O que é poder e dominação para Weber?
Segundo Max Weber (2009, p. 33),
“poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação
social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa
probabilidade”. Infere que poder é a oportunidade que uma pessoa ou um conjunto
de pessoas tem para impor suas vontades sobre as vontades de outras pessoas na
sociedade numa dada situação, mesmo com resistência das mesmas. Este conceito
está ligado à dominação, onde há dominantes e dominados.
Weber (2009, p.139) define
dominação como “a probabilidade de encontrar obediência para ordens específicas
(ou todas) dentro de determinado grupo de pessoas”. Para que haja uma relação
autêntica de dominação é necessário um mínimo de vontade de obedecer às ordens
de alguém; de um interesse na obediência, seja este interno ou externo.
Qual a diferença de
dominação legítima para a ilegítima?
Para Weber em determinadas
circunstâncias alguém esta investido de uma autoridade que é reconhecida e
legitimada individual ou coletivamente. A este poder legitimado Weber chama de
legítima relação de mando de dominação. Segundo ele poder e dominação são as
duas faces da mesma moeda.
Poder e a capacidade que alguém
tem de impor a sua vontade sobre outros. Por sua vez, dominação e a
probabilidade de que estes outros obedeçam às ordens dadas, isto é, esses
outros aceitam e, por isso legitimam as ordens dadas por alguém. Por isso Weber
fala em dominação legítima.
Às vezes fala em dominação e às
vezes fala em autoridade. Então a dominação legítima esta para a autoridade
assim como a dominação ilegítima esta para o autoritarismo.
Ao contrário do autoritarismo que é imposição pura e simples, autoridade é a capacidade de direção fundamentada
no consenso e a aceitação. Qual é o fundamento da legitimidade da dominação ou
por que a dominação é legítima? Segundo Weber existem três tipos puros de
dominação legítima:
Tradicional: Se estabelece “em
virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há
muito existentes”. Laços de fidelidade que se estabelecem entre senhor e
súdito. Sociedade patriarcal, coronelismo.
Carismática: Formas de exercício
do poder típicas dos momentos de crise são vistos como personalidades
extraordinárias, portadores de qualidades sobrenaturais ou excepcionais, cujas
ações revolucionam o curso da evolução de civilizações inteiras. A legitimidade
da autoridade carismática se baseia no fato de todos acreditarem na
autenticidade da missão do líder. Ex. profetas religiosos (JESUS CRISTO, Maomé)
ou lideres políticos (Napoleão).
Racional-legal: O indivíduo que
exerce esse tipo de autoridade, o faz em nome de regras impessoais que foram
conscientemente instituídas em nome de um debate coletivo. E racional porque
tende a expressar o esforço coletivo de estabelecer, a partir de critérios
racionais, normas as quais todos devem obedecer. E legal porque estas normas
são expressas em leis.
Podemos encontrar em um dado fenômeno apenas um tipo de dominação?
"A dominação é fato
decorrente da origem do mundo, sempre haverá algo a ser dominado e liderado.
Desde a relação entre os animais até os seres humanos, os indivíduos necessitam
de um “ser” poderoso para guiá-los, orientá-los e dominá-los. A dominação é algo
permanente, sempre existirá, até mesmo por que é fundamental.Os tipos de
dominação seguirão vivos nas mais variadas formas, a legal na hierarquia das
empresas, a tradicional, mesmo apesar dos tempos modernos, ainda permanecerá no
comando exercido pelo pai ou pela mãe nas famílias, e os carismáticos sempre
presentes nas novas e antigas religiões" [2]. O que podemos observar como
por exemplo no caso do pai e filho citado no texto, é que ocorre uma dominação
tradicional porém que não deixa de ser também uma dominação legal, pois
enquanto o filho é menor de idade ele é dominado pelos pais. Outro exemplo é o
caso do homem que é submisso à Deus, que sofre uma dominação carismática, mas
que também não deixa de ser uma dominação tradicional a partir do ponto em que
tal submissão à Deus seja algo cultural. O que concluímos então é que quanto
maior interação do fenômeno com elementos de ação social (ou seja com ações de
outras pessoas que influenciem diretamente na sua) é aceitável dizer que a
dominação predominante determina as características do fenômeno, no âmbito da
avaliação da dominação presente, no entanto, alguns traços conectados podem ser
averiguados de outros tipos de dominação, como no exemplo da questão de Deus,
em um aspecto de dominação carismática, mas tendo em conta que a cultura
influência via dominação tradicional, esta última no entanto não é a norteadora
do fenômenos ou da dominação que afeta o indivíduo diretamente.
Como Weber define o Estado?
Weber define o Estado de maneira
sociológica como estrutura ou o agrupamento político que reivindica, com êxito,
o monopólio do constrangimento físico legítimo, ou seja, o direito de uso de
força. Deve-se conceber o Estado contemporâneo como uma comunidade humana que,
dentro dos limites de determinado território – a noção de território
corresponde a um dos elementos essenciais do Estado – reivindica o monopólio do
uso legítimo da violência física. Assim, o Estado se torna a única fonte de
“direito” à violência. Recorremos ao Estado para saber se temos o direito de
usar a violência.
Weber também observou que se a
violência não existisse em nas estruturas sociais, o conceito de Estado teria
desaparecido e teria dado lugar ao que chamamos de anarquia. Segundo Weber, o verdadeiro
domínio encontra-se no Estado Moderno, o qual na aplicação diária da
Administração, necessária e inevitavelmente nas mãos do funcionalismo seja
militar ou civil.
O que é ação social?
Weber, por meio de um dos
capítulos de seu livro Sociologia, abordou sobre dominação legítima, onde se
estabeleceu uma definição para ação social. "A definição mais aceita de
ação social é aquela que a defende como uma ação que é orientada pelas de ações
de outros"[3]. Analisando as proposições de Weber para essa orientação
com relação direta com a ação de outros, temos que a ação social é todo
comportamento cuja origem depende da reação ou da expectativa de reação de
outras partes envolvidas. "Essas outras partes podem ser indivíduos ou
grupos, próximos ou distantes, conhecidos ou desconhecidos por quem realiza a
ação" [3].
"A ideia central da ação
social é a existência de um sentido na ação: ela se realiza de uma parte
(agente) para outra. É uma atitude sobre a qual recai ao menos um desejo de
intercâmbio, de relacionamento. Como toda relação social , é determinada não só
pelos resultados para o agente, mas também pelos efeitos (reais ou esperados)
que pode causar ao outro. Uma divisão clara entre ações que podem e não podem
ser consideradas como sociais é impossível de ser feita. Na verdade, para entendermos
se uma ação é social devemos prestar atenção no contexto em que ela ocorre. A
mesma ação pode ora ser classificada como social, ora não. Tomemos o ato de
escrever como exemplo. Escrever uma carta certamente é uma ação social, pois ao
fazê-lo o agente tem esperança que a carta vai ser lida por alguém. Sua ação só
terá significado enquanto envolver outra pessoa. No entanto escrever uma
poesia, na medida em que ela envolve apenas a satisfação ou a expressão das
sensações do poeta, não é uma ação social (v. individualismo ) . A reação dos
outros ao seu conteúdo não foi levada em conta para sua construção. Ainda que a
carta se extravie e ninguém a leia, escrevê-la continua sendo uma ação social
porque ao agente continua interessando a reação do (neste caso inexistente)
leitor. Enquanto isso, um poema será entendido como produto de uma ação social
apenas se ao escrevê-lo o poeta já tinha em mente mostrá-lo a outras pessoas e
provocar com isso alguma manifestação. Portanto dependendo da situação em que é
feita, uma ação pode ser tratada apenas em parte como social" [3].
Em suas definições,
principalmente no âmbito das dominações legítimas, conteúdo este que tem
capítulo exclusivo em seu livro Sociologia, Max Weber diferenciou alguns tipos
de ações sociais:
Ações racionais: ações tomadas
com base nos valores do indivíduo, mas sem pensar nas consequências e muitas
vezes sem considerar se os meios escolhidos são apropriados para atingi-lo.
Ações instrumentais: ações
planejadas e tomadas depois de avaliado o fim em relação a outros fins, e após
a consideração de vários meios (e consequências) para atingi-los. Um exemplo
seria a maioria das transações econômicas
Ações afetivas: ações tomadas
devido às emoções do indivíduo, para expressar sentimentos pessoais. Como exemplos,
comemorar após a vitória, chorar em um funeral seriam ações emocionais.
Ações tradicionais: ações
baseadas na tradição enraizada. Um exemplo seria relaxar nos domingos e colocar
roupas mais leves. Algumas ações tradicionais podem se tornar um artefato
cultural.
"Na hierarquia sociológica,
a ação social é mais avançada que o comportamento, ação e comportamento social,
e é em sequência seguida por contatos sociais mais avançados, interação social
e relação social" [4].
"Essa classificação baseia-se em modelos ideais, cujos exemplos puros raramente podem ser encontrados na sociedade. Muitas vezes são vários os motivos de uma ação, o que cria a possibilidade dela ser incluída em mais de um daqueles tipos. O caso de um professor é bem ilustrativo dessa complexidade: sua atitude de dar aula pode ser determinada pelo seu desejo receber o salário (ação com relação a fins), como também pela importância que ele atribui a educação (ação com relação a valores) ou ainda pelo prazer que ele sente ao ver seus alunos aprenderem (ação afetiva), ou ainda porque toda a sua família é composta de professores e ele sempre viveu no meio educacional (ação tradicional)" [3].
"Essa classificação baseia-se em modelos ideais, cujos exemplos puros raramente podem ser encontrados na sociedade. Muitas vezes são vários os motivos de uma ação, o que cria a possibilidade dela ser incluída em mais de um daqueles tipos. O caso de um professor é bem ilustrativo dessa complexidade: sua atitude de dar aula pode ser determinada pelo seu desejo receber o salário (ação com relação a fins), como também pela importância que ele atribui a educação (ação com relação a valores) ou ainda pelo prazer que ele sente ao ver seus alunos aprenderem (ação afetiva), ou ainda porque toda a sua família é composta de professores e ele sempre viveu no meio educacional (ação tradicional)" [3].
Referências Bibliográficas:
WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia
compreensiva. 4. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009, vol. 1.
MALISKA, Marcos Augusto. Max Weber e o Estado Racional
Moderno. Revista Eletrônica do CEJUR, v. 1, n. 1, ago./dez. 2006.
[1] AMARAL, Lyrio Ernesto Nunes do. Resumo de Sociologia -
Max Weber. Disponível em: <
http://lyrioamaral.blogspot.com.br/2010/04/resumo-de-sociologia-max-weber.html
>. Acesso em: 10/04/2012.
[2] CERIOLI, Diego. Os Três Tipos de Dominação Segundo Max
Weber. Disponível em: <
http://www.artigonal.com/noticias-e-sociedade-artigos/os-tres-tipos-de-dominacao-segundo-max-weber-1284076.html
>. Acesso em: 10/04/2012.
[3] Ação Social. Disponível em: <
http://www.algosobre.com.br/sociofilosofia/acao-social.html >. Acesso em:
11/04/2012.
[4] Ação Social. Disponível em: <
http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%A3o_social >. Acesso em: 11/04/2012.
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