INSS pelo patrão, mas mantém o recolhimento destinado ao empregado,
responsabilizando-o diretamente pelos fundos de sua aposentadoria futura.
10. A Segunda Revolução Industrial,
no final do século XIX e início do século XX, nos EUA, período em que a eletricidade
passou gradativamente a fazer parte do cotidiano das cidades e a alimentar os
motores das fábricas, caracterizou-se pela administração científica do trabalho
e pela produção em série.
MERLO, A. R. C.; LAPIS, N. L. A.
A saúde e os processos de trabalho no capitalismo: reflexões na interface da
psicodinâmica do trabalho e da sociologia do trabalho. Psicologia e Sociedade,
n. 1, abr. 2007.
De acordo com o texto, na
primeira metade do século XX, o capitalismo produziu um novo espaço
geoeconômico e uma revolução que está relacionada com a
A) Proliferação de pequenas e
médias empresas, que se equiparam com as novas tecnologias e aumentaram a
produção, com aporte do grande capital.
B) Técnica de produção fordista,
que instituiu a divisão e a hierarquização do trabalho, em que cada trabalhador
realizava apenas uma etapa do processo produtivo.
C) Passagem do sistema de
produção artesanal para o sistema de produção fabril, concentrando-se,
principalmente, na produção têxtil destinada ao mercado interno.
D) Independência política das nações
colonizadas, que permitiu igualdade nas relações econômicas entre os países
produtores de matérias-primas e os países industrializados.
E) Constituição de um classe de
assalariados, que possuíam como fonte de subsistência a venda de sua força de
trabalho e que lutavam pela melhoria das condições de trabalho nas fábricas.
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