quarta-feira, 14 de julho de 2010

EDUCAÇÃO-ÁFRICA DO SUL: ''Educação que impede o desenvolvimento''


JOHANNESBURGO, Março 30 (IPS) - Durante 16 anos, a Themba era uma professora orgulhosa na África do Sul, más uma onda de violência deixou a tão nervosa que quer deixar a sua profissão.

''Eu sinto me como guarda e não professora,'' disse Themba, que preferiu ficar anônima. ''Algumas manhãs nem saio da cama. Os alunos são dezcontroláveis e os pais não se importam. O que é posso fazer? ''
A escola aonde trabalha em Sebokeng, uma cidade de pretos no sul de Johannesburgo tornou se num base de recrutamento para bandos e vendedores de drogas. A zona é horrendo como durante a época do apartheid: janelas quebradas, secretarias estilhaçadas, e um laboratório de computadores vazio. A única coisa nova é a vedação elétrica por volta do terreno.
Nestas condições, quase 75 porcento dos alunos foram obrigados a retomar uma classe depois de chumbar os exames da matriculação no ano passado. Estes exames avaliam a compreensão básica e são mandatórios para a entrada na universidade..
Depois de 13 anos de democracia, o sistema de educação no país continua a lutar a apagar as desigualdades históricas.
A divisão de classes é agora tão visível como a racial. Enqunato que os alunos pretos e brancos das famílias da classe média nas zonas que eram para os brancos têm acesso a uma educação bastante boa, a maioria dos alunos pretos nas zonas pretas e nas zonas rurais não tem esta qualidade de educação.
Apesar das leis nacionais prometerem a educação grátis, as escolas continuam a exigir propinas dos pais dos pobres. A África do Sul, o gigante económico da região, corre o risco de ser o único país da África Austral a não atinjir O Objetivo do Milénio de melhorar o acesso a educação primária pelo ano 2015.
As cifras do Banco Mundial mostram que as taxas da matriculação na escola primária cairam de 92 porcento em 1988 á 89 porcento em 2004. O governo rapidamente introduziu um sistema de ‘não pagar propinas’ para assegurar o acesso a educação para os mais pobres na população. Isto levou a algum aumento nas taxas de matriculação.
''É realmente possível atinjir o objetivo da educação primária universal pelo ano 2015,'' disse o David Archer, o responsável para a educação na organização internacional não governamental ActionAid. ''Más exige uma mudança significante na eficácia, a melhor gestão e uso do financiamento.''
Este aumento nos números não foi acampanhado por um melhoramento na qualidade de educação. O Instituto Sul Africano não governamental para a Justiça e a Reconciliação (IJR) concluiu num estudo recente que 80 porcento das escolas oferecem a educação ''de uma qualidade tão pobre que constituem um obstáculo significante ao desenvolvimento sócio-económico''.
Os expertos culpam uma variedade de fatores para os niveis pobres de educação. A violência incluindo o estupro predomina em muitas escolas. A pobreza extrema e o VIH/SIDA têm agravados as dificuldades nas escolas. O VIH/SIDA toca aos alunos assim como aos professores num país com 5.5 milhões de pessoas seropositivas numa população de 48 milhões.
Entretanto muitos professores como a Themba estão a deixar esta profissão por causa dos niveis altos de tensão e dos salários baixos. Segundo a IJR, não há novatos suficientes a encher a lacuna cada vez maior deixado pelos que deixam a profissao. Algumas pessoas dizem que o estado mau da educação não é uma questão de dinheiro. A África do Sul gasta a cerca de seis porcento do seu PNB para a educação, uma cifra igual ao dos países ricos.
O Jonathan Jansen, o deão de educação na Universidade de Pretoria, louva o Congresso Nacional Africano que dobrou o seu orçamento para a educação desde 1994. Más também criticou a continuação de “dois sistemas de educação”.
''As escolas pretas têm grandes problemas e há pouca coisa na política e na planificação que suggere qualquer interrupção do padrao dos dois sistemas de educação,'' escreveu ele recentemente num jornal sul africano.
Algumas pessoas dizem que se trata de um problema de má gestão, enquanto que outras acusam os professores de não saber o programa básico de estudos usado nas escolas, e de faltarem a motivação para com o trobalho deles.
O Sindicato Sul Africano Democrático dos Professores (SADTU) diz que é injusto criticar os professores que estão sobrecarregados de trabalho e que recebem pouco apoio na implementação do programa de estudos que está sempre mudando. Os professores também se sentem enterrados por debaixo de uma montanha de papeis.
''Precisamos de melhor formação e as autoridades da educação devem começar a incentivar nos,'' disse o Jon Lewis, o portavoz de SADTU.
A Naledi Pandor o Ministro de Educação deplorou que a falta atual de habilidades pode tocar a produtividade futura da mão-de-obra e desviar a África do Sul do caminho da prosperidade.
Como resposta, ela declarou que as instituições que não desempenham bem o papel delas serão fechadas. Numa tentativa a abordar a questão de segurança, o governo dará as escolas estatais mais instrumentos a lutar contra o crime, incluindo as máquinas fotográficas e outros instrumentos de segurança.
Os alunos e os professores também estão fartos das condições pobres. ''Eu posso sim dizer agora que vou a escola, más talvez teremos três professores para seis aulas," disse a Nokulunga, 20, uma mãe (único pais) que vai a uma escola segundária em Orange Farm perto de Johannesburgo.
''Se quer brincar na escola pode. Se quer apreender é a ti como aluno,'' disse a Nokulunga, que não quis dar o seu nome de família.
O Mbongeni Tito disse que tirou o seu filho de 14 anos da escola para trabalhar na quinta familial para o proteger da má influência dos pares dele, e da tentação de usar a droga. ''Eu cheguei ao ponto de decidir que é melhor para ele estar em casa de que na escola,'' disse o Tito. (END/2007)


Sarah McGregor
 Indicado para o 2°ano do Normal Médio do ISEPAM

Marcha em Soweto lembra o massacre

Milhares de pessoas saíram ontem às ruas na África do Sul para assinalarem o 34º aniversário do massacre contra estudantes em Soweto perpetrado por forças militares do regime do apartheid.
Em 1976, cerca de 10 mil estudantes negros protestavam contra o ensino obrigatório do afrikaans, a língua dos governantes do apartheid, em escolas de negros no país.
A manifestação era pacífica mas as forças da ordem responderam com violência, matando dezenas de estudantes, incluindo Hector Peterson, de 13 anos, que virou mártir por ser barbaramente assassinado. A sua foto, já depois de morto, percorreu o mundo.
Na manhã de ontem milhares de pessoas concentraram-se em Soweto, na rua onde aconteceu o massacre, e cantaram músicas da resistência negra. Na rua está erguido um memorial, inaugurado por Nelson Mandela em 1992, quando era Presidente da África do Sul. O local tornou-se um dos pontos turísticos mais visitados de Joanesburgo.
“Hoje depois de conseguirmos a liberdade, estamos orgulhosos do nosso feito. Foram movimentos como este que mudaram a história da África do Sul”, disse um activista que participou na célebre manifestação de protesto, Hector Peterson. “Antes estávamos banidos pela FIFA e hoje estamos a albergar o Campeonato do Mundo de Futebol”, sublinhou o activista sul-africano.
História do Massacre
Marcha pelo ensino mobiliza sociedade angolana

Estudantes, professores, sindicalistas ligados ao sector da Educação, representantes da UNESCO (Organismo das Nações Unidas para Educação e Cultura), participaram ontem numa marcha em prol da universalização do acesso ao Ensino.
Iniciativa da Rede da Sociedade Civil de Angola para a Educação para Todos até 2015, uma parceria do Ministério da Educação e a UNESCO, a marcha contou com a participação do ministro Pinda Simão, que se associou aos apelos para o aumento e diversificação dos financiamentos para Educação.
No trajecto entre o largo ex-José Pirão e o largo António Jacinto, junto à Biblioteca Nacional, foram ouvidas palavras de ordem como “um golo pela educação”, apelando para a necessidade de se conjugar esforços no sentido de dar corpo ao princípio da universalidade do ensino, enquanto objectivo do milénio. Os manifestantes apelavam ao Governo para que o financiamento para a educação chegasse a, pelo menos, 20 por cento do Orçamento Geral do Estado.
“Tendo em conta a grande crise que o mundo vive, nós estamos a fazer um apelo para que a crise financeira não prejudique os esforços que devem ser feitos pela educação, pois trata de um direito humano fundamental e é a chave para um desenvolvimento sustentável do mundo inteiro”, disse ao Jornal de Angola Victor Barbosa, coordenador da Rede da Sociedade Civil de Angola para a Educação para Todos.
“Nós defendemos que haja um orçamento dos governos de cerca de vinte por cento para a Educação, é uma meta que uns consideram ambiciosa e outros consideram alcançável, nós pretendemos que haja dentro da semana de Acção Global uma aula magna sobre o orçamento de Estado para a Educação em Angola, precisamos de conhecer em que é elaborado o orçamento, quais são as fontes que terminam as diferentes rubricas e como é gerido este dinheiro”, disse Victor Barbosa.
O coordenador da ONG nacional acrescentou que muitos professores fazem longas caminhadas para receberem os seus salários e acabam por prejudicar as aulas e que foi feito um grande esforço por parte do Governo de Angola, nos últimos anos, para a Educação – muitas escolas novas e mais professores, “contudo é necessário que o orçamento também esteja dirigido às actividades pedagógicas, para manutenção e funcionamento das infra-estruturas, para que haja mais investigação, pesquisa e para que se estimule os professores”.
No fim da marcha foi lida a mensagem da Directora Geral da UNESCO, Irina Bokova, em alusão à semana internacional da Educação, na qual sublinha que apesar de nos últimos anos muitos países terem aumentado os seus orçamentos na área da educação, é preciso um acréscimo no valor global na ordem de 16 milhões de dólares para garantir educação básica para todas as crianças, jovens e adultos até 2015 no mundo.
“Temos também de garantir que o financiamento para a educação atinja os grupos mais vulneráveis da sociedade. Muitas crianças, jovens e adultos vêem negada uma educação de qualidade, devido a factores como a pobreza, género, etnia, língua, localização ou deficiência”, realça a mensagem lida na ocasião pelo representante da Comissão Nacional da UNESCO, Alberto Zau.

Fonte: Jornal de Angola on line
Indicado para o 3°ano do Normal Médio - 1301/1302

O apartheid educacional

Para Claude Carpentier, especialista francês em educação e diversidade, discurso humanista em voga na Unesco mascara um ideário que só faz aumentar o fosso entre ricos e pobres. Envolvido com as questões do ensino pós-apartheid na África do Sul há mais de 12 anos, Claude Carpentier, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Picardie Jules Verne, na França, acredita que o ideário neoliberal, cada vez mais presente nas políticas educacionais, cria atualmente um senso de justiça peculiar no que diz respeito às questões sociais. "Garante-se o mínimo e não se igualam as condições", resume o autor de, entre outros, A escola na África do Sul - Entre os fantasmas do apartheid e as limitações para avançar, não publicado no Brasil. Em visita a São Paulo, para uma série de eventos, entre eles a Roda de Conversa da ONG Ação Educativa, Carpentier conversou com a subeditora Beatriz Rey, e concedeu a entrevista a seguir.

O senhor desenvolveu um programa de cooperação científica na África do Sul sobre o sistema escolar e as heranças do apartheid. O que foi, na prática, essa experiência?

A primeira vez que fui à África do Sul foi em 1996. Desde então, fui a quatro ou cinco missões científicas lá. Em 1997, estudei as mudanças nos conteúdos escolares para o ensino de história depois do apartheid. Retornei em 2002 para participar de um colóquio franco-sul africano, quando fiz uma palestra. No ano passado, iniciei uma parceria com Michael Cross, da Universidade de Witwatersrand, de Johannesburgo, para pesquisar a trajetória dos estudantes negros das camadas desfavorecidas que ingressavam pela primeira vez numa universidade. Isso porque, obviamente, desde o fim do apartheid, todos podem ingressar nas mesmas universidades. Na prática, esse programa de cooperação científica envolvia intercâmbio com universidades: pesquisadores iam da África do Sul para a França e vice-versa.

Como está o quadro da educação na África do Sul?

Costumo usar a metáfora do copo metade vazio e metade cheio para falar da educação lá. Depois do apartheid, que acabou em 1991, o principal objetivo dos líderes de governo era acabar com as desigualdades e as seqüelas que restaram no sistema educacional. Muitas medidas foram tomadas para resolver a questão do financiamento das escolas. Por exemplo, o Estado passou a bancar recursos suplementares para as escolas mais desfavorecidas, mas, em contrapartida, as famílias têm de pagar uma espécie de mensalidade para as escolas.
Mas não são escolas públicas?

Na realidade, na África do Sul o ensino público não é verdadeiramente público. As mensalidades são um jeito de selecionar quem entra na escola. O financiamento provém de duas frentes: das famílias e do governo. As famílias pagam mensalidades, cujo valor varia de acordo com o que o conselho de administração do próprio estabelecimento determina. Nas escolas que recebem um público socialmente favorecido, a mensalidade é mais elevada. A parte do financiamento que é pública acontece por compensação: as escolas mais pobres recebem mais dinheiro, já que os pais não podem arcar com as altas mensalidades. Mas, na realidade, não há compensação verdadeira, pois as mensalidades pagas nas escolas ricas são bem mais consideráveis que a diferença do subsídio público entre as escolas ricas e as pobres. Em 1994, as escolas sul-africanas foram divididas em cinco grupos, que variam de acordo com o grau de pobreza. O Q1, por exemplo, representa os 20% de escolas mais pobres, e o Q5, as 20% mais ricas. Depois de 2007, entretanto, as escolas mais pobres (Q1 e Q2) foram dispensadas das mensalidades. O poder público estipulou uma determinada soma para a escolarização de uma criança e assegurou o pagamento desse valor integral (550 rands, a moeda local). As escolas que continuam nas fatias Q3, Q4 e Q5 continuam cobrando as mensalidades.
Como se caracteriza o ensino privado na África do Sul?

Tradicionalmente, o ensino privado não é desenvolvido ali. Proporcionalmente, não é como no Brasil. Representa cerca de 10% do sistema educacional sul-africano. As famílias mais favorecidas estudam nas escolas para as quais elas pagam mensalidade. É um meio de ficar longe da população pobre e negra. Hoje, não há mais discriminação racial, mas há um processo de diferenciação social muito forte. A África do Sul se tornou um país como os outros no que diz respeito à educação: assegura-se o mínimo de acesso e freqüência. Ouvi a campanha eleitoral de um político do Estado da Bahia, que assegurava um objetivo: cada criança devia saber ler e escrever. Assegurar esse mínimo não leva os alunos ao ensino superior. É um mínimo que não resolve a questão da diferença social.
O senhor considera que o Nordeste brasileiro vive uma condição parecida com a da África do Sul?

Não conheço a realidade do Nordeste tão bem quanto conheço a da África do Sul. Constatei diferenças significativas entre a Bahia, que conheço mais, e o sul do país, no que diz respeito ao acesso, desempenho escolar e freqüência. Considero que isso acontece devido aos diferentes tipos de colonização. E isso não é tão diferente do que a África do Sul vive hoje. Ela também é resultado de diferentes colonizações e povoamentos, e isso se reflete nas estatísticas escolares e revela realidades bem diferentes de uma população para outra.
De todos os países, qual o senhor considera que tem o sistema educacional que funciona melhor, no que diz respeito à qualidade?

É uma pergunta bem difícil. Há indicadores que mostram que os sistemas educacionais do norte da Europa, em países como a Dinamarca, a Noruega e a Suécia, são os menos desiguais e os que provocam menos desigualdades. Mas tudo é relativo. Em geral, os sistemas que obrigam o aluno a optar por uma carreira o mais tarde possível, seja no ensino técnico ou no ingresso em uma universidade, são os que provocam mais igualdade. É o que apontam algumas pesquisas.
Qual o melhor caminho para o ensino médio: o ensino técnico ou a preparação para a universidade?

Na França, o aluno pode optar pelo ensino técnico com 12 ou 13 anos, e depois deixar a escola com 15. O que acontece é que eles competem, no mercado de trabalho, com outros estudantes que fazem o ensino médio até os 18 anos, e depois ingressam no ensino superior. Os alunos que fizeram a opção muito cedo pela profissão estão num nível totalmente desfavorável em relação aos outros que são mais qualificados. Acredito que, se a perspectiva maior é a formação dos alunos e a sua garantia no mercado de trabalho, o melhor caminho é levar todos até o mesmo ponto e depois deixá-los escolher entre o ensino técnico e a universidade.

E o currículo escolar? Qual margem deve haver para a ação dos docentes?

Quanto mais você descentraliza os conteúdos, mais abre portas para desigualdades. Porque nas escolas pobres o conteúdo oferecido será sempre mais fraco, quando comparado com as escolas mais ricas, que terão dinheiro para investir em formação de professores, por exemplo. Acredito que um país deve ter um certo nível de exigência nacional. A França tem uma tradição forte de compromisso do poder público para assegurar que toda a população tenha uma formação igualitária, do ponto de vista do conteúdo. O que está acontecendo ultimamente é que o sistema educacional está sofrendo pressão por algumas formas de neoliberalismo, para que esses conteúdos sejam fragmentados. O objetivo é a criação de pólos de excelência em alguns lugares.

Sobre a incorporação dos conteúdos afro-brasileiros no currículo escolar, o que isso significa para o sistema educacional brasileiro?

A introdução desses conteúdos num país como o Brasil é simplesmente indispensável e evidente. Mas é importante que sejam vistos como parte de uma história comum do Brasil, não apenas dos afro-descendentes ou dos indígenas. É uma questão de identidade. Não é só interesse de uns ou de outros, mas dos brasileiros vistos como um país. A história do Brasil é essa. Todos os brasileiros são contemplados com esses conteúdos.

Como o senhor enxerga a questão da bonificação de desempenho?

É uma mistificação e uma grande farsa. Com essa prática, as escolas acabam criando mecanismos para expelir os alunos ruins. O objetivo é aumentar a média, já que alunos com desempenho ruim não rendem notas altas. São os efeitos perversos dessa política, que cria uma concorrência entre as escolas. Todos os países que aplicaram essa medida passaram por esse processo: concorrência, escolas que expelem alunos ruins, que vão procurar outras escolas, que ao recebê-los têm suas médias reduzidas. Essa política contribui com a guetização da educação. É um processo perigoso. Você acaba criando um sistema educacional com várias velocidades. Se você é diretor de uma escola que caminha nesse processo, vai ter todo interesse em contratar os melhores professores e em abrigar os melhores alunos. Uma política democrática é o contrário disso. Você tem de dar mais dinheiro aos estabelecimentos que são menos favorecidos.
Qual é o papel da escola hoje, no sentido de não criar essas desigualdades?

Normalmente, o papel da escola é compensatório. É o de dar mais aos que têm menos. Isso se você tem como objetivo democratizar o ensino e ter uma sociedade mais igualitária.
Quais as maiores lições dos sistemas de ensino sul-africano e francês?

As lições não variam de um país para outro. A lógica de desenvolvimento das políticas educacionais tende a ser a mesma no âmbito mundial, apesar dos diversos contextos socioeconômicos. O que se expressa nessas políticas são os mesmos movimentos.
A questão da bonificação por desempenho, por exemplo, reflete-se mundialmente e é resultado de uma lógica neoliberal introduzida nos sistemas educacionais. A diferença de um país para outro é a resistência do local ou não. Tenho a impressão de que o Brasil está entrando na mesma lógica. Os partidários dessa política neoliberal divulgam a crença de que essas medidas vão dar resultados positivos em longo prazo e que vão reduzir as desigualdades. A lógica é a do progresso. Mas o que constatamos nos países em que esse tipo de política foi implantada é que as desigualdades estão aumentando. Se você ler os grandes textos da Unesco e de outras instituições internacionais, perceberá uma retórica de "educação para todos". Uma análise superficial desse discurso mostra um fosso entre essa retórica humanista, mais de esquerda, e as políticas neoliberais em obra. A Revolução Francesa pregava igualdade para todos. Hoje, prega-se o mínimo para todos. O que se lê nas instituições internacionais é uma filosofia de assegurar o mínimo às bases em educação, saúde e nas questões sociais em geral. É o que acontece com o Bolsa-Família, programa do governo federal brasileiro. A mentalidade é: os ricos não podem ser impedidos de viver em mansões com piscinas, desde que os pobres tenham uma refeição por dia e não morram de fome.
Que sociedade estamos construindo com esse princípio de justiça que garante o mínimo e não iguala as condições?Quais são os principais desafios da educação brasileira?

De maneira geral, para melhorar a educação, precisamos lutar contra a pobreza, que é fonte da desigualdade. É por conta da pobreza que as crianças têm de sair da escola para trabalhar e sustentar suas famílias. Dei uma volta pelo bairro de Higienópolis, em São Paulo, e vi crianças nas ruas. É claro que a maioria das crianças brasileiras não tem as mesmas condições de vida, não freqüenta as mesmas escolas e não tem as mesmas possibilidades que essas.


FONTE: REVISTA EDUCAÇÃO EDIÇÃO 140 - Indicado para o 4°ano do Normal Médio - 1401/1402

segunda-feira, 5 de julho de 2010

QUILOMBOS: RESISTÊNCIA ONTEM E HOJE. V

Diretor da Palmares visita quilombolas atingidos pela chuva

O Diretor da Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, Maurício Reis e o representante da Fundação em Alagoas, Severino Cláudio Leite, conhecido como Mestre Cláudio, estão na comunidade quilombola de Muquém, em União dos Palmares (AL) para prestar ajuda as vitimas da enchente. As águas das chuvas que inundaram a cidade desabrigaram 86 famílias que estão alojadas na escola da comunidade, no posto de saúde e no que está em construção.

Segundo Maurício Reis, que é Diretor de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação, está chegando à comunidade água potável, colchões e cestas básicas disponibilizadas pela Secretária da Mulher, Direitos Humanos e Cidadania do Estado. Além dele e de Mestre Cláudio acompanham a visita, o representante da Secretária da Mulher, Direitos Humanos e Cidadania, Amaurício de Jesus, o representante da Secretária de Agricultura do Estado, Marcelo Maiola e o Coordenador Estadual das Comunidades Quilombolas, José Patrício. "Estamos levantando quais as principais demandas e qual a melhor forma de ajudar", diz Maurício.

"O que a gente mais precisa agora é reconstruir nossas casas", relata a líder da comunidade de Muquém, Albertina Nunes, uma das desabrigadas. Segundo ela, agora que água já baixou, algumas pessoas já estão saindo dos abrigos para tentar reconstruir suas casas e suas vidas. "É muita gente nos abrigos e estamos precisando de material de limpeza, de higiene e velas, pois estamos sem energia elétrica".
A comunidade tem mais de 200 anos e recebeu a certificação da Fundação Cultural Palmares em 2004. Com 140 famílias, cerca de 500 pessoas, entre elas aproximadamente de 112 crianças até 12 anos, a comunidade é dividida em três regiões Muquém de Cima, Moreno e Muquém da Beira do Rio, a área mais atingida pela água. Os quilombolas vivem da produção de cerâmica e da colheita de cana-de-açúcar das usinas locais.

INDICADO PARA O 1° ANO DO IDB

QUILOMBOS: RESISTÊNCIA ONTEM E HOJE. IV

120 anos do fim da escravidão no Brasil: a abolição incompleta


(13/05/2008 - 09:18)
Em 13 de maio de 1888 foi assinada a lei que terminou com o trabalho escravo no Brasil. Mas por que a abolição foi incompleta? Porque paralelamente à abolição não foram adotadas medidas voltadas para promover a melhoria das condições de vida e integração ao novo sistema de trabalho daqueles que tinham sido as mãos e pés do Brasil. Durante todo o período colonial e nos primeiros anos da jovem nação, homens e mulheres foram transportados do continente africano em navios negreiros, em péssimas condições, para trabalhar em todo tipo de atividade produtiva, tendo sido fundamentais na produção da riqueza nacional.
A escravidão funcionava com a exploração intensa da mão-de-obra. Noções comuns hoje em dia como salário, capacitação profissional, investimento em formação dos trabalhadores eram desconhecidas na escravidão.
Quando a escravidão foi extinta, não foi feita a reforma agrária que garantisse o acesso à terra para o conjunto da população. Até hoje o Brasil é um dos países com um dos maiores índices de concentração da propriedade rural. O Estado brasileiro não garantiu a oferta de educação pública a todos. Apenas recentemente alcançamos a situação de estender o ingresso na escola de todas as nossas crianças. Por isso, as comunidades afro-descendentes acumularam dificuldades e sofrem, em sua maioria, com condições de vida marcadas por extrema pobreza e exclusão social.
Para combater tal situação é necessário implementar políticas públicas de promoção da igualdade racial. O Governo do Presidente Lula deu importantes passos nessa direção ao implantar o Programa Brasil Quilombola, voltado para dotar comunidades remanescentes de quilombos de infra-estrutura para seu desenvolvimento sustentável; o ProUni, que democratiza o acesso ao ensino superior: o Pronasci, que procura integrar ações de segurança pública com cidadania para sanar um problema que atinge nossas comunidades, particularmente nossos jovens nas periferias dos grandes centros urbanos; as ações de saneamento e urbanização de favelas do PAC, que melhorarão as condições de habitação das nossas comunidades. Também criou a SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) com a missão de liderar esforços para implantação de políticas públicas voltadas para a igualdade.
Na Câmara dos Deputados participo da Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial, e também da Comissão Especial que analisa o Estatuto da Igualdade Racial. Em conjunto com a sociedade civil organizada estamos lutando para a aprovação dessa importante legislação. Assim, estaremos efetivamente construindo a igualdade de oportunidades para todos os homens e mulheres desse país.

Janete Rocha Pietá - Deputada Federal PT-SP

QUILOMBOS: RESISTÊNCIA ONTEM E HOJE. III

FORTALECENDO OS QUILOMBOS

A união de comunidades e associações quilombolas em Pernambuco vem ampliando o panorama dessa população. Entidades ligadas à causa também dão sua contribuição
A força de um grupo está no seu poder de organização e, em Pernambuco, essa capacidade está presente nas comunidades quilombolas. A prova disso está em cada associação quilombola e na Comissão Estadual de Comunidades Quilombolas de Pernambuco, que atuam de forma intensa no fortalecimento institucional.
As ações das associações e da comissão estadual consistem em incentivar o auto-reconhecimento de populações rurais negras, buscando agilidade no processo de regularização e titulação das terras, além de propostas de educação diferenciada para os quilombolas.
Para Bartolomeu Florência da Silva, presidente da Associação Quilombola de Serrote do Gado Bravo, comunidade do município de São Bento do Una, a união entre localidades reforça ainda mais a luta por reivindicações. “Nós sempre buscamos unir as necessidades de todas as comunidades em torno do crescimento e bem-estar das populações quilombolas.”
Ele acredita que encontros entre quilombos são fundamentais para a integração das comunidades. “O intercâmbio e a troca de experiência que sempre acontecem nas reuniões estaduais são muito importantes”, completa.
Já para Pedro Fernando dos Santos, 32 anos, liderança da comunidade de Santana, no município de Salgueiro, a discussão entre os quilombolas de várias regiões traz um novo panorama da realidade. “É sempre muito proveitosa a participação de representantes de várias associações durante os encontros da comissão estadual. Assim, nós podemos conhecer como vivem nossos irmãos quilombolas nas comunidades”, conta ele.
Uma importante colaboração, segundo Givânia Silva, liderança de Conceição das Crioulas, também em Salgueiro, é de entidades governamentais e não-governamentais. Para ela, a ampliação dos parceiros faz com que mais pessoas conheçam e entendam os anseios da população quilombola. “Uma das nossas principais frentes de ação é fazer a sociedade compreender os direitos do povo quilombola”, declara.
De acordo com a socióloga do Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF) Delma Silva, a organização dos quilombos vem ganhando força nos últimos anos. “Temos experiências positivas nos estados do Ceará e na Paraíba, além do exemplo de Pernambuco.” Segundo ela, os quilombolas têm uma característica muito particular. “São comunidades com uma capacidade de resistir diante das dificuldades. E isso ajuda no processo de organização.”

QUILOMBOS: RESISTÊNCIA ONTEM E HOJE. II

A INVASÃO DA HERANÇA QUILOMBOLA

RIO - Na língua portuguesa, a palavra quilombo está definitivamente associada à causa racial, designando os redutos constituídos no Brasil colonial pelos negros fugidos da escravidão. Para alguns países de língua espanhola, porém, o termo ganha outras definições. Na Argentina, que não recebeu mão-de-obra africana em profusão como o Brasil, usa-se "quilombero" para falar de uma pessoa baderneira e quilombo como sinônimo de... prostíbulo. É provável que esses países se surpreendam com a exposição fotográfica Quilombolas, tradições e cultura da resistência, que, depois de fazer sucesso nas principais cidades brasileiras, começa agora a exibir pelas Américas a realidade de 10 comunidades afro-brasileiras remanescentes dos quilombos. Passa, com patrocínio da Petrobras, por países como Equador, Venezuela, México, Uruguai e Bolívia, entre outros.
A mostra, que já tem agendadas mais 10 etapas no Brasil em 2009, traz 40 imagens em negativo convencional preto-e-branco do fotógrafo André Cypriano. O artista percorreu 10 estados brasileiros, em busca dos mais remotos quilombares, querendo preservar a sua memória.
- Cada país da América tem uma relação diferente com a escravidão e com as questões raciais - avalia Cypriano. - A exposição vai poder quebrar a ligação pejorativa que alguns países têm com a palavra quilombo. É até engraçado imaginar um cartaz enorme em Buenos Aires, com o nome da mostra... Vão pensar que é uma exposição sobre prostíbulos.
Espaço de resistência
Muitos brasileiros desconhecem a existência de comunidades quilombolas até hoje, acreditando que sua formação foi um acontecimento histórico pontual, que acabou junto com o fim da escravidão. Curadora da exposição, Denise Carvalho acredita que o sucesso de Quilombolas rompeu barreiras em seu próprio país.
- Mesmo no Brasil, a idéia que se tem do quilombo não é sempre exata, e em alguns casos ainda fica limitada a questões folclóricas ou romantizadas - observa Denise. - A exposição serviu para revelar ao público essa realidade, tanto que virou referência no assunto.
As fotos da exposição também aparecem no livro homônimo, lançado em 2006, e que ganha uma nova edição este mês. Quando Cypriano iniciou seu trabalho, em 2005, diversos quilombos haviam sido recentemente descobertos.
Alguns permaneciam quase ou completamente isolados do resto do país. Os mais remotos estão alheios à eletricidade. O Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica da Universidade de Brasília aponta a existência de 2.842 comunidades quilombolas espalhadas por todas as regiões do Brasil.
O ambiente documentado pelo fotógrafo é oposto ao do seu trabalho seguinte, Rocinha, de 2008, que mostra o cotidiano da famosa comunidade carioca. Enquanto a favela se impõe como um espaço antropofágico, no qual múltiplas culturas convivem de forma caótica, o quilombo se apresenta como um lugar de resistência. Tradições seculares resistem às mudanças, trazendo à luz riquezas desconhecidas da ancestralidade africana.
- Diferentemente de um lugar informal como a Rocinha, as comunidades que visitei trazem a marca da resistência - compara Cypriano. - Resistência ao tempo, aos fazendeiros, ao governo... Cada quilombo é diferente do outro, uns são mais unidos, outros apresentam mais diferenças entre seus moradores. Por causa da escravidão, temos uma dívida com os afro-descendentes. É preciso que projetos tragam reconhecimento à raiz africana, para tentar manter essa tradição.

Danças nunca divulgadas
Uma das descobertas mais curiosas são os três irmãos de Cafundó, que se comunicam num antigo idioma africano. São os únicos indivíduos do mundo com conhecimento da língua, que nem existe mais no continente.
- Quando preparei o trabalho, já tinha em mente o que queria: retratos e paisagens - lembra o fotógrafo. - Mas o que eu gosto mesmo é o inesperado, as informações novas que vou encontrando no caminho. Meu trabalho sempre acaba no mistério do desconhecido, que considero a dádiva da vida. Nas comunidades, encontrei músicas e danças que nunca foram divulgadas antes.
Ministro das Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos acredita que o projeto dará mais visibilidade às comunidades quilombares.
- É importante que outras sociedades tenham contato com a existência das comunidades e descubram seu valor histórico - ressalta.
Santos alerta para a necessidade de preservar a história e a cultura quilombolas.
- Ao mesmo tempo em que se descobre essas comunidades isoladas, que mantiveram tradições e forma de comunicação próprias, é preciso estar atento para que não sejam aculturadas.
Uma das descobertas mais curiosas são os três irmãos de Cafundó, que se comunicam num antigo idioma africano. São os únicos indivíduos do mundo com conhecimento da língua, que nem existe mais no continente.
- Quando preparei o trabalho, já tinha em mente o que queria: retratos e paisagens - lembra o fotógrafo. - Mas o que eu gosto mesmo é o inesperado, as informações novas que vou encontrando no caminho. Meu trabalho sempre acaba no mistério do desconhecido, que considero a dádiva da vida. Nas comunidades, encontrei músicas e danças que nunca foram divulgadas antes.
Ministro das Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos acredita que o projeto dará mais visibilidade às comunidades quilombares.
- É importante que outras sociedades tenham contato com a existência das comunidades e descubram seu valor histórico - ressalta.
Santos alerta para a necessidade de preservar a história e a cultura quilombolas.
- Ao mesmo tempo em que se descobre essas comunidades isoladas, que mantiveram tradições e forma de comunicação próprias, é preciso estar atento para que não sejam aculturadas.

Bolívar Torres, JB Online

QUILOMBOS: RESISTÊNCIA ONTEM E HOJE.

Quilombo urbano: Cidade Tiradentes

Por Cinthia Gomes*
Parlamento negro Cidade Tiradentes, no extremo da zona leste de São Paulo, é o distrito mais negro do município: cerca de 60% dos 280 mil habitantes são afrodescendentes. “Cidade Tiradentes é um quilombo. Meu trabalho aqui teve muita ajuda de lideranças, moradores que estão na luta para transformar o distrito”, afirma o subprefeito Arthur Xavier. Exercendo o cargo desde 2005, ele é o único subprefeito negro da cidade de São Paulo. Formado em Ciências Contábeis, aposentou- se como gerente de administração financeira da Companhia Energética de São Paulo e então começou a trabalhar mais intensamente na vida política. Filiado ao PSDB, pela identificação com o parlamentarismo, coordenou a campanha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no interior de São Paulo, foi assessor do secretário-chefe da Casa Civil, atuou na Fundação CASA (antiga Febem), além de ter acompanhando a privatização do setor energético. Anteriormente, Arthur Xavier militou em diversos movimentos populares e associações de bairro.
Além da majoritária população negra, outra característica marcante de Cidade Tiradentes é fato de ser um bairro-dormitório: lá está a maior concentração de conjuntos habitacionais da América Latina, são 40 mil unidades habitacionais, construídas na década de 1980 pela (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo) - Cohab -, pela (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) - CDHU - e por grandes empreiteiras. O distrito foi concebido para abrigar a população desalojada de outras regiões em decorrência de obras públicas. Mas, sem o devido planejamento, o resultado foi a criação de um bairro retirado (Cidade Tiradentes, distante 35 km do centro de São Paulo; são duas horas de viagem), sem infra-estrutura básica de serviços, saúde pública e transporte.
DESENVOLVIMENTO

Aos poucos, a situação do distrito e de seus moradores está começando a mudar. O Expresso Tiradentes, um corredor de ônibus que ligará a região ao centro, reduzindo o tempo de viagem para 70 minutos, deve ser concluído no final deste ano. Além disso, foram feitos investimentos públicos e privados nas áreas de saúde, educação e serviços. Mas talvez o grande diferencial da administração do subprefeito Arthur Xavier seja o foco em ações voltadas para a valorização da cultura e da auto-estima da população negra. Ele criou os concursos “Bonequinha do Café” e “Vovó do Café”, que premia mulheres afro-descendentes (pretas e pardas) de 16 a 23 anos e a partir de 60 anos, respectivamente; inaugurou a Praça Carolina Maria de Jesus e criou o Festival de Música Popular Canta Cidade Tiradentes e o Festival de Música Gospel Cidade Tiradentes. “As letras cantadas no Festival de Música me ajudaram muito. No primeiro ano, falavam que não tinha biblioteca, então criei um ponto de leitura; reclamavam que não tinha banco, trouxemos o banco para o distrito, entre outras coisas”, conta o subprefeito que também afirma que tem conseguido realizar todo esse trabalho graças ao apoio do prefeito Gilberto Kassab.
A mais recente conquista de Arthur Xavier para a comunidade é a decretação do Parque Municipal da Consciência Negra, no fim de 2007. O parque está numa área verde de 90 mil metros quadrados, cujo terreno, com acentuadas elevações, lembra o da Serra da Barriga, onde existiu o quilombo de Palmares. Há previsão da construção de um centro cultural, réplicas das habitações palmarinas e de trilhas na mata para caminhadas. “O Parque é uma homenagem ao grande herói Zumbi dos Palmares e à população local, que enfrenta no dia-a-dia uma luta grande. Todo esse trabalho de visibilidade da população negra e de melhorias em geral mudou a cara de Cidade Tirardentes. Conseguimos, também, reduzir a violência”, afirma Xavier.
"O Parque Municipal da Consciência Negra
é a mais recente conquista de Arthur Xavier
para a comunidade. Uma homenagem ao grande
herói Zumbi dos Palmares e à população de Cidade Tiradentes”
E o subprefeito não pára por aí: agora em fevereiro ele vai à França para firmar parceria para a construção de um centro cultural, com biblioteca, teatro, cinema, na área mais vulnerável do distrito, que compreende as regiões do Barro Branco, Vila Yolanda e Jardim Vitória. Em comum com um quilombo, além da população negra e guerreira, Cidade Tiradentes, cada vez mais, prima por viver com dignidade.


INDICADO PARA O 1° ANO DO IDB

DROGAS: PREVENÇÃO OU RECUPERAÇÃO? I

Folha-base
Drogas: prevenção ou recuperação ?

Depoimento 1:
Tinha apenas 7 anos quando experimentou pela primeira vez, uma dose de cocaína. Motivado pela curiosidade, declara. “Usei, porque queria saber como era. Meu irmão, por parte de mãe era usuário da droga. Mesmo assim conseguia levar a vida dele, normalmente, lá em Porto Alegre. Trabalhava e freqüentemente nos visitava em Rosário do Sul. Ele não deixava eu usar drogas quando estava por perto, mas quando ele saia, eu pegava escondido”.

Utilizando a folha-base, o grupo vai assumir a personalidade do anônimo depoente como se fosse ele. Este personagem vai ganhando vida a proporção que o grupo vai desenvolvendo as atividades propostas, ou seja, fornecendo dados necessários para a sua recuperação.

Atividade 1: Cartilha Mudando Comportamentos – Secretária Nacional de Política sobre Drogas

Como vocês imaginam a face desta pessoa? Desenhe o seu retrato ou descreva-a em palavras. (Folha Modelo)

Afinal, qual é o problema?
Para iniciar, descreva aquilo que você está pensando em mudar no seu comportamento relacionado ao uso de álcool, tabaco ou outras drogas: o que, quanto e quando mudar? Preencha as lacunas:

Eu venho usando _____________________ há __________meses / anos.

Atualmente eu uso:
( ) Todos os dias ou quase
( ) Pelo menos 3 vezes por semana
( ) Todo fim de semana
( ) Uma vez por semana
( ) Outro: __________________________
(escreva aqui a frequência, caso as alternativas acima não sirvam)

A quantidade que eu uso normalmente é ____________________________________ (em copos/doses, cigarros, gramas, carreiras, comprimidos, pedras, dependendo do que você usa)

Os problemas que venho enfrentando (ou já enfrentei) por causa desse meu comportamento são: (descreva-os resumidamente)

Saúde:
Relacionamento:
Financeiro:
Policiais e judiciais:
Escola:
Trabalho:

Eu estou querendo:

( ) parar
( ) diminuir a frequência
( ) diminuir a quantidade
( ) ainda não sei bem o que quero.
Outro: _________________________________

Data:_____/_____/_____
Atividade 2: Prós e contras. Cartilha Mudando Comportamentos – Secretária Nacional de Política sobre Drogas

DROGAS: PREVENÇÃO OU RECUPERAÇÃO? VI

Folha-base Drogas: prevenção ou recuperação ?

Depoimento 6:
"Meu sonho sempre foi trabalhar na empresa do meu pai, uma metalúrgica no interior de São Paulo que ele fundou há quarenta anos. Mas, quando cursava a faculdade de administração, comecei a cheirar muita cocaína. Ao conhecer o crack, foi amor à primeira vista. Quando minha família começou a controlar meu dinheiro, evitando que eu comprasse mais cocaína, decidi partir para o crack. No início, tinha medo de ficar como os mendigos que aparecem na televisão. Misturava crack com maconha pensando que assim o cigarro ficaria mais fraco. Um mês depois, já estava na droga pura. Como meu pai tinha crédito na cidade e todos me conheciam, conseguia dinheiro com facilidade. Quando perdi o crédito, me bateu um desespero e aceitei ser internado. Desde então, venho tentando largar a droga, mas com recaídas. A última foi há seis meses. Independentemente de quantos tombos a droga me deu, preciso me levantar e tentar de novo."

Utilizando a folha- base, o grupo vai assumir a personalidade do anônimo depoente como se fosse ele. Este personagem vai ganhando vida a proporção que o grupo vai desenvolvendo as atividades propostas, ou seja, fornecendo dados necessários para a sua recuperação.

Atividade 1: Cartilha Mudando Comportamentos – Secretária Nacional de Política sobre Drogas

Como vocês imaginam a face desta pessoa? Desenhe o seu retrato ou descreva-a em palavras.(Folha-modelo)
Afinal, qual é o problema?

Para iniciar, descreva aquilo que você está pensando em mudar no seu comportamento relacionado ao uso de álcool, tabaco ou outras drogas: o que, quanto e quando mudar? Preencha as lacunas:

Eu venho usando _____________________ há __________meses / anos.

Atualmente eu uso:
( ) Todos os dias ou quase
( ) Pelo menos 3 vezes por semana
( ) Todo fim de semana
( ) Uma vez por semana
( ) Outro: __________________________
(escreva aqui a frequência, caso as alternativas acima não sirvam)

A quantidade que eu uso normalmente é ____________________________________ (em copos/doses, cigarros, gramas, carreiras, comprimidos, pedras, dependendo do que você usa)

Os problemas que venho enfrentando (ou já enfrentei) por causa desse meu comportamento são: (descreva-os resumidamente)

Saúde:
Relacionamento:
Financeiro:
Policiais e judiciais:
Escola:
Trabalho:

Eu estou querendo:

( ) parar
( ) diminuir a frequência
( ) diminuir a quantidade
( ) ainda não sei bem o que quero.
Outro: _________________________________

Data:_____/_____/_____

DROGAS: PREVENÇÃO OU RECUPERAÇÃO? V

Folha-base: Drogas: prevenção ou recuperação ?

Depoimento 5:
"Ainda hoje tenho pesadelos nos quais estou fumando crack. Acordo assustado e com raiva de mim mesmo. Não quero passar por aquilo de novo. Na fase pior, gastava todo o meu salário com a droga. Eu, que sempre ganhei tudo do bom e do melhor de meus pais, cheguei a roubar as coisas de casa para fumar crack. Vendi até Tupperware em troca de pedras. Quando meu pai disse que não me queria mais em casa, decidi pedir ajuda. Fiquei mais de um ano numa clínica de recuperação. Nesse tempo, percebi que o meu maior vício não eram as drogas, e sim pensar só em mim. Para me livrar do crack, tive de virar outra pessoa. Hoje, penso que o meu crescimento pessoal só é relevante se eu ajudar os outros a crescer. Consegui, assim, voltar para a casa dos meus pais, para o meu trabalho e estou namorando firme. Aos poucos, reponho os aparelhos eletrônicos que tirei de casa."

Utilizando a folha- base, o grupo vai assumir a personalidade do anônimo depoente como se fosse ele. Este personagem vai ganhando vida a proporção que o grupo vai desenvolvendo as atividades propostas, ou seja, fornecendo dados necessários para a sua recuperação.

Atividade 1: Cartilha Mudando Comportamentos – Secretária Nacional de Política sobre Drogas

Como vocês imaginam a face desta pessoa? Desenhe o seu retrato ou descreva-a em palavras.(Folha-modelo)

Afinal, qual é o problema?
Para iniciar, descreva aquilo que você está pensando em mudar no seu comportamento relacionado ao uso de álcool, tabaco ou outras drogas: o que, quanto e quando mudar? Preencha as lacunas:

Eu venho usando _____________________ há __________meses / anos.

Atualmente eu uso:
( ) Todos os dias ou quase
( ) Pelo menos 3 vezes por semana
( ) Todo fim de semana
( ) Uma vez por semana
( ) Outro: __________________________
(escreva aqui a frequência, caso as alternativas acima não sirvam)

A quantidade que eu uso normalmente é ____________________________________ (em copos/doses, cigarros, gramas, carreiras, comprimidos, pedras, dependendo do que você usa)

Os problemas que venho enfrentando (ou já enfrentei) por causa desse meu comportamento são: (descreva-os resumidamente)

Saúde:
Relacionamento:
Financeiro:
Policiais e judiciais:
Escola:
Trabalho:

Eu estou querendo:

( ) parar
( ) diminuir a frequência
( ) diminuir a quantidade
( ) ainda não sei bem o que quero.
Outro: _________________________________

Data:_____/_____/_____

DROGAS: PREVENÇÃO OU RECUPERAÇÃO? IV

Folha-Base: Drogas: prevenção ou recuperação ?

Depoimento 4:
"A ficha caiu quando sofri um acidente de carro. Estava virada, sem dormir, fazia quatro dias. Peguei o carro para ir comprar crack, mas não andei nem 100 metros e sofri um apagão. Dormi ao volante. Fiquei cinqüenta dias com os dois braços enfaixados e o rosto cheio de feridas por causa dos estilhaços do vidro. Já havia sido internada algumas vezes, mas sempre soube que voltaria à droga. Fazia meus pais pagar minhas dívidas dizendo que, do contrário, seria morta pelos traficantes. Em troca, eu ficava um tempo na clínica de recuperação. De uma delas, fugi pulando o portão. Com o acidente, percebi que tinha de me livrar daquilo. Agora estudo, luto para recuperar a guarda dos meus filhos e quero montar um grupo de apoio só para mulheres dependentes. Elas precisam perder o medo de procurar ajuda."

Utilizando a folha- base, o grupo vai assumir a personalidade do anônimo depoente como se fosse ele. Este personagem vai ganhando vida a proporção que o grupo vai desenvolvendo as atividades propostas, ou seja, fornecendo dados necessários para a sua recuperação.

Atividade 1: Cartilha Mudando Comportamentos – Secretária Nacional de Política sobre Drogas

Como vocês imaginam a face desta pessoa? Desenhe o seu retrato ou descreva-a em palavras. (Folha-modelo)

Afinal, qual é o problema?
Para iniciar, descreva aquilo que você está pensando em mudar no seu comportamento relacionado ao uso de álcool, tabaco ou outras drogas: o que, quanto e quando mudar? Preencha as lacunas:

Eu venho usando _____________________ há __________meses / anos.

Atualmente eu uso:
( ) Todos os dias ou quase
( ) Pelo menos 3 vezes por semana
( ) Todo fim de semana
( ) Uma vez por semana
( ) Outro: __________________________
(escreva aqui a frequência, caso as alternativas acima não sirvam)

A quantidade que eu uso normalmente é ____________________________________ (em copos/doses, cigarros, gramas, carreiras, comprimidos, pedras, dependendo do que você usa)

Os problemas que venho enfrentando (ou já enfrentei) por causa desse meu comportamento são: (descreva-os resumidamente)

Saúde:
Relacionamento:
Financeiro:
Policiais e judiciais:
Escola:
Trabalho:

Eu estou querendo:

( ) parar
( ) diminuir a frequência
( ) diminuir a quantidade
( ) ainda não sei bem o que quero.
Outro: _________________________________

Data:_____/_____/_____

DROGAS: PREVENÇÃO OU RECUPERAÇÃO? III

Folha-base: Drogas: prevenção ou recuperação?

Depoimento 3:
Inconcientemente aos 16 anos entrei no mundo das drogas. Primeiro experimentei maconha e achei um barato. Embalado pela fumaça passei a cheirar cocaína, tomar L.S.D o barato era maior ainda. Meus pais se afastaram de mim. Perdi o emprego. Perdi minha dignidade. Hoje conscientemente aos 25 anos, chego ao fundo do poço. Com uma certeza, que aquele barato me custou muito caro.
Utilizando a folha-base, o grupo vai assumir a personalidade do anônimo depoente como se fosse ele. Este personagem vai ganhando vida a proporção que o grupo vai desenvolvendo as atividades propostas, ou seja, fornecendo dados necessários para a sua recuperação.

Atividade 1: Cartilha Mudando Comportamentos – Secretária Nacional de Política sobre Drogas

Como vocês imaginam a face desta pessoa? Desenhe o seu retrato ou descreva-a em palavras.(Folha Modelo)

Afinal, qual é o problema?
Para iniciar, descreva aquilo que você está pensando em mudar no seu comportamento relacionado ao uso de álcool, tabaco ou outras drogas: o que, quanto e quando mudar? Preencha as lacunas:

Eu venho usando _____________________ há __________meses / anos.

Atualmente eu uso:
( ) Todos os dias ou quase
( ) Pelo menos 3 vezes por semana
( ) Todo fim de semana
( ) Uma vez por semana
( ) Outro: __________________________
(escreva aqui a frequência, caso as alternativas acima não sirvam)

A quantidade que eu uso normalmente é ____________________________________ (em copos/doses, cigarros, gramas, carreiras, comprimidos, pedras, dependendo do que você usa)

Os problemas que venho enfrentando (ou já enfrentei) por causa desse meu comportamento são: (descreva-os resumidamente)

Saúde:
Relacionamento:
Financeiro:
Policiais e judiciais:
Escola:
Trabalho:

Eu estou querendo:

( ) parar
( ) diminuir a frequência
( ) diminuir a quantidade
( ) ainda não sei bem o que quero.
Outro: _________________________________

Data:_____/_____/_____

DROGAS: PREVENÇÃO OU RECUPERAÇÃO? II


Folha-base
Drogas: prevenção ou recuperação ?

Depoimento 2:
Ele, filho de pais separados, envolveu-se nas drogas aos 17 anos. “Minha mãe, mesmo debilitada pela hemodiálise freqüente a que se submetia, trabalhava como padeira para nos trazer o sustento, enquanto eu, o único homem da casa cuidava das minhas 3 irmãs”. As más companhias lhe introduziram, por curiosidade, ao submundo. Inicialmente, usuário de cigarro, álcool, maconha, posteriormente cocaína e crack, diz que levou apenas 5 meses para se tornar um viciado. O trabalho que sua mãe conseguira à ele, com esforço, como auxiliar de padeiro, por duas vezes fora sacrificado devido a dependência química. Demitido por justa causa vende suas próprias roupas, tênis, e outros utensílios para adquirir a droga. Entra no mundo do crime, faz roubos e assaltos e assim passa a conseguir o dinheiro que necessita. Como se não bastasse rouba até o próprio rancho do mês. Sua mãe, desesperada pede ajuda aos primos e amarra Eduardo com uma corrente, por três dias à mesa da cozinha e sai a procura de ajuda.


Utilizando a folha- base, o grupo vai assumir a personalidade do anônimo depoente como se fosse ele. Este personagem vai ganhando vida a proporção que o grupo vai desenvolvendo as atividades propostas, ou seja, fornecendo dados necessários para a sua recuperação.

Atividade 1: Cartilha Mudando Comportamentos – Secretária Nacional de Política sobre Drogas

Como vocês imaginam a face desta pessoa? Desenhe o seu retrato ou descreva-a em palavras.(Folha Modelo)
Afinal, qual é o problema?
Para iniciar, descreva aquilo que você está pensando em mudar no seu comportamento relacionado ao uso de álcool, tabaco ou outras drogas: o que, quanto e quando mudar? Preencha as lacunas:

Eu venho usando _____________________ há __________meses / anos.

Atualmente eu uso:
( ) Todos os dias ou quase
( ) Pelo menos 3 vezes por semana
( ) Todo fim de semana
( ) Uma vez por semana
( ) Outro: __________________________
(escreva aqui a frequência, caso as alternativas acima não sirvam)

A quantidade que eu uso normalmente é ____________________________________ (em copos/doses, cigarros, gramas, carreiras, comprimidos, pedras, dependendo do que você usa)
Os problemas que venho enfrentando (ou já enfrentei) por causa desse meu comportamento são: (descreva-os resumidamente)

Saúde:
Relacionamento:
Financeiro:
Policiais e judiciais:
Escola:
Trabalho:

Eu estou querendo:

( ) parar
( ) diminuir a frequência
( ) diminuir a quantidade
( ) ainda não sei bem o que quero.
Outro: _________________________________

Data:_____/_____/_____