domingo, 2 de novembro de 2014
domingo, 24 de agosto de 2014
segunda-feira, 28 de julho de 2014
terça-feira, 13 de maio de 2014
domingo, 11 de maio de 2014
COPA DO MUNDO DO BRASIL: ARGUMENTOS CONTRÁRIOS
Após a primeira grande
manifestação do ano contra a Copa do Mundo no Brasil, ganhou corpo na internet
uma campanha orquestrada para desqualificar os que criticam a realização do
megaevento por Comitê Popular da Copa de São
Paulo — publicado 04/02/2014
05:56, última modificação 04/02/2014
15:21
Desde 25 de janeiro, após a primeira grande manifestação do ano
contra a Copa do Mundo no Brasil, ganhou corpo na internet uma campanha
orquestrada para desqualificar os que criticam a realização do megaevento.
Um vocabulário sinistro povoou textos em blogs, sites de notícias
e postagens nas redes sociais que se prestaram ao nefasto serviço. Termos como
“bandidos”, “fascistas” e até “terroristas” foram usados para classificar
manifestantes, em uma flagrante demonstração de má fé e irresponsabilidade. Até
a presidenta da República surgiu com uma declaração de que protestar contra a
Copa é “ter uma visão pequena do Brasil”.
Houve ainda quem apelasse para o nacionalismo, acusando os que são
contra a Copa de serem contra o país. Impossível não lembrar, nesse raciocínio,
do governo Médici e o chavão ufanista “Brasil: Ame-o ou Deixe-o”, empregado a
quatro cantos durante um dos períodos mais repressivos da Ditadura.
No entanto, a estratégia de desqualificar manifestantes e
manifestações tem pernas curtas. Tudo porque, infelizmente, os legados
negativos da Copa são gritantes demais para serem apagados, e se apresentam
como quase que uma inesgotável fonte para mais protestos.
Aos que não os veem (ou não querem ver), porém, gostaríamos de
abrir os olhos.
A Copa das Remoções
A Ancop (Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa)
estimou que 250 mil pessoas foram ou serão removidas de suas casas no Brasil,
em razão de obras justificadas pela realização da Copa do Mundo e das
Olimpíadas. Há dificuldade em encontrar o número exato de pessoas afetadas
pelas remoções, pois o poder público das cidades-sede frequentemente se nega ou
diz não ter informações sobre os despejos.
O dossiê “Megaeventos e Violações de
Direitos Humanos no Brasil”, produzido pela Ancop, aponta que:
“As estratégias utilizadas uniformemente em todo o território
nacional se iniciam quase sempre pela produção sistemática da desinformação,
que se alimenta de notícias truncadas ou falsas, a que se somam propaganda
enganosa e boatos. Em seguida, começam a aparecer as ameaças. Caso se manifeste
alguma resistência, mesmo que desorganizada, advém o recrudescimento da pressão
política e psicológica. Ato final: a retirada dos serviços públicos e a remoção
violenta”.
As Nações Unidas, em sua revisão periódica universal de 2012,
também questionaram a violação de direitos humanos na preparação da Copa de
2014, sobretudo no que diz respeito aos despejos forçados.
Portanto, em nome da Copa do Mundo, graves violações de direitos
humanos foram e estão sendo cometidas. Comunidades inteiras foram e estão sendo
riscadas do mapa, desorganizando a vida de milhares de pessoas, destruindo
laços comunitários de décadas e criando traumas psicológicos permanentes. Tudo
no decorrer de processos marcados pela verticalidade, truculência e falta de
transparência do poder público.
A Copa dos Elefantes Brancos
De acordo com a ONG “Contas Abertas”, pelo menos quatro dos 12
estádios construídos e/ou reformados para a Copa vão se transformar em
elefantes brancos – isto é, obras caras, vultosas, mas subutilizáveis.
Os estádios de Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal não deverão sair
por menos que 2,8 bilhões de reais no total. Parte da verba será financiada via
BNDES, que tem na sua composição verbas oriundas do Tesouro Nacional e do Fundo
de Amparo ao Trabalhador – públicas, portanto. Outra parte será composta
diretamente por dinheiro público, através de aporte dos governos estaduais. Em
todas essas cidades, os estádios serão grandes (e caros) demais para locais com
histórico de partidas de futebol com públicos pequenos.
Por exemplo, o estádio Mané Garrincha, em Brasília, tem capacidade
máxima para 71 mil pessoas. A contradição salta aos olhos quando olhamos para o
público do primeiro jogo da final do campeonato brasiliense do ano passado:
parcos 1.956 pagantes. O mesmo cenário se repete nas outras três cidades
mencionadas.
Chegamos ao ponto de em Manaus, o Grupo de Monitoramento e
Fiscalização do Sistema Carcerário, ligado ao Tribunal de Justiça do Amazonas,
aventar a hipótese de transformar o recém-construído estádio em um ‘presídio’
temporário.
Desta forma, não é difícil concluir que, passada a Copa, todos os
quatro estádios deverão ficar vazios – fato que se configura em um bilionário
descaso com o dinheiro público.
A Copa da Exploração Sexual
Em um país onde reina a pobreza e a cultura do machismo, a
realização da Copa do Mundo, com a consequente chegada de milhares de turistas,
só fará aquecer ainda mais as redes de aliciamento que se beneficiam do mercado
da exploração sexual .
Um estudo da fundação francesa Scelles comprova que as grandes
competições internacionais permitem que as redes criminosas “aumentem a oferta”
de pessoas que são prostituídas. Na África do Sul, por exemplo, o número
estimado aumentou de 100 para 140 mil, durante o megaevento de 2010.
O Brasil possui um dos maiores níveis de exploração sexual
infanto-juvenil do mundo. De acordo com o Fórum Nacional de Prevenção e
Erradicação do Trabalho Infantil, uma rede de organizações não-governamentais,
estima-se que existam 500 mil crianças e adolescentes na indústria do sexo no
Brasil (dados de 2012). Este índice tende a crescer ainda mais com a Copa de
2014. Em março de 2012, foi denunciado o site “Garota Copa Pantanal 2014″ que
publicava vídeos e fotos de garotas menores de 18 anos em posições sensuais e
com camisetas promocionais alusivas ao torneio de futebol.
Mas tais impactos começaram antes mesmo dos primeiros turistas
chegarem para os jogos. Há denúncias do aumento de exploração sexual, incluindo
crianças e adolescentes, nos arredores dos estádios e das grandes obras urbanas
da Copa, divulgadas recentemente no jornal britânico “Mirror”, que revelou que
garotas de 11 a
14 anos estão se prostituindo na região do Itaquerão, Zona Leste de São Paulo.
Apesar da exploração sexual ter sido elencada entre as
preocupações das autoridades brasileiras com a realização do megaevento, pouco
foi efetivado em termos de políticas públicas preventivas ou de combate ao
tráfico de mulheres até o momento.
No estado da Bahia, o terceiro em número de denúncias de violência
sexual, apenas em dezembro de 2013 se divulgou uma campanha com o título “Fim
da Prostituição e do Tráfico Infantil”. Além disso, as poucas campanhas
realizadas até agora são relacionadas ao público infantil, campanhas estas que
são mais aceitas pela sociedade e provocam adesão no combate.
Todavia, campanhas relacionadas a públicos estigmatizados, como
mulheres e travestis, não recebem a devida ênfase, omitindo-se assim o fato de
que se tratam de vítimas das condições sociais que as levaram à prostituição.
Isso nos remete ao histórico de violação de direitos que perpassa até mesmo os
planejamentos das políticas públicas.
Ativistas e organizações que combatem a exploração de pessoas
indicam que o assunto não é prioridade para os governos, que continuam
reprimindo as trabalhadoras e trabalhadores do ramo ao invés de desenvolver
políticas públicas de prevenção à exploração sexual, dando-lhes outras
condições e alternativas de sobrevivência. Políticas deveriam ter sido
intensificadas logo que o país foi eleito sede da Copa do Mundo, o que não
ocorreu.
É valido ressaltar que campanhas de combate à exploração sexual,
até então, pouco tem se relacionado ao nome da Fifa. Será que esse é mais um
requisito para trazer o torneio ao Brasil? Assim como é exigido a outras
corporações, a Fifa também deveria cumprir leis de responsabilidade social,
como, por exemplo, campanhas e ações na área do combate à exploração sexual,
dados os inúmeros alertas e fatos que comprovam que o Mundial intensifica esse
sombrio mercado.
A Copa do Fim da Soberania
Para poder receber a Copa do Mundo, o governo brasileiro resolveu
abrir mão da soberania do país, que em tese estaria garantida no artigo 1º da
Constituição Federal. Fez isso ao oferecer, ao longo do tempo, uma série de
garantias à Fifa nas quais se compromete em acatar todas as demandas impostas
pela entidade.
Dessa forma, em 2012, foi sancionada a Lei Geral da Copa, que
flexibiliza a legislação nacional e cria zonas de exceção nas cidades-sede.
A lei dá à Fifa a prerrogativa de estabelecer em torno dos eventos
esportivos e da Fan Fest uma área com um raio de até 2 quilômetros onde
somente patrocinadores oficiais poderão comercializar produtos.
Estabelecimentos comerciais regulares não seriam impedidos de abrir as portas,
mas trabalhadores ambulantes – que em São Paulo totalizam cerca de 138 mil
pessoas – fatalmente serão reprimidos e impedidos de trabalhar.
A Fifa conseguiu ainda fazer com que o Estado brasileiro criasse
novas tipificações penais. A Lei Geral da Copa prevê pena de três meses a um
ano para os que usarem de forma indevida (isto é, com fins comerciais) símbolos
relacionados ao evento, nacionais e culturais. Isto significa que palavras como
“Mundial”, “Copa”, “Brasil”, “Canarinho”, entre tantos outros, ficam nas mãos
da Fifa e de suas empresas parceiras para exploração comercial exclusiva.
Esses novos crimes ainda serão julgados por tribunais de exceção a
serem instalados no entorno dos estádios. Nestes locais, o julgamento será
conduzido de forma rápida e com penas mais duras, prejudicando o direito à
ampla defesa – um dos direitos penais mais básicos de qualquer democracia .
Por fim, é preciso ainda lembrar que a Lei Geral da Copa concede à
Fifa e a suas empresas parceiras isenção total de todos os impostos
brasileiros, seja na esfera municipal, estadual ou federal. Estimativas do
próprio governo brasileiro apontam uma economia à entidade de 1 bilhão de reais
em razão da desoneração fiscal].
Não à toa, a Copa do Mundo no Brasil deve ser a mais lucrativa da
história da Fifa. Segundo a própria entidade, que em tese não tem fins
lucrativos, o megaevento deve render 10 bilhões de reais aos seus cofres.
A Copa da Elitização
Para poder receber a Copa do Mundo, governos e clubes foram
obrigados a construir e reformar estádios obedecendo a um “padrão Fifa de
qualidade”. Isto significou que estádios deixam de ser “estádios” e passam a
ser chamados de “arenas”, onde tudo é de última geração: do telão que mostra os
lances do jogo ao estofado das cadeiras.
A princípio tratam-se de novidades positivas, mas que só resistem
ao nível da aparência. Na prática, há um trágico efeito colateral em curso: os
custos das novas arenas são embutidos no preço dos ingressos, que ficam mais
caros, gerando uma pérfida elitização do futebol.
A consultoria BDO divulgou um estudo que abrangeu as nove
primeiras rodadas do Brasileirão de 2013. Em um primeiro momento, foi analisado
o preço dos ingressos para partidas realizadas nas novas arenas reformadas para
a Copa das Confederações. Em seguida, verificou-se o preço dos ingressos para
partidas realizadas nos estádios antigos. O resultado apontou que os ingressos
nas novas arenas foram em média 119% mais caros que os nos estádios antigos.
Com as arenas, espaços tradicionais da torcida brasileira, como as
gerais e as arquibancadas, são extintos ou reduzidos. Em seu lugar se instalam
lojas e estabelecimentos comerciais. Surge assim o “torcedor-consumidor”,
caracterizado pelo pouco envolvimento na política e dia-a-dia de seu time, e
que vai ao estádio assistir a uma partida assim como vai ao cinema de um
shopping center.
Nesse processo que veste o manto do capital imobiliário e
especulativo, parcelas mais pobres da sociedade são excluídas e
impossibilitadas de acompanhar in
loco jogos do esporte
mais popular do país.
A Copa da Repressão
Mais preocupante que a campanha orquestrada para desqualificar os
que criticam a Copa é o movimento orquestrado pelo Estado brasileiro para
expandir o aparato repressivo visando sufocar protestos durante o megaevento –
e muito provavelmente, depois. Este movimento tem atuado em duas frentes: uma
legislativa e outra ostensiva (policial e militar).
O projeto de lei 728/2011, de autoria do senador Marcelo Crivella
(PRB), pretende tipificar o crime de terrorismo no Brasil. Atualmente em
trâmite no Senado, caso seja aprovado, este projeto criará um subterfúgio
jurídico para que tribunais possam enquadrar movimentos sociais e manifestantes
que supostamente promovam a ação direta como recurso durante manifestações.
Já na frente ostensiva, o cenário é ainda mais chocante. O governo
federal já gastou quase 50 milhões de reais em armamento menos letal, que
inclui granadas de todos os tipos, armas de choque elétrico e balas de
borracha. Uma tropa de choque especial com 10 mil homens também foi criada para
atuar nacionalmente nas cidades-sede da Copa.
Em São Paulo, a Polícia Militar avisou que vai adquirir caminhões
que lançam jato d’água para conter manifestantes. Trata-se dos mesmos caminhões
que foram largamente usados para reprimir manifestações populares na Turquia e
no Chile.
Um batalhão especial, formado por 413 policiais militares, também
foi criado pelo governo paulista com a função de fazer o “controle de
distúrbios civis e antiterrorismo”.
Mas assombroso mesmo é o manual publicado pelo Ministério da
Defesa em dezembro último, intitulado “Garantia da Lei e da Ordem”, que
atualiza orientações para a atuação das Forças Armadas no país.
No texto, “movimentos ou organizações” são classificados como
“forças oponentes”, assim como qualquer pessoa ou organização que esteja
obstruindo vias de acesso, “provocando ou instigando ações radicais e
violentas”.
Na lista de principais ameaças estão “bloqueios de vias públicas
de circulação”, “depredação do patrimônio público e privado”, “paralisação de
atividades produtivas” e “invasão de propriedades e instalações rurais ou
urbanas, públicas ou privadas”.
As Forças Armadas devem estar nas ruas durante a realização Copa
do Mundo, assim como estiveram durante a Copa das Confederações.
Que “Copa das Copas” é essa que precisa do exército nas ruas para
acontecer?
A Copa dos Protestos
Diante de tantas arbitrariedades, violações de direitos humanos,
processos de exclusão social, apropriação do patrimônio público, entre outras
várias mazelas, protestar contra a realização da Copa da Fifa no Brasil não só
é legítimo – é também um dever. Portanto, não se deixe intimidar por discursos
embevecidos por um patriotismo cego e anacrônico ou ainda por artigos escritos
por gente cujo verdadeiro compromisso é com determinada agremiação política ou
com o próprio bolso.
Enquanto políticos e articulistas desqualificam, a atuação do
aparato militar contra manifestações recrudesce, fato que ficou claro no
protesto do último dia 25 de janeiro, quando o manifestante Fabrício Proteus
foi baleado quase que mortalmente por policiais militares. O episódio –
bastante rotineiro nas periferias do Brasil, diga-se – se configura como um
eloquente alerta para futuras manifestações.
Mas nem a violência policial nem o discurso da desqualificação
devem nos impedir de desfrutarmos do direito constitucional de protestar,
sobretudo contra uma Copa imersa em podridão como a que se avizinha.
Então, que em 2014 façamos das ruas e avenidas das cidades a
verdadeira arquibancada do país!
*O Comitê Popular da Copa de São Paulo, criado em 2011, é um grupo
de articulação contra os impactos e as violações de direitos humanos da Copa do
Mundo de 2014 em SP. Este texto foi publicado originalmente no site do Comitê,
onde mais informações podem ser encontradas: comitepopularsp.wordpress.com/
VOU TORCER PRA QUEM NESSA COPA? Indicado para o 2º ano.
A política, sobretudo quando mal intencionada, pega
carona nas glórias esportivas da bandeira brasileira. Nesse sentido, o
patriotismo dos sorrisos vitoriosos já serviram para amainar revoltas. Quantas
vezes nossa seleção de futebol pôs as camisas canarinho nas malas e saiu a
buscar um título mundial fora de nossas fronteiras – cinco!
Mas agora nossa seleção não precisará sair. A Copa é aqui
mesmo, no Brasil! E nós, o povo torcedor, estamos do lado de dentro das
cortinas. Estamos vendo, ainda que às vezes desacreditando em tamanhos
absurdos, como se faz uma Copa. Quanta tapeação, quanta putrefação a partir de
cifras incontáveis; e, além disso, quanto dinheiro real há então nos cofres
verde e amarelo!
Nas televisões chegam a dizer que nosso torcedor
necessita de uma “educação esportiva”, coisa comum na Europa, donde vem a FIFA
e o modo certo de comportar-se dentro de um estádio.
E eu, que sempre beijei eufórico minha bandeira querida,
hoje tenho dificuldade de encontrar um colega brasileiro que se junte a mim
para torcer pela seleção canarinho. Pois estão todos torcendo para outras
seleções – alguns até já compraram camisas com outras insígnias – ou mesmo
torcendo somente contra o Brasil.
O fato é que à beira desse mar de corrupção para a
preparação da Copa, cuja conta quem vai pagar sou eu: o povo brasileiro, meu
patriotismo já apresenta diversos pontos de ferrugem.
Vou assistir a Copa, sim, mas isso não será com alegria,
como já foi em outras edições. Pela primeira vez na vida, tenho dúvida se a
vitória do meu Brasil trará algo de bom.
Rafael Alvarenga
Resende, 04 de maio de 2014
segunda-feira, 21 de abril de 2014
sexta-feira, 4 de abril de 2014
ATIVIDADE DE SOCIOLOGIA - 1001 - C.E. ENGENHEIROS PASSOS
Robson e a sua deserta ilha
Acordei no chão da calçada como se eu fosse um barco naufragado. Todos os meus amigos estão mortos-vivos, compulsivos em pedras sem brilhos que são fumadas em cachimbos feitas de lata. Nunca vi algo tão horroroso e destrutivo. O sol escaldante batia em minhas costas. Olhei ao meu redor e não vi ninguém conhecido, estaria numa ilha deserta?
Estava sujo, com sede e fome, sentindo-me abandonado. Tornei-me invisível. Falava com as pessoas, mas ninguém me respondia, ninguém me dava atenção. O medo começou a me tomar conta.
Aquela pedra sem brilho algum... recordava-me que a tinha tocado com os lábios. Pura lascívia do diabo. Isso tudo para tentar ter coragem para chegar numa mina que há muito tempo eu olhava na escola. A biga de cigarro que observava no canto do paralelepípedo me convidava para uma fumada. Distrairia a minha fome por um tempo que parecia não passar. Horas, minutos, segundos não tinham mais sentido.
Mesmo sentindo muito frio tratei de arrumar um canto qualquer para dormir. Debaixo da ponte onde o rio passava estreito. Natália cadê você? O sono demorou a chegar.
Noutro dia ainda com muita fome tentei encontrar os caras que tinham me apresentado à pedra sem valor e sem brilho algum. No lugar onde eles estavam só encontrei um cachorro velho, uma gata manca e diversas balas estragadas que não serviam para nada. Nem para por em cima da linha do trem para serem estouradas.
Existe um lugar que os invisíveis frequentam e não incomodam, fazem até um favor para a sociedade. Estou falando do Mercado Municipal. Lá tem umas frutas e legumes que ficam pelo pátio à vontade. Quanto mais a gente cata, menos sujeira fica.
“Meu futuro não parecia tão bom... Na verdade prometia ser triste, com poucas esperanças de salvação.” – Estava escrito num pedaço de papel de açougue sujo de sangue de carne. Será que tinha mais alguém nessa ilha? O maluco que escreveu isso, falava exatamente como eu estava me sentindo.
Apesar da fome ter passado por hora, desanimado chorei muito, mas nenhuma lágrima saia dos meus olhos. Estaria desidratado? Seco por dentro? Subitamente senti uma raiva de Deus: Foda-se o pai eterno. Por que ele me abandonou? Por que ele deixou que esta tragédia abatesse sob a minha vida? Eu não consigo entender. A única coisa que eu pensava era em fumar aquela pedra de novo para suportar a dor de não tê-la por perto. (...)
As alucinações tomavam conta de mim, o rio tinha se transformado em uma grande cobra amarela, todos aqueles que tentavam me ver ficavam cegos como se eu tivesse cabelos paralisantes como Medusa. Arrebatamento? Não, eu não quero morrer aqui no meio da rua, sozinho. Eu não quero morrer. Não, eu não quero... Outra noite se aproximava, mas muito mais assustadora. A solidão tomava conta do meu ser, de todo o meu ser. Quem eu podia recorrer?
Um pássaro branco parecido com uma pomba pousou em meus ombros como quem pousa nos ombros de uma estátua da Praça Conselheiro Rodrigues Alves. Seria a paz? A presença da paz? Olhei para o lado e vi a minha família se aproximando, por um instante achei que estivesse sofrendo novamente aquelas desastrosas alucinações.
Eu não acreditava no que estava acontecendo. Depois de algumas péssimas horas nessa deserta ilha, a minha família guiada pelos ventos da Mãe Natureza conseguia me resgatar.
Esperança...
Rudolf Rotchild
Questões:
1. “Aquela pedra sem brilho algum (...)” refere-se a um dos maiores problemas enfrentados pela juventude brasileira, o Crack. O que podemos fazer para amenizar tais problemas? Justifique.
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2. Você acredita na família? Que tipo de sentimento o personagem tem ao ver a sua família se aproximando? Exemplifique um caso parecido com a do personagem.
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3. Essa história pode ser um relato real de qualquer jovem que esteja com dificuldades de se relacionar socialmente. As drogas lícitas e ilícitas podem ajudar o
4. jovem a se relacionar melhor com os outros? O que podemos fazer para que os jovens não entrem no “mundo” das drogas?
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quarta-feira, 26 de março de 2014
ATIVIDADE DE SOCIOLOGIA - 2º ANO - PARÓDIA
ATIVIDADE DE SOCIOLOGIA
1. Faça uma parodia da música “Amor ou dinheiro” utilizando pelo menos quinze artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
AMOR OU DINHEIRO
''Você vale aquilo que tu tem''
Nada que eu disser, vai ser capaz de te impressionar
Mais eu vim debaixo, sei exatamente o meu lugar
Nós não mede esforço e nem mede conseqüência
Nós ostenta mesmo, nós não vive de aparência
1000 Cilindradas de potencia mete febre
O meu vicio em grana já virou bola de neve
Carro liga leve é tão gostoso de se conseguir
Eu persigo o sonho da riqueza vir me perseguir
Amor ou dinheiro, o amor é unanimidade
Mas o dinheiro, corrompeu mais que a metade
Quanta falsidade, quanta hipocrisia rola
Minha cota de felicidade eu quero em dólar
Porque muitos matam, muitos morrem
Tudo por causa de grana,cada um ta no seu corre
Pra fortalecer quem ama, final de semana nós vai
Pra balada, dar uma relaxada que agente merece
Principalmente agente que vive no epicentro do stress
E se o dinheiro não cobrir nossa farra desse dia
Meu cordão de ouro vai ficar de garantia, depois
Da balada vou pra love story arrasta mais top pra minha
Mansão, com a fiel dou um rolé no shopping,depois
Almoço na fogo no chão, boa fragrância, boa impressão
Ostentação é questão de poder a correria traz a condição
A condição proporciona o lazer, é
Amor ou dinheiro, o amor é unanimidade
Mas o dinheiro, corrompeu mais que a metade
Quanta falsidade, quanta hipocrisia rola
Minha cota de felicidade eu quero em dólar
''Você vale aquilo que tu tem''
Autor: Mc Boy do Charme
Resumo da Declaração Universal dos Direitos Humanos
1. Todos Nós Nascemos Livres e Iguais
2. Não Discriminar
3. O Direito à Vida
4. Nenhuma Escravatura
5. Nenhuma Tortura
6. Tu Tens Direitos Não Importa Onde Vás
7. Somos Todos Iguais Perante a Lei
8. Os Direitos Humanos São Protegidos Por Lei
9. Nenhuma Detenção Injusta
10. O Direito a Julgamento
11. Estamos Sempre Inocentes Até Prova em Contrário
12. O Direito à Privacidade
13. Liberdade para Mover
14. O Direito a Asilo
15. Direito a uma Nacionalidade
16. Casamento e Família
17. O Direito às Tuas Próprias Coisas
18. Liberdade de Pensamento
19. Liberdade de Expressão
20. Direito de Ajuntamento Político
21. O Direito à Democracia
22. Segurança Social
23. Direito dos Trabalhadores
24. O Direito à Diversão
25. Comida e Abrigo para Todos
26. O Direito à Educação
27. Direito de Autor
28. Um Mundo Justo e Livre
29. Responsabilidade
30. Ninguém Pode Tirar-lhe os Seus Direitos Humanos
quarta-feira, 19 de março de 2014
terça-feira, 11 de março de 2014
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DO INSTITUTO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS - LEI ANTITERRORISMO
Lei antiterrorismo "é quase uma repetição da época da ditadura civil-militar", diz presidente do DHH
"O exemplo que temos de gente presa até hoje dói na carne. É o Rafael, um morador de rua, que carregava um pinho sol para higienizar o lugar em que ele dormia. Ele foi condenado a cinco anos. É isso que a gente quer? A gente tem que lembrar que polícia arbitrária é arbitrária para todos, essa polícia não serve a ninguém. Polícia que comete crime não presta, tem que ser evitada. Agora, pior é o governante que estimula a prática do crime", avalia o presidente do DHH.
Por Cátia Guimarães,Da EPSJV/Fiocruz
João Tancredo é advogado e presidente do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (DDH), que tem atuado na defesa dos presos políticos das manifestações no Rio de janeiro. Nesta entrevista, ele diz que a legislação brasileira atual dá conta de todos os crimes eventualmente cometidos nas manifestações e defende que o que está por trás da proposta de lei antiterrorismo, que tramita no Congresso Nacional, são os interesses econômicos ligados à Copa do Mundo.
Nos países em que existe alguma legislação específica sobre terrorismo, ela também vem como resultado de algum ato de comoção social, como a história da morte do Santiago Andrade?
Normalmente acontece a chamada legislação de ocasião. São leis criadas em decorrência de determinado fato e logo depois de comprova que isso é um equívoco. Inclusive, se você cria uma legislação que só tem a parte punitiva, ela tem vida útil muito curta.
O argumento que tem sido usado para a necessidade de criação de uma lei que tipifique o terrorismo é que os “vândalos” são presos mas não se consegue mantê-los presos porque não existe uma lei para enquadrá-los. Isso é verdade?
Não é verdade. O Brasil é um dos poucos países que têm lei para tudo. Então, basta usá-las. A questão é que eles querem uma legislação mais dura por conta da copa do mundo. Existem grupos econômicos poderosos que querem afastar as pessoas das ruas, de qualquer manifestação. Manifestante ser chamado de terrorista é um absurdo grande. Manifestante é manifestante. Agora, tem gente que é delinquente e aí o crime está lá previsto. Se cometeu algum crime previsto no código penal, tem que ser preso. A legislação tem previsão para tudo. Não tem que criar mais nada, basta aplicar o existente.
Mas os parlamentares que defendem a nova lei garantem que ela não inibirá o direito de manifestação...
Há poucos dias, tentaram fazer uma legislação chamada crime do desaparecimento forçado. Desaparecimento forçado por agentes do Estado. Isso veio na esteira do Amarildo: de novo, são as histerias de momento para criar legislação para a época, que eu insisto que são um grande equívoco.Mas o que fizeram os senadores? Tiraram a expressão “agentes do Estado”. Qual era a intenção clara disso? Enquadrar qualquer pessoa que desapareça com outro naquele crime, que é um crime bárbaro, mais perverso de todos. Na lei contra terrorismo, eles vão de certa maneira tentar criminalizar todo e qualquer movimento que seja contrário ao que está acontecendo: que reclame das despesas para a copa, peça mais saúde ou mais educação. O objetivo é criminalizar toda e qualquer pessoa. Esse é o nosso grande receio. O projeto de lei que o [José Mariano] Beltrame apresenta, por exemplo, é quase uma repetição da época da ditadura civil-militar. Bastava que se tivesse um pouco mais de decência para assumir que se está reeditando uma legislação muito atrasada. Hoje você enquadra: se alguém anda com morteiro ou alguma coisa que pode causar dano a outra é risco de dano, está na lei. Pode ser punido hoje. Se aqueles garotos acusados [da morte do Santiago Andrade] - que não se tem certeza absoluta de autoria exata - fossem pegos com aqueles morteiros, poderiam ser enquadrados pelo risco de crime de dano. Se aquele morteiro não tivesse pegado em ninguém, a ideia seria a mesma. Quando alguém morre ou sofre lesão corporal, tem os agravantes do fato, mas eles já tinham praticado atos contrários à lei. E, portanto, já poderiam ser punidos. Mas querem mártires, querem crucificar e vão tentando criar legislações mais duras.
O grande número de pessoas que foram presas nas manifestações foram, em sua maioria, soltas. Por quê?
Tem uma prática da polícia - e quando estou falando da polícia, estou falando do Estado, do secretário de segurança, não estou falando do PM, que está ali na frente cumprindo ordem – de fazer prisões ilegais. Boa parte das prisões foram inteiramente ilegais. Não vamos esquecer: o Santiago morreu, mas a polícia colocou muita bomba em mochila de manifestante; a polícia deu tiro com gente ferida, não podemos esquecer os jornalistas que foram feridos pela polícia em manifestação. Parece que nós passamos uma borracha nisso e agora só se fala do Santiago para frente. Esse é o grande equívoco. As pessoas foram soltas porque as prisões eram irregulares. A polícia tem essa prática, de fazer prisão irregular e depois querer legitimar com alguma confissão dessa pessoa. Como não consegue, tem que soltar. Aí vem aquela máxima que a polícia gosta de repetir: a polícia prende e a justiça solta. Solta porque é ilegal, se não a polícia manteria. O exemplo que temos de gente presa até hoje dói na carne. É o Rafael, um morador de rua, que carregava um pinho sol para higienizar o lugar em que ele dormia. Ele foi condenado a cinco anos. É isso que a gente quer? A gente tem que lembrar que polícia arbitrária é arbitrária para todos, essa polícia não serve a ninguém. Polícia que comete crime não presta, tem que ser evitada. Agora, pior é o governante que estimula a prática do crime.
Já em outros momentos dos protestos, tentou-se relacionar manifestantes com grupos organizados, inclusive com acusação de formação de quadrilha. Como isso se relaciona com a tipificação de terrorismo?
Essa questão da ação criminosa também ver deturpada. A legislação específica foi criada para a punição de milícia, organizações criminosas. Começam a trazer uma legislação específica para uma manifestação de pessoas na rua. Você vê como o objetivo é inteiramente oposto do que dizia a lei. Então, era impossível você enquadrar porque a lei diz com todas as letras que, para ser quadrilha, precisa-se unir mais de três pessoas de forma permanente para cometer crime. Então, tem gente que se encontra ali embaixo e comete um crime. Isso não é quadrilha porque eles precisam estar permanentemente unidos e se preparando para cometer crime. Chamar para ir a uma manifestação é cometer crime? Não. Na democracia, há o direito a manifestação. Eles estão forçando a aplicação de legislações onde não é possível. Agora eles precisam criar uma legislação que, no entender deles, tenha mais efeito para que a sociedade se iniba de ir para a rua se manifestar.
As atitudes violentas que ocorreram nas manifestações não se configuram como terrorismo?
Não. O dano ao patrimônio público está previsto na lei. E responde sob duas hipóteses, sob o ponto de vista criminal e civil porque tem que reembolsar e pagar por aqueles danos. Isso não se configura objetivamente como terrorismo.
O PLS 499/2013 fala de terrorismo contra coisas, como escolas, centrais elétricas, hospitais e estádios esportivos, considerados serviços essenciais. Isso faz sentido?
Não tem o menor sentido. O ato de terrorismo é aquele que coloca em risco a vida das pessoas. O maior bem que nós temos a proteger é a vida, a integridade física. Contra coisa é dano ao patrimônio público ou privado. Se você praticou dano ao patrimônio, pode responder legalmente, como eu já disse. Agora, quem jogou bomba dentro do Hospital Salgado Filho aqui no Rio de Janeiro foi a polícia, se teve que tirar gente doente de lá, inclusive. Se alguém está praticando atos de terrorismo é o agente do Estado.
As penas previstas no PLS 499/2013 são maiores do que as previstas pela lei da ditadura. Como se explica isso?
As pessoas começam a achar que quanto mais tempo você ficar na cadeia, mais de exemplo vai servir para a sociedade. Isso é um grande equívoco. O dia que cadeia for sinônimo de ressocialização de pessoas, será o ideal. Se fosse isso, os Estados Unidos seriam o melhor país do mundo; o Brasil também, porque tem a terceira maior população carcerária do mundo, um número muito grande. Pena longa não é sinônimo de que as pessoas não vão praticar delito. É sinônimo de que se vai ter mais gente presa durante mais tempo, nada além disso. O Rafael, que é o morador de rua que foi preso, vai sair da cadeia com uma formação importante na área do crime. Os castigos longos dados aos filhos são ineficazes. A gente precisa começar a rever essa questão da pena.
Alguns movimentos e militantes dos direitos humanos estão chamando esse Projeto de AI 5 da democracia. O sSr. concorda?
Os atos institucionais foram baixados por uma junta militar. Dessa feita seria pelo poder legislativo, são deputados eleitos. Eu tenho sinceras dúvidas dessa democracia representativa nos dias de hoje. Tenho dúvidas se muita gente que ali está efetivamente representa a sociedade ou se se representa ou representa grupelhos. Acho que é uma reedição de forma piorada, porque o momento é outro. A gente pode chamar de AI 5 da democracia. É um nome interessante. Mas com um agravante: não é baixado por junta militar, é votado por um congresso nacional, “legitimamente eleito” e sancionado por um poder executivo que também foi eleito pelo povo. Eu acho que não é isso que nós precisamos.
O que o Brasil ganha com uma legislação sobre terrorismo?
A Copa acaba, o país fica. E eu acho que a gente não deveria guardar essa herança. Essa herança é muito ruim para a sociedade brasileira. Acho que essa copa não vai deixar nenhum benefício para a sociedade brasileira, quem vai ganhar dinheiro com isso são as grandes empresas. E a gente sabe que quem tem esses interesses não reverte em nenhum proveito para a sociedade brasileira. Eu acho que, com a força que nos resta, temos que lutar para que não recebamos isso como uma herança maldita para o país.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
ANÁLISE DA MÚSICA "IDEOLOGIA" DE CAZUZA
ANÁLISE:
Com música de Roberto Frejat e letra de Cazuza, Ideologia é a faixa título do terceiro álbum solo de Cazuza. O álbum foi gravado logo depois de Cazuza voltar ao Brasil, em dezembro de 87. O músico passou três meses nos Estados Unidos fazendo tratamento para a AIDS. Sobre o álbum, Cazuza disse: "Quando fiz "Ideologia", nem sabia o que isso queria dizer, fui ver no dicionário. Lá estava escrito que indica correntes de pensamentos iguais e tal… A música, por sua vez, é muito pessimista, porque, na verdade, é a história da minha geração, a de 30 anos, que viveu o vazio todo. É meio amarga porque a gente achava que ia mudar o mundo mesmo e o Brasil está igual; bateu uma enorme frustração Nos conceitos sobre sexo, comportamento, virou alguma coisa, mas deixamos muito pelo caminho. A gente batalhou tanto e agora? Onde chegamos? Nossa geração ficou em que pé?" Analisando letra: Ideologia (Cazuza) Meu partido é um coração partido E as ilusões Estão todas perdidas Nesses versos, o poeta faz uma alusão entre partido politico e coração partido, mostrando o quão estava infeliz e insatisfeito com a atual politica do país, e o quanto se iludiu por acreditar na mudança da mesma. Os meus sonhos foram todos vendidos Tão barato que eu nem acredito Eu nem acredito Ah! eu nem acredito... Esse trecho me da a ideia de traição, talvez o poeta aqui, queria demostrar, que se sentia traído, enganado, por ver seus sonhos e tudo aquilo em que acreditou ou acreditava ir por água a baixo. Na quela época, havia um sonho pós ditadura, uma crença em dias melhores e que a democracia resolveria todos os problemas do país. Que aquele garoto Que ia mudar o mundo Mudar o mundo Frequenta agora As festas do "Grand Monde"... Aqui ele deixa mais claro ainda a ideia de que tudo aquilo em que creditou e lutou, tinha se perdido. Cazuza disparava contra a burguesia da época, mencionando nessa frase, de modo obscuro, o fato de que ele nascera no berço da sociedade cultural endinheirada carioca, se rebelou contra ela por uns tempos e depois, voltou a circular pelas festas da nata da elite carioca, há também fortes indícios de que ele esteja mencionando uma boate de São Paulo, chamada Grand Monde, do mesmo dono do Val Improviso, de “Só as mães são felizes”, ambas, boates de Transexuais e Gays, frequentadas por milionários, políticos e artistas da década de 80 Cazuza frequentava o submundo da Boca do Luxo em Sampa, e ao frequentar esse lugar ele reafirma que foi derrotado pelo poder e passa comemorar com eles a desigualdade social. Meus heróis Morreram de overdose Meus inimigos Estão no poder Aqui, claramente o poeta referencia e reverencia Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix, entre muitos outros que na década de 70 perderam suas vidas por overdose de drogas e álcool, fazendo uso da licença poética, Cazuza associa os trechos em síntese, narrando o momento (na época), como quem se queixava de que: seus grandes artistas e referências se perderam para as drogas enquanto que aqueles que reprovava estavam no poder, e havia muito pouco que pudesse ser feito. Ideologia! Eu quero uma pra viver Ideologia! Eu quero uma pra viver... IDEOLOGIA: Conjunto de valores que funde ideais políticos, estilo escolhido de vida, valores morais e conceitos pessoais, que norteiam a escolha de qual lado se vai estar, especialmente em sociedades profundamente desiguais, como era e ainda é a sociedade brasileira. Mencionar “eu quero UMA pra viver” indica que Cazuza se via confuso e desiludido com o andamento do país e que tinha mudado tantas vezes de “ideia”, que, sentia-se compelido a buscar um lugar que pudesse identificar como seu naquele panorama. Coisa difícil de ser conseguida com uma sequencia desastrosa de governos de: Itamar, Sarney e Collor, planos econômicos absurdos, confiscos de poupança e especialmente por uma sociedade apática que não reagia diante de desigualdades inacreditáveis e resquícios de ditadura; para piorar, a energia artística do Rock na época se esvaia, tornando a visão geral da coisa toda, no mínimo tenebrosa, restando a ele se confortar com a verdade de que ser artista e genial, não muda em quase nada certos mecanismos. O meu prazer Agora é risco de vida Ao vivo Cazuza cantava essa frase com a seguinte letra: “o meu tesão agora é risco de vida”, óbvio que ele mencionava o fato de que sua roleta-russa sexual, o tinha levado a uma condição em que ele poderia ser reinfectado ou infectar parceiros sexuais (lembrando que as pessoas portadoras de HIV podem se infectar por outros genótipos do vírus, complicando muito o quadro e o tratamento) Com esse verso, pela primeira vez, ele assume que a doença mexeu com sua vida e que o sexo, que ele sempre declarou ser o maior prazer do mundo, havia se tornado um risco. Meu sex and drugs Não tem nenhum rock 'n' roll Uma frase magistral de Cazuza que define seu estilo de vida pela máxima que vivera até então, a do Sexo, Drogas e Rock’n’Roll, muito usada na década de 70. Aqui, Cazuza desabafa confessando que seu estilo de vida, regado a Sex and Drugs (sexo e drogas), já não tinha mas graça, já não tinha a poesia do Rock’n’Roll, mas tinha se tornado um pesadelo no qual ele estava vivendo. Com a saúde já debilitada, fazer sexo desprotegido e usar drogas descontroladamente, não tinha nada de poético ou de estiloso, mas sim, era uma estupidez. (estupidez que ele não conseguia evitar, Cazuza bebia muito, mesmo tomando os coqueteis contra a AIDS), mas , reconhecia a estupidez como um fato presente. Eu vou pagar A conta do analista Pra nunca mais Ter que saber Quem eu sou Ah! saber quem eu sou.. Aqui ele deixa claro a indignação e revolta, diante da sua condição de doente, diante de uma luta que ele sabia que não iria ganhar. Ele muda completamente seu discurso, e deixa transparecer um desejo obscuro, em que pensa em abandonar tudo, análise, médico, remédios e (transfusões de sangue de cavalo) “SIM, CAZUZA FEZ INCLUSIVE ISSO NA TENTATIVA DE VIVER UM POUCO MAIS E MELHOR”… ele ameaça jogar tudo pro alto e esquecer sua força e gana pela vida, coisa que em momento algum ele fez, mas vale a licença poética de se permitir mandar tudo pro inferno e sumir, aqui Cazuza fala nisso, em metáfora. Pois aquele garoto Que ia mudar o mundo Mudar o mundo Agora assiste a tudo Em cima do muro Em cima do muro... Demonstração clara de impotência e frustração, sem tomar partido e sem se posicionar (coisa que Cazuza nunca fez), logo a seguir, ele fuzilou a burguesia, os políticos, a sociedade e chegou a escrever “eu sou burguês mas eu sou artista”, “o bom burguês é bom operário”, portanto, aqui Cazuza faz uma piada consigo mesmo, como quem diz: “estou em cima do muro, pois não tenho o que fazer nesse momento, mas me aguardem”.
Com música de Roberto Frejat e letra de Cazuza, Ideologia é a faixa título do terceiro álbum solo de Cazuza. O álbum foi gravado logo depois de Cazuza voltar ao Brasil, em dezembro de 87. O músico passou três meses nos Estados Unidos fazendo tratamento para a AIDS. Sobre o álbum, Cazuza disse: "Quando fiz "Ideologia", nem sabia o que isso queria dizer, fui ver no dicionário. Lá estava escrito que indica correntes de pensamentos iguais e tal… A música, por sua vez, é muito pessimista, porque, na verdade, é a história da minha geração, a de 30 anos, que viveu o vazio todo. É meio amarga porque a gente achava que ia mudar o mundo mesmo e o Brasil está igual; bateu uma enorme frustração Nos conceitos sobre sexo, comportamento, virou alguma coisa, mas deixamos muito pelo caminho. A gente batalhou tanto e agora? Onde chegamos? Nossa geração ficou em que pé?" Analisando letra: Ideologia (Cazuza) Meu partido é um coração partido E as ilusões Estão todas perdidas Nesses versos, o poeta faz uma alusão entre partido politico e coração partido, mostrando o quão estava infeliz e insatisfeito com a atual politica do país, e o quanto se iludiu por acreditar na mudança da mesma. Os meus sonhos foram todos vendidos Tão barato que eu nem acredito Eu nem acredito Ah! eu nem acredito... Esse trecho me da a ideia de traição, talvez o poeta aqui, queria demostrar, que se sentia traído, enganado, por ver seus sonhos e tudo aquilo em que acreditou ou acreditava ir por água a baixo. Na quela época, havia um sonho pós ditadura, uma crença em dias melhores e que a democracia resolveria todos os problemas do país. Que aquele garoto Que ia mudar o mundo Mudar o mundo Frequenta agora As festas do "Grand Monde"... Aqui ele deixa mais claro ainda a ideia de que tudo aquilo em que creditou e lutou, tinha se perdido. Cazuza disparava contra a burguesia da época, mencionando nessa frase, de modo obscuro, o fato de que ele nascera no berço da sociedade cultural endinheirada carioca, se rebelou contra ela por uns tempos e depois, voltou a circular pelas festas da nata da elite carioca, há também fortes indícios de que ele esteja mencionando uma boate de São Paulo, chamada Grand Monde, do mesmo dono do Val Improviso, de “Só as mães são felizes”, ambas, boates de Transexuais e Gays, frequentadas por milionários, políticos e artistas da década de 80 Cazuza frequentava o submundo da Boca do Luxo em Sampa, e ao frequentar esse lugar ele reafirma que foi derrotado pelo poder e passa comemorar com eles a desigualdade social. Meus heróis Morreram de overdose Meus inimigos Estão no poder Aqui, claramente o poeta referencia e reverencia Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix, entre muitos outros que na década de 70 perderam suas vidas por overdose de drogas e álcool, fazendo uso da licença poética, Cazuza associa os trechos em síntese, narrando o momento (na época), como quem se queixava de que: seus grandes artistas e referências se perderam para as drogas enquanto que aqueles que reprovava estavam no poder, e havia muito pouco que pudesse ser feito. Ideologia! Eu quero uma pra viver Ideologia! Eu quero uma pra viver... IDEOLOGIA: Conjunto de valores que funde ideais políticos, estilo escolhido de vida, valores morais e conceitos pessoais, que norteiam a escolha de qual lado se vai estar, especialmente em sociedades profundamente desiguais, como era e ainda é a sociedade brasileira. Mencionar “eu quero UMA pra viver” indica que Cazuza se via confuso e desiludido com o andamento do país e que tinha mudado tantas vezes de “ideia”, que, sentia-se compelido a buscar um lugar que pudesse identificar como seu naquele panorama. Coisa difícil de ser conseguida com uma sequencia desastrosa de governos de: Itamar, Sarney e Collor, planos econômicos absurdos, confiscos de poupança e especialmente por uma sociedade apática que não reagia diante de desigualdades inacreditáveis e resquícios de ditadura; para piorar, a energia artística do Rock na época se esvaia, tornando a visão geral da coisa toda, no mínimo tenebrosa, restando a ele se confortar com a verdade de que ser artista e genial, não muda em quase nada certos mecanismos. O meu prazer Agora é risco de vida Ao vivo Cazuza cantava essa frase com a seguinte letra: “o meu tesão agora é risco de vida”, óbvio que ele mencionava o fato de que sua roleta-russa sexual, o tinha levado a uma condição em que ele poderia ser reinfectado ou infectar parceiros sexuais (lembrando que as pessoas portadoras de HIV podem se infectar por outros genótipos do vírus, complicando muito o quadro e o tratamento) Com esse verso, pela primeira vez, ele assume que a doença mexeu com sua vida e que o sexo, que ele sempre declarou ser o maior prazer do mundo, havia se tornado um risco. Meu sex and drugs Não tem nenhum rock 'n' roll Uma frase magistral de Cazuza que define seu estilo de vida pela máxima que vivera até então, a do Sexo, Drogas e Rock’n’Roll, muito usada na década de 70. Aqui, Cazuza desabafa confessando que seu estilo de vida, regado a Sex and Drugs (sexo e drogas), já não tinha mas graça, já não tinha a poesia do Rock’n’Roll, mas tinha se tornado um pesadelo no qual ele estava vivendo. Com a saúde já debilitada, fazer sexo desprotegido e usar drogas descontroladamente, não tinha nada de poético ou de estiloso, mas sim, era uma estupidez. (estupidez que ele não conseguia evitar, Cazuza bebia muito, mesmo tomando os coqueteis contra a AIDS), mas , reconhecia a estupidez como um fato presente. Eu vou pagar A conta do analista Pra nunca mais Ter que saber Quem eu sou Ah! saber quem eu sou.. Aqui ele deixa claro a indignação e revolta, diante da sua condição de doente, diante de uma luta que ele sabia que não iria ganhar. Ele muda completamente seu discurso, e deixa transparecer um desejo obscuro, em que pensa em abandonar tudo, análise, médico, remédios e (transfusões de sangue de cavalo) “SIM, CAZUZA FEZ INCLUSIVE ISSO NA TENTATIVA DE VIVER UM POUCO MAIS E MELHOR”… ele ameaça jogar tudo pro alto e esquecer sua força e gana pela vida, coisa que em momento algum ele fez, mas vale a licença poética de se permitir mandar tudo pro inferno e sumir, aqui Cazuza fala nisso, em metáfora. Pois aquele garoto Que ia mudar o mundo Mudar o mundo Agora assiste a tudo Em cima do muro Em cima do muro... Demonstração clara de impotência e frustração, sem tomar partido e sem se posicionar (coisa que Cazuza nunca fez), logo a seguir, ele fuzilou a burguesia, os políticos, a sociedade e chegou a escrever “eu sou burguês mas eu sou artista”, “o bom burguês é bom operário”, portanto, aqui Cazuza faz uma piada consigo mesmo, como quem diz: “estou em cima do muro, pois não tenho o que fazer nesse momento, mas me aguardem”.
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